O Ministério da Saúde da Rússia deu aprovação regulatória para a primeira vacina Covid-19 do mundo, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, após menos de dois meses de testes em humanos, disse o presidente Vladimir Putin na terça-feira (11).
A manobra abre caminho para inoculação em massa, mesmo enquanto estágios finais dos testes clínicos para testa a segurança e eficácia da vacina continuam.
O presidente Russo disse também que sua filha está entre as pessoas que já teriam sido vacinadas.
Putin ressaltou que a vacina passou pelos testes necessários e se mostrou eficaz, oferecendo imunidade duradoura ao coronavírus. No entanto, cientistas nacionais e internacionais têm alertado que a pressa em começar a usar a vacina antes dos testes da fase 3 – que normalmente duram meses e envolvem milhares de pessoas – pode ser um problema.
A Prefeitura de Ilhéus apresentou um novo Decreto Municipal, de n° 59, que estabelece a reabertura da quarta fase do comércio, com a autorização dos segmentos da zona vermelha, mediante a adoção de medidas preventivas e protocolos para a prevenção do coronavírus. A vigência do decreto passa a valer a partir da zero hora desta terça-feira (11).
Um estudo epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde e protocolos específicos para determinados estabelecimentos também foram apresentados. Confira na íntegra, aqui.
Estão autorizados a funcionar os varejistas de souvenires, jóias, bijuterias e artesanatos; cabeleireiro e outras atividades de tratamento de beleza; bancas de jornais e revistas; lojas de aeroporto e rodoviárias; academias de esportes de todas modalidades; lojas localizadas em galerias; bares, food trucks e cabanas de praia; autoescolas; cursos profissionalizantes na modalidade online; uso de embarcações individuais e de uso familiar como jet-ski e lanchas, bem como a prática de esportes náuticos, desde que não haja contato entre os participantes e que seja respeitado o distanciamento de pelo menos 1,5 m.
“Com as medidas do poder público, por meio das ações para o contingenciamento da Covid-19, com base no estudo epidemiológico, e, inclusive, pela estrutura de saúde disponível como reserva técnica para pacientes com Covid-19, estamos autorizando a reabertura da 4ª fase do comércio com todas as recomendações de prevenção, segurança e higiene, para que a contaminação do vírus possa ser evitada. Queremos salvar vidas e a economia”, declarou o Prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre. O gestor enfatizou que os cuidados para a higienização das superfícies, a correta lavagem das mãos, o uso obrigatório de máscaras e distanciamento social, devem ser praticados com rigor por todas as pessoas.
Todos os segmentos estão autorizados a funcionar desde que mediante ao integral cumprimento das exigências de higienização dos estabelecimentos e das medidas de prevenção e proteção à saúde e às vidas humanas.
Devem seguir protocolos específicos, apresentados no decreto, as cabanas de praia, bares e restaurantes, salões de beleza, autoescolas e academias, além das demais medidas comuns a todos os estabelecimentos em funcionamento.
“Se cada um faz a sua parte, as atividades podem ser retomadas com segurança. Não queremos ter que retornar à uma fase anterior do comércio em razão do aumento da contaminação e falta de cuidados. Porque a estrutura Covid-19 de Saúde que Ilhéus tem hoje é uma das que mais se destacam no interior do Estado, se não a melhor. Estamos fazendo a nossa parte. Conto com cada munícipe para vencermos o coronavírus, protegendo e salvando vidas”, completou Mário Alexandre.
Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 1.068 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,6%), 58 óbitos (+1,5%) e 1.661 curados (+0,9%). Dos 194.097 casos confirmados desde o início da pandemia, 176.948 já são considerados curados, 13.138 encontram-se ativos e 4.011 tiveram óbito confirmado para coronavírus.
Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da Covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.
Os casos confirmados ocorreram em 413 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (32,53%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Dário Meira (4.295,05), Almadina (4.245,97), Gandu (3.854,58), Itajuípe (3.665,02) e Itapé (3.629,72).
