Dois túneis de desinfecção desenvolvidos pelo Senai-Cimatec serão instalados nos hospitais Costa do Cacau, em Ilhéus, e Calixto Midlej Filho, em Itabuna, ambos voltados exclusivamente para o atendimento de pacientes da Covid-19. Os equipamentos, projetados para ofertar mais segurança para os profissionais de saúde das unidades hospitalares, saíram na manhã desta sexta-feira (01) de Salvador e serão instalados a partir deste sábado (02).
Os túneis possuem formato de um corredor de 2,5 metros, pelo qual o profissional de saúde passa ao final do seu expediente, antes da retirada do Equipamento de Proteção Individual (EPI), para desinfecção. Cada equipamento possui estrutura de alumínio, com tubulação de PVC, uma bomba de alta pressão e bicos aspersores que fazem o processo de nebulização de uma solução de hipoclorito.
“Este é um equipamento inovador que vai garantir mais segurança para os profissionais de saúde que estão na ponta, prestando atendimento às pessoas com sintomas da Covid-19. A gente sabe que o Coronavírus tem infectado profissionais no mundo inteiro e é muito importante proporcionar esta segurança no ambiente hospitalar. Três destes túneis estão funcionando em Salvador, no Hospital Espanhol, Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce, e Instituto Couto Maia, em Salvador. Outras unidades de saúde também receberão túneis de desinfecção”, destaca o secretário estadual do planejamento, Walter Pinheiro.
O equipamento foi desenvolvido sob a supervisão do infectologista Roberto Badaró, pesquisador chefe do Instituto de Tecnologia da Saúde do Senai Cimatec. “A gente sabe que a contaminação do profissional da área da saúde, cerca de 50% ocorre não no contato com o paciente, mas quando ele vai tirar a capa, o gorro, a máscara, ou seja, quando ele vai se desparamentar. Ao passar pelo túnel de desinfecção e receber o spray, o profissional pode retirar estes equipamentos de proteção individual sem risco de contaminação”, explica Badaró.
A Prefeitura de Ilhéus, por meio de uma ação conjunta de diversas secretarias e a Associação da Central de Abastecimento do Malhado (Ascam), realizou na manhã deste 1º de maio o cadastramento dos feirantes como preparação para a reorganização da feira.
A ação, que conta com a coordenação e plano de estudo realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE), é operacionalizada pela Superintendência de Indústria e Comércio para o cadastramento dos feirantes juntamente com a Ascam, o acompanhamento das secretarias de Meio Ambiente, de Serviços Urbanos (Secsurb), de ordem Pública por meio do apoio da Guarda Civil Municipal, da Polícia Militar para a segurança da atividade e da Superintendência de Transporte, Trânsito e Mobilidade (Sutram) para a organização do fluxo de veículos nas vias.
“No último decreto, o prefeito Mário Alexandre determinou a realização desta iniciativa que tem como objetivo a reorganização da feira, com novas barracas, tendo em vista a necessidade de atnder as recomendações de higiene e distanciamento entre as barracas. Os feirantes contarão com a limpeza e desinfecção do local, e receberão novas barracas”, explicou o titular da SDE, Vinícius Briglia.
O Governo do Estado está doando 150 barracas para esta iniciativa, cuja montagem será realizada pela Secsurb, na próxima semana. Uma verdadeira força tarefa que visa a manutenção das atividades dos feirantes neste período de pandemia.
A Bahia registra 3.140 casos confirmados de Covid-19, o que representa 21,3% do total de casos notificados no estado. Considerando o número de 697 pacientes recuperados e 117 óbitos, 2.326 pessoas permanecem monitoradas pela vigilância epidemiológica e com sintomas da Covid-19, o que são chamados de casos ativos.
Os casos confirmados ocorreram em 137 municípios do estado, com maior proporção em Salvador (63,54%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 1.000.000 habitantes são: Ilhéus (1336,81) Uruçuca (1072,18), Itabuna (923,92), Coaraci (765,02) e Salvador (694,55).
O boletim epidemiológico registra 7.931 casos descartados e 14.743 notificações em toda a Bahia. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais.