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) disponibiliza, para acesso público, a base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus (Covid-19). Para fazer o download, é simples: basta acessar o link https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/ e clicar no ícone localizado no topo da página. A iniciativa amplia transparência e possibilita que qualquer cidadão, em qualquer lugar do mundo, possa acompanhar e analisar a evolução da pandemia na Bahia.
O boletim epidemiológico contabiliza ainda 378.104 casos descartados e 79.917 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta segunda-feira (10).
Na Bahia, 16.830 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence.
A Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Ilhéus (Sesau) a pedido do Prefeito Mário Alexandre, em parceria com o Núcleo Regional de Educação da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC) e a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), iniciou na manhã desta segunda-feira (10) a testagem para detecção da Covid-19 junto aos servidores e professores da rede estadual de Educação. A testagem dos alunos começa nesta terça-feira (11) e a previsão é que em torno de 12 mil pessoas sejam examinadas até o dia 21 de agosto.
“Em parceria com o Governo do Estado, nosso objetivo é ter um panorama do nível de contaminação pela Covid-19 no público da rede estadual de educação. Colocamos nossas equipes de saúde à disposição para contribuir com essa tarefa fundamental, que vai nos trazer dados reais. Isso tudo contribui para que possamos direcionar nossas ações e buscar os meios adequados de enfrentar o coronavírus e vencer a pandemia”, destacou o Prefeito Mário Alexandre.
A notícia foi anunciada pelo Secretário de Saúde de Ilhéus, Geraldo Magela, que recebeu na manhã desta segunda-feira na Sesau, o técnico da Coordenação de Articulação com os Núcleos Territoriais de Educação (CONTE), Leonardo Souza. “A previsão é que com essa testagem em massa, se aponte um aumento de 10% a 15% do número de positivos para Covid-19. Ou seja, em torno de 1.000 a 1.500 pessoas deverão apresentar positivos para Covid-19 aqui em Ilhéus, um aumento significativo no número de ativos. A estrutura de saúde do município está pronta para monitorar e atender os infectados, inclusive contamos com um abrigo para acolher pacientes com sintomas leves”, destacou o titular da saúde municipal, Geraldo Magela.
De acordo com a diretora da Vigilância em Saúde da Sesau, Jeovana Nascimento, “os testes são enviados pela Sesab por meio do Núcleo de Saúde do Estado, em lotes, para o Núcleo Regional de Educação. A Prefeitura de Ilhéus, por meio da Saúde municipal, realiza todo o suporte na prática da testagem em todas as localidades definidas pelo Estado”.
Os exames via teste rápido para detecção da Covid-19 foram iniciados hoje junto aos servidores e professores. De acordo com informações repassadas pela assessoria de comunicação da SEC, são 18 unidades escolares do Estado no município de Ilhéus, com 661 professores e 296 servidores estaduais na rede. Já estudantes, são 11.370 pessoas ao todo, o que soma um público total de 12.327 indivíduos para testagem.
Os testes estão sendo realizados tanto pelo período da manhã, quanto pelo período da tarde. Cada unidade escolar da rede estadual, por meio do gestor responsável, é quem realiza a convocação do alunado para que se dirija à escola e seja feita a realização do teste, na execução do planejamento realizado pelo Núcleo Regional de Educação do Estado.
Na manhã desta sexta-feira (7), o governador Rui Costa, juntamente com o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, e a secretária de Ciência e Tecnologia, Adélia Pinheiro, participou de uma teleconferência com um grupo composto por duas empresas chinesas que estão desenvolvendo duas linhas de vacinas contra a Covid-19.
“Nós fizemos o contato com eles para que o Nordeste, e obviamente a Bahia, participassem dessa pesquisa. Eles concordaram e ainda hoje enviarão os documentos para que a gente assine um protocolo conjuntamente já na próxima semana. A partir daí, pediremos autorização à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa, do Conselho Nacional de Saúde, e também da Anvisa, para fazermos os testes dessa vacina”, explicou o governador.
Ainda segundo Rui, se os testes forem aprovados, os lotes da vacina devem ser enviados em 30 dias. “Seriam em torno de 4 mil pacientes testados por aqui. Essa vacina já foi aplicada em 100 mil chineses e também em outros países”.
O governador também lembrou que a Bahia já participa de um teste de uma empresa americana. “Além disso, vamos assinar um documento com uma empresa russa para fazer um teste com a vacina desenvolvida por eles. Com isso, estamos buscando aproximar o intercâmbio científico de pesquisa e de saúde e ao mesmo tempo nos colocando na frente para termos acesso às primeiras vacinas oferecidas, para imunizar a nossa população”.
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) inicia, a partir desta segunda-feira (10), a testagem para o novo Coronavírus nas escolas estaduais dos municípios de Itabuna e Ilhéus. No município de Ilhéus, serão testadas 12.327 pessoas, sendo 11.370 estudantes, 661 professores e 296 funcionários de 18 escolas, sendo quatro unidades indígenas. Já no município de Itabuna, a testagem acontecerá em 14 unidades escolares, contemplando 12.011 pessoas, sendo 11.224 estudantes, 580 professores e 207 funcionários. O atendimento nas escolas será realizado das 8h às 17h. A ação nos dois municípios vai prosseguir até o dia 21 de agosto.
No primeiro dia, serão testados apenas os professores e os funcionários. Já a partir do dia 11 de agosto, serão testados os estudantes por meio de um cronograma organizado em cada escola, com o agrupamento em ordem alfabética, com o objetivo de evitar aglomeração.
O secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, ressaltou a parceria entre o Estado e os municípios para a execução da ação. “Podemos dizer que esta é uma grande união de força do Governo da Bahia, com o envolvimento dos gestores e funcionários das escolas; dos Núcleos Territoriais de Educação; e da parceria fundamental da Secretaria de Saúde do Estado (SESAB), das prefeituras, através das secretarias municipais de Saúde e da Educação. É mais uma decisão do governador Rui Costa, que mostra a preocupação e o zelo com a saúde da comunidade escolar, neste momento de pandemia”.
A diretora do Núcleo Territorial de Itabuna (NTE 05), Leninha Vila Nova, falou da importância da iniciativa. “Esta ação do Governo do Estado tem uma importância enorme. É uma ação preventiva e de prioridade, pois uma vez testando os estudantes, que são assintomáticos na sua maioria, a gente pode diagnosticar para que tomem todos os cuidados necessários e não contaminem seus familiares”.
Para o atendimento, todas as unidades escolares são preparadas com a higienização do local e disponibilização de álcool em gel e pias com sabão para a lavagem das mãos, além da exigência do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os estudantes e demais pessoas a serem testadas deverão utilizar máscaras de proteção para o acesso aos locais de testagem. Ao entrar, eles serão direcionados para que façam a higienização correta das mãos.
A iniciativa, que faz parte do protocolo para a tomada de decisões relacionadas à retomada do ano letivo, já foi realizada em Itajuípe, Ipiaú e Uruçuca e, atualmente, está sendo realizada no município de Jequié, até o dia 14 de agosto, quando chegará a mais de 10 mil pessoas testadas em toda a ação, iniciada na segunda-feira (3). Nesta sexta-feira (7), os procedimentos de testagem ocorreram de forma rápida, seguindo todos os protocolos sanitários recomendados.
A estudante residente na zona rural Michele Eça, 19, que faz o curso técnico em Informática no Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Gestão e Tecnologia da Informação Régis Pacheco, disse que ficou satisfeita com o atendimento. “Vim logo cedo fazer a minha testagem, que aconteceu de forma tranquila, com todas as precauções necessárias. Como estudante do CEEP há quatro anos, não esperava menos da equipe gestora que manteve seu alto nível de comprometimento e organização. Indico o teste para todos os estudantes, pois é muito importante”.
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira (6) a medida provisória (MP) que abre crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção e aquisição da vacina contra a covid-19, que está sendo desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. A transferência de tecnologia na formulação, envase e controle de qualidade da vacina será realizada por meio de um acordo da empresa britânica com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde. Com isso, caso a eficácia do imunobiológico seja comprovada, o Brasil deverá produzir 100 milhões de doses.