Taxa de ocupação
Na Bahia, dos 791 leitos disponíveis do Sistema único de Saúde (SUS) exclusivos para Covid-19, 306 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 39%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 318 leitos exclusivos para o coronavírus, 159 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 50%. Cabe ressaltar que novos leitos serão abertos progressivamente mediante o aumento da demanda.
Ilhéus registra o 5º óbito
Nesta sexta (1º), os dados divulgados de Ilhéus são 217 casos positivos, 63 atendimentos realizados hoje, 435 descartados, 65 aguardando resultado do Lacen, 250 casos monitorados, 1162 pessoas liberadas do monitoramento e que apresentaram síndrome gripal, 3332 notificações, 11 pessoas internadas na UTI e 5 óbitos.
116° Óbito da Bahia foi um homem de 49 anos residente em Ilhéus. Apresentou os primeiros sintomas no dia 14 de abril e foi a óbito no dia 30 de abril em um hospital público de Salvador. Não tinha registro de comorbidades.
Para acessar o boletim completo, com a lista de municípios com casos confirmados, clique aqui.
A Polícia Federal anunciou a prisão em flagrante de uma dupla de estelionatários que tentavam realizar saques indevidos com cartões do Bolsa Família. Segundo a PF, a dupla teria teria retirado com sucesso cerca de R$ 96 mil de contas que receberam parcelas do auxílio emergencial. O crédito é fornecido pelo governo para a população de baixa renda como forma de minimizar danos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus.
Os homens portavam 108 cartões do programa Bolsa Família de diversas titularidades. Para os beneficiários do programa, as parcelas do auxílio emergencial são automáticas, sem necessidade de cadastros adicionais.
O crime aconteceu na cidade de São Luís (MA), na madrugada desta quinta-feira (30), na agência da Caixa Econômica Federal localizada na praça João Lisboa, no centro.
O Secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Villas Boas, declarou que o governo baiano interditará no sábado (2), toda a Central de Abastecimento do bairro do Malhado, na cidade de Ilhéus.
O anúncio surpreendeu a todos os presentes na manhã deste 1° de maio, na ocasião da visita que Villas Boas realizou ao Centro de Atendimento Covid-19, no Centro de Convenções de Ilhéus.
A Prefeitura de Ilhéus realizou na manhã desta sexta-feira uma força tarefa para o cadastramento dos feirantes para o recebimento de novas barracas doadas pelo Estado. A Prefeitura de Ilhéus visa a reorganização da Central de Abastecimento, conhecida como feira do Malhado, com a organização das barracas para a reabertura da feira.
“Sabemos da importância da continuidade da comercialização dos produtos agrícolas vindos do interior e, por isso, trabalhamos para a manutenção das atividades dos feirantes e o consumo com os devidos cuidados para a prevenção do coronavírus”, declarou o Prefeito Mário Alexandre.
De acordo com Villas Boas, é a Vigilância Sanitária do Estado que realizará essa interdição, por meio de um decreto estadual.
A pandemia de COVID-19 é um evento dinâmico e de longo prazo que exigirá um desenvolvimento quase constante de estratégias proativas para solução de problemas.
A medicina moderna tem muito, mas muito pouco, a oferecer como tratamento específico. A necessidade de contratação de pessoal especializado, aquisição de equipamentos – principalmente ventiladores pulmonares – e a montagem de uma cadeia confiável de suprimentos, conspiram contra os esforços para estruturação de uma rede de atendimento adequada. Como vamos lidar com os milhares de pacientes que precisarão de cuidados?
Primeiro, precisamos trabalhar para garantir que as intervenções baseadas na população – incluindo ações de distanciamento social, quarentena e isolamento – sejam tomadas com rapidez e prudência. Segundo, podemos usar os fundamentos estabelecidos pela ciência para guiar estratégias de intervenção.
Sob a liderança do Governador Rui Costa, estabelecemos uma Central de Comando e Controle da Saúde. Utilizando princípios bem desenvolvidos de planejamento de ações para gerenciamento de crises, expandimos drasticamente o acesso aos testes diagnósticos por meio do fortalecimento do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Ampliamos e descentralizamos a oferta de exames de biologia molecular (RT-PCR, padrão ouro) para garantir a classificação adequada de pacientes internados.
Paralelamente, elaboramos um plano para acrescentar mais de 1 mil novos leitos hospitalares, exclusivos para Covid-19. Para otimizar a eficiência do atendimento e das transferências via central de regulação, vinte e cinco Centrais Regionais de Triagem foram abertas em todo o estado.
A proteção dos profissionais de saúde também é essencial. Não enviaríamos soldados para a batalha sem coletes balísticos. Para tanto, estamos sendo estratégicos em nossos planos para o uso de EPIs e considerando alternativas extraordinárias, incluindo o emprego de máscaras de tecido, para uso generalizado da população. Montamos um programa de testagem universal para profissionais de saúde, oferecendo RT-PCR em coleta rápida, padrão “drive-through”, para identificar aqueles profissionais assintomáticos carreadores do vírus.
Nosso platô de crescimento só será atingido entre meados de junho e julho. Não é possível continuar crescendo a taxas diárias superiores a 8%. Precisamos inspirar e mobilizar o público para aderir às medidas preconizadas, imediatamente. Nesse esforço total, todos têm um papel a desempenhar e praticamente todos estão dispostos.
O objetivo não é achatar a curva; o objetivo é esmagar a curva. E com inteligência suficiente poderemos em breve começar a reativar a economia, sem colocar vidas adicionais em risco.
Fábio Vilas-Boas – Doutor em Ciências e Secretário Estadual da Saúde da Bahia.
O transporte intermunicipal será suspenso em Arataca, Maracás, Maraú e Santo Amaro a partir de sexta-feira (1º). A medida, que tem como objetivo conter o avanço do coronavírus na população baiana, foi publicada em decreto no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (30). No total, a Bahia passa a ter 100 cidades com restrição no transporte.
A determinação considera a circulação, saída e chegada de qualquer transporte coletivo intermunicipal, público e privado, rodoviário e hidroviário, nas modalidades regular, fretamento, complementar, alternativo e de vans.
O decreto publicado no DOE desta quinta (30) também autoriza a retomada do transporte em Luís Eduardo Magalhães, considerando que o município e os municípios integrantes da sua zona de impacto sanitário completaram 14 dias ou mais sem novos casos de Covid-19.
As outras cidades com transporte suspenso são Acajutiba, Água Fria, Aiquara, Alagoinhas, Almadina, Amélia Rodrigues, Aracatu, Barro Preto, Buerarema, Caetanos, Caldeirão Grande, Camacã, Camaçari, Camamu, Campo Alegre de Lourdes, Canavieiras, Candeias, Capim Grosso, Castro Alves, Catu, Coaraci, Conceição do Jacuípe, Coração de Maria, Cravolândia, Cruz das Almas, Curaçá, Dário Meira, Dias D’Ávila, Eunápolis, Feira de Santana, Floresta Azul, Gandu, Gongogi, Ibicaraí, Ibirataia, Ibotirama, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irecê, Itabela, Itaberaba, Itabuna, Itacaré, Itagibá, Itajuípe, Itamari, Itaparica e Itapebi.
A lista inclui também Itapetinga, Itatim, Jaguaquara, Jaguarari, Jequié, Juazeiro, Laje, Lajedo do Tabocal, Lauro de Freitas, Licínio de Almeida, Livramento de Nossa Senhora, Maragogipe, Mata de São João, Mirante, Morpará, Mucugê, Nilo Peçanha, Oliveira dos Brejinhos, Paramirim, Paulo Afonso, Porto Seguro, Ribeira do Pombal, Rio do Pires, Rio Real, Salvador, Santa Bárbara, Santa Cruz Cabrália, Santa Luzia, Santa Teresinha, Santaluz, São Felipe, São Francisco do Conde, São José da Vitória, Sátiro Dias, Seabra, Serra Preta, Simões Filho, Taperoá, Teixeira de Freitas, Ubaitaba, Ubatã, Una, Uruçuca, Valença, Valente, Vera Cruz e Vitória da Conquista.
A Prefeitura de Ilhéus registrou 112 atendimentos realizados no Centro Covid-19, unidade em funcionamento há três dias no Centro de Convenções, exclusiva para assistência às pessoas com suspeita e casos confirmados do novo coronavírus. Um paciente foi transferido para internamento em hospital e outros foram orientados para realização de tratamento domiciliar.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o custeio do equipamento é realizado por meio da gestão de recurso federal.