“Assinamos esse protocolo no passado e passamos a fazer parte desse seleto grupo. A nossa contrapartida é basicamente financeira no momento, quase R$ 2 bilhões. Talvez em dezembro ou janeiro exista a possibilidade da vacina e daí esse problema estará vencido poucas semanas depois”, afirmou o presidente, durante cerimônia de assinatura da MP, no Palácio do Planalto.
O acordo entre Fiocruz e AstraZeneca é resultado da cooperação entre o governo brasileiro e governo britânico, anunciado em 27 de junho pelo Ministério da Saúde. O próximo passo será a assinatura de um contrato de encomenda tecnológica, previsto para este mês, que garante o acesso a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das quais 30 milhões de doses entre dezembro e janeiro e 70 milhões ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021. Em todo o mundo, esta é uma das vacinas que estão em estágio mais avançado, já em testes clínicos com seres humanos.
“Estamos garantindo a aplicação de recursos em uma vacina que tem se mostrado a mais promissora do mundo. O investimento é significativo, não apenas no seu valor, quase R$ 2 bilhões, mas também aponta para a busca de soluções que permitam ao Brasil desenvolver tecnologias para a proteção dos brasileiros. Esse é um acordo de transferência de tecnologia, isso significa que estamos garantindo a produção e entrega, inicialmente, de 100 milhões de doses, além de trazer para o país a capacidade de utilizar, na indústria nacional, essa nova tecnologia e dar sustentabilidade ao programa brasileiro de imunizações”, destacou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.
Se a vacina for eficaz e o cronograma previsto pelo governo se cumprir, a expectativa é que haja uma grande campanha nacional de vacinação contra a covid-19 no início do próximo ano, dirigida a públicos prioritários, como idosos, profissionais da saúde e pessoas com doenças preexistentes.
Do total de recursos liberados, o Ministério da Saúde prevê um repasse de R$ 522,1 milhões na estrutura de Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos. O objetivo é ampliar a capacidade nacional de produção de vacinas e tecnologia disponível para a proteção da população, afirma a pasta. Um total de R$ 1,3 bilhão são despesas referentes a pagamentos previstos no contrato de encomenda tecnológica. Os valores contemplam a finalização da vacina. O acordo prevê o início da produção da vacina no Brasil a partir de dezembro deste ano e garante total domínio tecnológico para que Bio-Manguinhos tenha condições de produzir a vacina de forma independente.
A vacina
Desenvolvida pela Universidade de Oxford, a vacina foi elaborada através da plataforma tecnológica de vírus não replicante (a partir do adenovírus de chimpanzé, obtém-se um adenovírus geneticamente modificado, por meio da inserção do gene que codifica a proteína S do vírus SARS-COV-2). De acordo com o governo, embora seja baseada em uma nova tecnologia, esta plataforma já foi testada anteriormente para outras doenças, como, por exemplo, nos surtos de ebola e MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio causada por outro tipo de coronavírus) e é semelhante a outras plataformas da Bio-Manguinhos/Fiocruz, o que facilita a sua implantação em tempo reduzido. A vacina está na Fase 3 dos ensaios clínicos, que é a última etapa de testes em seres humanos para determinar a segurança e eficácia.
Secretário adianta pontos da estratégia de vacinação para o novo coronavírus
As primeiras 30,4 milhões de doses vão chegar em dois lotes: metade, 15,2 milhões, em dezembro e a mesma quantidade em janeiro. “Com o avanço da ciência, acreditamos que, em dezembro, talvez, já passemos o ano novo de 2021 com pelo menos 15,2 milhões brasileiros vacinados para covid-19 e possamos juntos construir essa nova história da saúde pública do nosso país”, disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia.
Além desses dois lotes, mais 70 milhões de unidades da vacina serão disponibilizadas gradativamente, a partir de março de 2021. O medicamento está sendo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca, em conjunto com a Universidade de Oxford, e já se encontra em fase de testes clínicos em vários países, incluindo o Brasil.
Vacina de Oxford pode ser distribuída este ano, diz Astrazeneca
A vacina contra o covid-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, com testes no Brasil, poderá ficar disponível à população ainda este ano. A afirmação foi feita por Maria Augusta Bernardini, diretora-médica do grupo farmacêutico Astrazeneca. O grupo anglo-sueco participa das pesquisas da universidade inglesa em parceria com Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Esperamos ter dados preliminares quanto a eficácia real já disponíveis em torno de outubro, novembro”, disse Bernardini. Segundo ela, apesar de os voluntários serem acompanhados por um ano, existe a possibilidade de distribuir a vacina à população antes desse período.
“Vamos sim analisar, em conjunto com as entidades regulatórias mundiais, se podemos ter uma autorização de registro em caráter de exceção, um registro condicionado, para que a gente possa disponibilizar à população antes de ter uma finalização completa dos estudos”, acrescentou, destacando que os prazos podem mudar de acordo com a evolução dos estudos.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou hoje ser possível ter uma vacina contra a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, pronta para registro em outubro. Em junho, o Butantan firmou parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para produção e testes avançados de uma vacina. As declarações foram dadas em audiência pública virtual da Câmara dos Deputados para debater o desenvolvimento da imunização.
No momento, a vacina está sendo testada em cerca de 9 mil voluntários em seis unidades federativas – São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro – sob a coordenação e o acompanhamento do Butantan.
Se a vacina for clinicamente bem-sucedida, o Butantan a submeterá para registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Caso aprovada pela agência, poderá ser distribuída para o SUS (Sistema Único de Saúde) por meio do governo federal.
“Poderemos ter (a vacina) a partir agora de outubro. O processo de preparo para a formulação e o envase já se iniciou. Todos os processos de controle de qualidade e validação já se iniciaram. Então, poderemos ter a vacina. A grande pergunta é se estará registrada e aprovada pelo estudo clínico e poderá ser utilizada. Sou muito otimista. Acho que um prazo razoável seria janeiro de 2021 dado o desempenho até o presente momento”, afirmou Covas.
Gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, Gustavo Santos afirmou que a agência tem acelerado e flexibilizado processos em meio à pandemia para atender demandas. No caso da vacina, ele disse que há um prazo de 60 dias para a análise do eventual registro após a entrega da documentação necessária por parte do interessado, mas a avaliação será prioridade e deverá acontecer em menos tempo.
“A avaliação para o registro é justamente o balanço risco-benefício, para ver se os benefícios superam os riscos. Temos de nos embasar em resultados científicos válidos”, explicou.
Diante da recente mudança no cenário da Covid-19 no Estado da Bahia, noticiada na noite da última quarta-feira (5), em que a média móvel de mortes saiu da faixa de estabilidade e passou a ser considerada alta, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) Prefeitura de Ilhéus recomendou o adiamento da data de liberação da quarta fase do comércio.
“Na última segunda-feira (3), a Sesau apresentou um estudo técnico e analisou o cenário da saúde no Município, onde foram apontados o percentual médio de novos casos diários e a taxa de ocupação de leitos de UTI. Na avaliação, opinou-se pela possibilidade de avanço de mais uma fase do Plano de Ação para reabertura do comércio. Na terça-feira, foram apresentados os protocolos de segurança de alguns segmentos, a fim de garantir maior segurança aos funcionários e consumidores. Contudo, na quarta-feira (5), às vésperas da liberação da nova fase, foi noticiada uma mudança de cenário na Bahia, no que diz respeito à média móvel de mortes no Estado. Diante dessa notícia, o Secretário de Saúde solicitou o adiamento da data da flexibilização, para que seja possível analisar os novos números apontados no Estado e avaliar o novo momento para o avanço”, explicou o Coordenador do Gabinete de Crise e Subprocurador Geral de Ilhéus, Regis Aragão Leite.