O aporte no valor de R$ 3.355.957,25, transferido em cota única, contempla todas as ações de combate ao coronavírus na cidade, como aquisição de materiais, equipamentos e compra de insumos emergenciais. Desse montante, foram aplicados cerca de R$ 400 mil para a estruturação do Centro de Atendimento Covid-19, cujo custeio mensal é de aproximadamente R$ 300 mil, segundo informa o o secretário de saúde, Geraldo Magela.
“O Centro de Atendimento funciona por sistema porta aberta, sendo referência para casos de síndrome respiratória. Os profissionais de saúde acompanham diariamente os pacientes suspeitos e confirmados com a Covid-19″, informou.
Ventiladores – O Município adquiriu em janeiro último cinco ventiladores pulmonares e reformou mais cinco, dos quais dois estão no Centro de Atendimento Covid-19, seis na UTI do Hospital de Ilhéus e dois no PA da Zona Sul. “Cobramos aos hospitais os padrões necessários de biossegurança, visando garantir as medidas de prevenção nos estabelecimentos de saúde”, reforçou Magela.
A Sesau realiza ações de bloqueio sanitário e educativo nas localidades que possuem casos positivos, a fim de conter a transmissão do vírus na cidade. Para mais informações, a população pode acessar o Portal da Transparência da Prefeitura de Ilhéus ou o endereço ilheus.ba.gov.br/coronavirus.
Visando facilitar o atendimento e evitar aglomerações em bancos e casas lotéricas devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), em parceria com a Caixa Econômica Federal vai instalar a partir desta quarta-feira (29) cinco pontos de atendimento para orientações sobre o auxílio emergencial.
A decisão foi acordada em reunião realizada por videoconferência com o prefeito Mário Alexandre, Superintendência Regional e Gerência da Caixa. “As filas são um grande problema e não podemos mais admitir que as pessoas fiquem aglomeradas. Colocamos essa ação imediata dentro do planejamento do Município para cuidar da saúde de cada pessoa e prestar um atendimento de excelência com todas as medidas de prevenção”, frisou o prefeito.
O cidadão que tem direito ao benefício poderá se dirigir ao ponto mais próximo à sua residência, que estará em funcionamento de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h. Os stands serão instalados em locais estratégicos, próximos a casas lotéricas e com um grupo maior para atender a população.
Conforme o decreto municipal nº 030, de 25 de abril de 2020, as instituições bancárias e casas lotéricas têm obrigação de registrar sinalização horizontal indicando o distanciamento entre pessoas nos locais onde ficam localizadas as filas.
Qual a função dos pontos de referência para atendimento?
– Facilitar o atendimento por zonas;
– Diminuir as filas nas agências;
– Prestar dúvidas e esclarecimentos;
– Auxiliar na instalação e utilização dos aplicativos para solicitação e saque do benefício;
– Auxiliar na emissão de senha para saque nas agências e casas lotéricas;
Localização dos stands
Zona Norte:
– Centro de Estadual de Educação Profissional (CEEP) do Chocolate Nelson Schaun- Avenida Antônio Carlos Magalhães, no bairro Malhado;
Centro:
Praça do Palácio do Paranaguá;
Estacionamento do Cais;
Calçadão da Rua Marquês de Paranaguá;
Zona Sul:
Colégio Estadual Professora Horizontina Conceição – Rua Eixo Coletor Principal, no bairro Hernani Sá.
Enquanto os números de casos e de mortes causadas pelo novo coronavírus não param de aumentar, hospitais particulares, laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem enfrentam um paradoxo: pacientes com outras doenças estão deixando de buscar atendimento por medo da covid-19. A situação, segundo entidades que representam os estabelecimentos, ameaça o equilíbrio financeiro do setor de saúde suplementar.
Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), o número de exames realizados caiu cerca de 80% desde que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo país, entre o fim de fevereiro e o início de março. As cirurgias caíram pela metade. De acordo com o diretor executivo da entidade, Marco Aurélio Ferreira, a realização de procedimentos cirúrgicos corresponde a quase 50% do faturamento dos hospitais particulares.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou que as clínicas de diagnóstico por imagem registraram queda na procura de 70%, em média. Nos laboratórios clínicos, o atendimento caiu, em média, 60% se comparado ao movimento do mesmo período de 2019.
“É uma queda expressiva e generalizada. Há laboratórios operando com apenas 20% de sua capacidade”, disse à Agência Brasil a diretora executiva da Abramed, Priscilla Franklin Martins. “A associação vem conversando com o Ministério da Economia, buscando alternativas como uma linha de crédito do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que possa aliviar os empresários que precisam encontrar meios para manter seu quadro de funcionários e arcar com os custos fixos. Até porque, na hora em que esta pandemia passar, a demanda represada virá e precisaremos de capacidade para atendê-la”, disse a executiva.
Além do apoio financeiro do banco público, a Anahp e a Abramed defendem que a população seja informada sobre a importância de não interromper tratamentos continuados, bem como da “segurança” de se submeter aos chamados procedimentos eletivos (considerados menos urgentes) e a exames clínicos. De acordo com Ferreira e com Priscilla, o objetivo é garantir não só a saúde financeira dos estabelecimentos particulares, mas também evitar que os pacientes interrompam ou adiem o início de tratamentos.
“Pedimos muito à ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] que flexibilizasse um pouco sua orientação inicial sobre as cirurgias eletivas porque os hospitais estavam se esvaziando. Na última semana, a agência divulgou nota estimulando as pessoas a cuidarem da saúde, recomendando que os pacientes não interrompam os tratamentos. Desde então, já pudemos sentir certo aquecimento no movimento”, comentou Ferreira, referindo-se a um comunicado que a autarquia divulgou.
Na nota, a ANS alerta sobre o risco da interrupção de tratamentos continuados e sobre a obrigatoriedade do pronto atendimento em casos urgentes. A agência também esclarece que, apesar da pandemia e das orientações de distanciamento social, jamais recomendou a suspensão ou proibiu a realização de internações e cirurgias eletivas.
“Acreditamos que chegamos a um bom ponto”, disse Ferreira. “Agora, estamos trabalhando nestas três frentes: a retomada dos procedimentos eletivos, a continuidade do diálogo com as operadoras de planos de saúde – às quais pedimos que mantenham seus pagamentos em dia – e a busca da abertura de linhas de crédito do BNDES”.
MEDO
O diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Bonamigo, disse que muitos pacientes adiaram não só os atendimentos mais simples, mas também os de maior complexidade – o que, segundo ele, deixou ociosos alguns serviços médicos não voltados ao atendimento de pessoas com síndromes respiratórias – inclusive em algumas unidades públicas.
“Há muitos hospitais e clínicas de medicina diagnóstica particulares querendo desesperadamente retomar suas atividades porque estão enfrentando dificuldades financeiras devido à redução expressiva do número de atendimentos. Temos notícias de que, em São Paulo, alguns hospitais reduziram a carga horária de alguns profissionais. E até mesmo de alguns casos de demissões – o que parece surpreendente considerando o momento”, afirmou Bonamigo.
Marco Aurélio Ferreira, da Anahp, diz não ter conhecimento de demissões em hospitais particulares. “Estamos vendo muitos hospitais privados contratando profissionais para o lugar daqueles que foram atingidos pelo novo coronavírus. Hoje, cerca de 3% dos nossos profissionais [que atendem a pessoas infectadas pelo novo coronavírus ou suspeitas de terem contraído a covid-19] estão afastados por causa da doença ou da suspeita de estarem doentes. A respeito de demissões em outros setores [cujos médicos não atendem aos infectados], não tenho informação”.
O diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador, confirma as demissões, embora afirme que a entidade não tem números. De acordo com Salvador, os maiores prejudicados foram os profissionais que atuam com procedimentos eletivos, entre eles anestesistas – informação mencionada também por Bonamigo, da AMB. “Um absurdo, pois ninguém tem tanta habilidade ao entubar um paciente quanto esses médicos, que podem vir a ser fundamentais na linha de frente do tratamento de pessoas com a covid-19”, diz Salvador.