O Secretário de Saúde do Município de Ilhéus, Geraldo Magela, disse que “diante dessa mudança no cenário estadual, é necessário que o Município de Ilhéus faça a sua parte, na tentativa de melhorar a estatística regional. Dessa forma, sugeri o adiamento da flexibilização esta semana, para que uma nova análise possa apontar o novo momento para avançar no Plano de Ação do Comércio”.
A Prefeitura de Ilhéus, por precaução, em apoio às ações do Governo do Estado da Bahia, avaliou que se faz necessário o adiamento da abertura da quarta fase esta semana.
Os gargalos do planejamento urbano no Brasil, principalmente o déficit de moradias, a precariedade do saneamento básico e os problemas de mobilidade, que tanto afetam a qualidade da vida, ficaram ainda mais evidentes na pandemia da Covid-19. Além disso, transformaram-se em desafios prementes para a retomada das atividades econômicas e adaptação das empresas e pessoas ao chamado “novo normal”.
Questões não atendidas há décadas por políticas públicas precisam agora de respostas urgentes: como manter práticas de higiene, se aproximadamente 20% dos brasileiros não têm acesso a redes de água e metade não conta com esgoto coletado, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)? Tais problemas concentram-se em áreas densamente povoadas, como favelas e conglomerados de casas em regiões com infraestrutura precária, muitas vezes resultantes de uso e ocupação ilegais do solo, o que permite supor que ainda teremos bolsões nos quais será muito difícil conter o contágio pelo novo coronavírus.
Como evitar aglomerações e o distanciamento social, se a grande maioria das pessoas, principalmente nas grandes cidades, depende do transporte coletivo para ir ao trabalho, à escola, às compras e para toda sua necessidade de locomoção? Somente os trens do Metrô da cidade de São Paulo, segundo a companhia, movimentam 5,92 milhões de passageiros por dia. Outros 8,7 milhões são transportados pelo sistema de ônibus da capital paulista, o maior da América Latina, com uma frota de 14,07 mil veículos, distribuída em 1,3 mil linhas, de acordo com dados da SPTrans.
Tais números reduziram-se no período de quarentena, mas irão voltando paulatinamente à realidade estatística, à medida que forem reabrindo as atividades econômicas. Assim, enquanto não houver uma vacina contra o novo coronavírus e até que seja possível a imunização em massa dos brasileiros, as ruas, as habitações precárias e o transporte coletivo serão caldos de cultura de um dos vírus mais contagiosos de todos os tempos.
Obviamente, nenhum país estava totalmente preparado para enfrentar a Covid-19, que surpreendeu o mundo. Porém, o Brasil, como outras nações emergentes e em desenvolvimento, iniciou sua luta contra a pandemia já perdendo de goleada para seus próprios e crônicos problemas urbanos, resultantes do “fogo amigo” da falta de planejamento urbano e de políticas ineficientes de uso e ocupação do solo, ao longo de décadas. Obviamente, será muito mais difícil virar o jogo.
É como se vivêssemos em outro planeta e não naquele chamado Terra, no qual a ONU indica que 1,4 milhão de pessoas migram para o meio urbano a cada semana. Às vezes, relegam-se até mesmos as nossas próprias estatísticas oficiais. O IBGE divulgou que as 27 capitais do País registraram, em média, crescimento de 0,84% em 2019 e, somadas, têm 50 milhões de habitantes, o equivalente a cerca de 23% da população total do País. Diante do gigantesco déficit habitacional brasileiro e de deficiências crônicas na universalização do saneamento básico, fica muito claro que as políticas públicas e estratégias de planejamento urbano estiveram sempre em descompasso com as demandas relativas à expansão das cidades.
Agora, teremos de continuar lutando contra uma das mais graves pandemias de todos os tempos e retomar as atividades econômicas no contexto do “novo normal”, tropeçando em todos os obstáculos do meio urbano, que é o teatro de operações mais intenso e decisivo na guerra contra o novo coronavírus. Está lançado o desafio para autoridades, empresas, entidades de classe, trabalhadores e toda a sociedade. Chegou a hora, sem mais adiamentos, de mostrar do que, juntos, realmente somos capazes.
*Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Sobloco Construtora e membro do Conselho Consultivo do Secovi.