INTERRUPÇÃO
Vários dos entrevistados mencionaram o receio de que, ao evitar hospitais e laboratórios clínicos, muitas pessoas interrompam tratamentos ou adiem o diagnósticos de doenças, retardando, desnecessariamente, o início da terapia.
“As pessoas estão com medo de ir aos laboratórios. O que é preocupante”, disse Priscilla. “Os pacientes estão receosos de buscar atendimento para outras doenças, o que pode resultar em agravos à saúde. Temos observado pessoas com quadros preocupantes, como dor torácica ou sintomas neurológicos, retardando a ida ao hospital por medo de se contaminar”, reforçou Bonamigo.
Para Daniel Knupp, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a situação é preocupante. “As pessoas não podem deixar de fazer algumas consultas e procedimentos, caso contrário as consequências podem ser piores. Mas é bom lembrar que em momento algum houve orientação para que esses atendimentos fossem interrompidos. A recomendação foi para que fossem adiadas as cirurgias eletivas, como, por exemplo, uma cirurgia plástica.
Quem tem uma insuficiência renal, disse Knupp, não pode ficar sem controlá-la. “Quem tem um câncer não pode deixar o tratamento de lado. Há pacientes com transtornos de ansiedade que vão precisar aumentar a dose de medicamentos por causa de toda esta situação; pacientes com hipertensão…enfim, a dificuldade, muitas vezes, está nos serviços conseguirem se organizar para atender às pessoas com síndromes respiratórias ou com suspeita de coronavírus, ao mesmo tempo em que oferecem assistência às demais”.
Para Salvador, do Simesp, compete ao Estado estabelecer diretrizes e “organizar” a oferta, levando em conta a demanda pelos serviços de saúde.
“Estamos vendo uma parte do sistema de saúde sobrecarregada e outra parte ociosa, o país precisando de leitos hospitalares e de mão de obra qualificada. Então, cabe ao Estado assumir a gestão e distribuir esses recursos de maneira igualitária para que um paciente que precise de um leito, por qualquer motivo, seja atendido, independentemente se no sistema público ou no privado. O que não podemos é ter gente morrendo por falta de leitos enquanto há setores ociosos em hospitais e médicos sendo demitidos”, disse Salvador, manifestando o receio de que, a título de socorrer hospitais e laboratórios privados, pessoas sejam incentivadas a procurar ajuda, mesmo em casos que podem ser adiados sem maiores riscos.
“É preciso cuidado para que um estímulo à retomada de procedimentos eletivos não represente apenas a preocupação com os lucros imediatos. Por isso, a meu ver, o melhor, por ora, é que os recursos privados estejam à disposição do SUS [Sistema Único de Saúde], com os estabelecimentos privados sendo devidamente remunerados por isso”, propôs Salvador.
A Anahp minimiza os riscos. “Há, nos hospitais, estruturas diferenciadas, preparadas para atender os casos da covid-19 e outras estruturas separadas, nas quais são tomados todos os cuidados necessários ao atendimento dos outros pacientes. Os hospitais estão preparados e têm dado provas disso. É preciso levar em conta a realidade local. Se houver mais casos da covid-19, é óbvio que todos os demais serviços devem ser paralisados. Caso contrário, vamos atender aos outros pacientes”.
Ministério da Saúde
Consultado, o Ministério da Saúde informou que, “devido ao momento de emergência em saúde pública, tem orientado os gestores, por meio de notas técnicas, a manter os atendimentos essenciais, suspendendo ou adiando aqueles procedimentos eletivos que não necessitam de urgência para realização”. O objetivo, segundo a pasta, “é desafogar os leitos para casos graves da covid-19 e as demais situações emergenciais do sistema de saúde”.
“Além disso, o acompanhamento de pacientes de outras doenças pode ser mantido por meio de outras alternativas”, sustenta o ministério, sem fazer distinção entre serviços públicos e privados. “Os gestores locais podem optar por iniciativas como a telemedicina, visitas domiciliares, fazer busca ativa de pacientes que necessitam ter suas doenças controladas, atendimento em áreas separadas dos casos da covid-19, entre outras, de acordo com a realidade local e com as medidas de precaução adequadas”.
Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília.