A Bahia recebeu mais uma remessa de vacinas contra a Covid-19, nesta quarta-feira (2). São 366.000 doses de imunizantes da Astrazeneca/Oxford. O voo comercial trazendo a carga pousou no aeroporto de Salvador por volta das 9h30. As vacinas serão destinadas para a primeira aplicação. Além do quantitativo recebido hoje, está prevista a chegada de mais 37.440 doses de vacinas produzidas pela Pfizer/BioNTech na tarde desta quinta-feira (3).
Os imunizantes que chegaram hoje começarão a ser enviados para os municípios em aeronaves do Grupamento Aéreo da Polícia Militar e da Casa Militar do Governador, após conferência da equipe da Coordenação de Imunização do Estado. Elas serão remetidas, exclusivamente, aos municípios que aplicaram 85% ou mais das doses anteriores. Esta foi uma decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é uma instância deliberativa da saúde e reúne representantes dos 417 municípios e o Estado.
Com a carga desta quarta-feira, a Bahia chega ao total de 6.775.710 doses de vacinas recebidas, sendo 3.035.800 da Coronavac, 3.566.750 da AstraZeneca/Oxford e 173.160 da Pfizer.
A Polícia Federal deflagrou hoje (2/6) a quarta fase da Operação Sangria, por meio da qual são investigados fatos relacionados a possíveis práticas de crimes, como pertencimento a organização criminosa, fraude a licitação e desvio de recursos públicos.
A ação da Polícia Federal visa a cumprir 25 mandados judiciais, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo 19 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão temporária, cumpridos na cidade de Manaus/AM e Porto Alegre/RS, além de sequestro de bens e valores.
Os policiais estão na casa do governador Wilson Lima (PSC), que enfrentará um julgamento ainda hoje no STJ.
Segundo as investigações, há indícios de que funcionários do alto escalão da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas realizaram contratação fraudulenta para favorecer grupo de empresários locais, sob orientação da cúpula do Governo do Estado, de um hospital de campanha. De acordo com os elementos de prova, ele não atende às necessidades básicas de assistência à população atingida pela pandemia COVID-19, bem como coloca em risco de contaminação os pacientes e os funcionários da unidade.
Verificou-se, ainda, que contratos das áreas de conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem, todos os três firmados em janeiro de 2021 com o Governo do Amazonas, cujos serviços são prestados em apoio ao hospital de campanha, contêm indícios de montagem e direcionamento de procedimento licitatório, prática de sobrepreço e não prestação de serviços contratados.
Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude à licitação, peculato e pertencimento a organização criminosa e, se condenados, poderão cumprir pena de até 24 anos de reclusão.
Ao prestar depoimento como convidada à CPI da Pandemia, a oncologista e imunologista Nise Hitomi Yamaguchi defendeu, nesta terça-feira (1), o uso da cloroquina como integrante do tratamento inicial contra a covid-19, a autonomia dos profissionais de saúde para prescrever e a independência dos pacientes, mas negou que tenha tentado alterar a bula do remédio ou tenha participado de reunião com esse objetivo. Nise também negou que participar de um “conselho paralelo” que formule políticas públicas, mas reconheceu ter trabalhado como “voluntária” com um “grupo de médicos” junto ao governo Bolsonaro.
Insatisfeito com o depoimento, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), já avisou que será necessário fazer uma acareação com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ou com o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Depois de fazer uma série de perguntas técnicas sobre a pandemia e sem obter respostas objetivas, o senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico, disse que Nise Yamaguchi jamais poderia tratar do assunto por não ter conhecimento científico relativo à matéria. Segundo o parlamentar, ela “jogou no escuro com um grupo de pessoas que não entendia absolutamente nada da doença e brincou com a saúde do povo brasileiro”.
O senador perguntou, por exemplo, a diferença entre um vírus e um protozoário; a que grupo pertence o coronavírus; detalhes sobre o primeiro caso do coronavírus no mundo e sobre os exames adequados para a detecção de imunidade celular.
— A senhora nem sabe quando começou a primeira manifestação do coronavírus no mundo. Não podia, de jeito nenhum, estar debatendo um assunto que não era do seu domínio. Isso não é honesto […] Me perdoe, eu não queria nem constranger a senhora, porque eu vi logo do começo que sabia de oncologia e de imunologia, mas não tinha nada de conhecimento de infectologia. Já vi logo do começo. Estava na dúvida se eu vinha lhe questionar ou não, para não deixar a senhora, como se diz na gíria, em uma saia justa — acrescentou.
Diante do constrangimento, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu a médica e pediu que as pessoas sejam “tratadas com humanidade” pela comissão. Depois de alguns protestos, inclusive de Otto Alencar, o presidente Omar Aziz, decidiu suspender a reunião para um intervalo.
Ao longo do depoimento, a especialista defendeu reiteradamente o tratamento “rápido e prematuro” dos pacientes para impedir que a doença evolua. Ainda segundo ela, o “tratamento precoce” não compete com as vacinas. Após ouvir o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) falar sobre o tema, Nise falou contra a “demonização” do uso de cloroquina.
— Tentar demonizar o tratamento precoce e as pessoas que o defendem é muito sério e grave. E a gente deve se levantar para defender nossa honra. O que existe é tentativa de destruição de tratamento que tem salvado vidas. Quando os senhores receberem as informações técnicas sem vieses, terão outra visão — afirmou.
O oposicionista Humberto Costa (PT-PB) lembrou que, de março de 2020 a março de 2021, foram vendidos 52 milhões de comprimidos de quatro medicamentos integrantes do chamado kit anticovid. Só de hidroxicloroquina foram vendidos 32 milhões de comprimidos. Diante desses números, segundo ele, seria esperado que houvesse menos mortes no Brasil, que tem 2,7% da população mundial e 13% dos óbitos.
— Para mim ficou evidente que ela foi voz importante para essa concepção equivocada do presidente Bolsonaro, que conduziu o Brasil para essa tragédia econômica e social — declarou.
A médica disse entender a posição do parlamentar, mas disse não ser possível ter o número exato dos beneficiados pelo “tratamento precoce”.
— Esse dado não é possível de ser avaliado. Falavam-se em milhões de mortos no Brasil. Mas nós temos tido a vantagem de termos pacientes beneficiados. Eu mesma trato, e não só com cloroquina. Já tive mais de 450 casos tratados pela minha equipe. São tratamentos personalizados. Temos realmente eficácia comprovada — disse Nise.
Estudos científicos
Lembrando que o ponto a ser discutido na CPI não é a autonomia do médico, mas a formulação de políticas públicas a partir de evidências científicas de baixa qualidade ou insuficientes, Alessandro Vieira questionou Nise Yamaguchi acerca dos estudos mencionados por ela. O senador a desafiou a apresentar, entre a pilha de papeis levados pela médica à CPI, algum estudo que tenha sido passado por “revisão sistemática, com ou sem metanálise, qualificadas, feitas por instituições sérias, publicadas em revistas sérias”. A médica mencionou um estudo da Henry Ford Foundation, mas não onde foi publicado.
— É inaceitável um profissional de alta qualidade rejeitar os estudos técnicos de entidades qualificadas e tentar valorizar ou divulgar estudos que foram encerrados, como é o caso do estudo da Henry Ford, por exemplo. A senhora sabe que esse estudo foi descontinuado porque ele não gerou os resultados que a senhora está dizendo. A senhora tem consciência disso? — indagou Alessandro Vieira.
Ele também rebateu acusações contra os pesquisadores da Instituto de Medicina Tropical de Manaus e da Fiocruz-Manaus, que trabalharam em estudos que demonstraram ineficácia da hidroxicloroquina no tratamento à covid-19. O senador Omar Aziz, presidente da CPI, se somou ao desagravo. Médica sanitarista, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) considerou que Nise Yamaguchi prestou um desserviço, a dar falsas esperanças à população, lembrando que a vacinação de 75% dos cidadãos daria, essa sim, a esperada imunidade contra a covid-19.
O Governo do Estado decidiu prorrogar a restrição da locomoção noturna de pessoas das 21h às 5h, em toda a Bahia, até 8 de junho. Nos municípios localizados nas regiões da Chapada Diamantina, Oeste, Irecê, Jacobina, Sudoeste e Extremo-Sul, o toque de recolher vale das 20h às 5h. A prorrogação será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (1º).
Os estabelecimentos comerciais que funcionem como restaurantes, bares e congêneres, localizados nessas seis regiões, deverão encerrar o atendimento presencial às 19h, permitidos os serviços de entrega em domicílio (delivery) de alimentação até as 24h.
Nos municípios integrantes das regiões de saúde em que a taxa de ocupação de leitos de UTI vier a se manter igual ou inferior a 75%, por cinco dias consecutivos, a restrição na locomoção noturna será válida das 22h às 5h.
Fica vedada, em todo o território baiano, a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery), no período das 18h de 4 de junho até as 5h de 7 de junho.
A comercialização de bebida alcoólica no fim de semana será liberada somente em municípios integrantes de regiões de saúde em que a taxa de ocupação de leitos de UTI vier a se manter igual ou inferior a 75%, por cinco dias consecutivos.
Região Metropolitana de Salvador
Em Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz, a restrição de locomoção noturna ocorrerá das 20h às 5h, entre os dias 3 e 7 de junho. No dias 1º e 2, o toque de recolher será das 22h às 5h.
Ainda nesses municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS), a venda de bebida alcoólica fica proibida em quaisquer estabelecimentos, inclusive por delivery, das 20h de 4 de junho até as 5h de 7 de junho.
A circulação dos ferry boats será suspensa das 22h30 às 5h, no período de 1º de junho a 8 de junho, ficando vedado o funcionamento nos dias 5 e 6 de junho. As lanchinhas não devem circular das 22h30 às 5h, até 8 de junho, limitada a ocupação ao máximo de 50% da capacidade da embarcação nos dias 5 e 6 de junho.
De 4 de junho a 6 de junho, a circulação dos meios de transporte metropolitanos será suspensa das 20h30 às 5h. Também de 4 de junho a 6 de junho, os ferry boats e as lanchinhas não devem circular das 20h30 às 5h.
Aulas
As unidades de ensino públicas e particulares podem manter as atividades de forma semipresencial. Para que isso ocorra, é necessário que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid esteja abaixo de 75%, por cinco dias consecutivos, nas regiões de saúde.
Além disso, as atividades letivas devem ficar condicionadas à ocupação máxima de 50% da capacidade de cada sala de aula e ao atendimento dos protocolos sanitários estabelecidos.
Eventos e shows
Os eventos e atividades que envolvam aglomeração de pessoas continuam proibidos até 8 de junho, em todo o território baiano, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados. Segue suspensa ainda, até 8 de junho, a realização de shows, festas, públicas ou privadas, e afins, independentemente do número de participantes, além de atividades esportivas amadoras em todos os municípios baianos.
Os eventos exclusivamente científicos e profissionais podem ocorrer com público limitado a 50 pessoas. Já os atos religiosos litúrgicos ficam permitidos mediante a ocupação máxima de 25% da capacidade do local. O funcionamento das academias também permanece autorizado mediante a ocupação máxima de 50%.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disponibilizará mais 5,9 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas por ela ao Ministério da Saúde neste sábado (29). O quantitativo começará a ser distribuído aos estados hoje. O envio deve ocorrer pelos próximos dias.
As doses serão entregues ao centro de distribuição do Ministério, na cidade de Guarulhos (SP). O estado do Rio de Janeiro receberá diretamente seu lote, uma vez que a sede da unidade de fabricação da Fiocruz fica na capital fluminense.
Com essas 5,9 milhões, serão 46 milhões de doses de vacinas entregues pelo consórcio. A previsão é que até o início de julho a Fundação Oswaldo Cruz entregue mais 16 milhões de doses, totalizando 62 milhões.
O Plano Nacional de Operacionalização da Imunização Contra a Covid-19 foi atualizado, conforme anúncio do Ministério da Saúde de sexta-feira. Com o fim da imunização das pessoas com comorbidade e pessoas com deficiência, os será a vez dos profissionais da educação receberem as vacinas.
Pessoas com comorbidades acima de 18 anos e pessoas com idade igual ou superior a 56 anos receberão a primeira dose da vacina contra a Covid-19 neste sábado (29) em Ilhéus. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o serviço será ofertado das 8h às 13h, em pontos de drive-thru e nas unidades básicas de saúde.
Maiores de 18 anos com comorbidades serão vacinados nas unidades básicas de saúde. Já o público com idade igual ou superior a 56 anos receberá a primeira dose tanto nas unidades de saúde quanto nos pontos de drive-thru, montados na Avenida Soares Lopes, próximo ao Centro de Convenções, e na Praça São João Batista, no Pontal.
É importante a apresentação do CPF, cartão do SUS, carteira de vacinação e receita, laudo ou relatório médico que comprove a comorbidade.
Excepcionalmente no sábado, as salas de vacina funcionarão nas seguintes unidades:
– CAE III;
– PSF Conquista;
– UBS Joaquim Sampaio;
– UBS Euler Ázaro;
– UBS Banco da Vitória;
– UBS Posto Sarah Kubitscheck;
– PSF Nelson Costa;
– UBS Hernani Sá;
– PSF Nossa Senhora da Vitória;
– PSF Ilhéus II;
– UBS Olivença;
– PSF Salobrinho
Pontos de drive-thru (apenas para o público com idade igual ou superior a 56 anos):
– Avenida Soares Lopes – próximo ao Centro de Convenções
– Praça São João Batista, Pontal – ao lado da Igreja São João Batista
De acordo com o decreto publicado no último domingo (23) no Diário Oficial do Estado, o toque de recolher em Salvador e região metropolitana começará mais cedo, neste final de semana. A partir desta sexta-feira (28) até domingo (30), a restrição da locomoção noturna de pessoas será das 20h às 5h.
Também neste fim de semana, tanto na capital quanto na RMS, o funcionamento dos bares e restaurantes deve estar restrito à comercialização de alimentos e bebidas não alcoólicas, pois das 20h desta sexta (28) até as 5h de segunda-feira (31), fica proibida a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery).
Transporte
Desta sexta (28) até domingo (30), o funcionamento dos meios de transporte metropolitanos fica suspenso no período das 20h30 às 5h, mesmo horário de suspensão do ferry-boat nesta sexta-feira. Já no sábado (29) e no domingo (30), o ferry não irá funcionar.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informa que retomará a vacinação da primeira dose contra a Covid-19 nesta sexta-feira (28) para o público com comorbidades acima de 18 anos; idosos com mais de 60 anos e pessoas com idade acima de 58 anos. As doses serão ofertadas nas unidades básicas de saúde, de acordo com o horário de funcionamento de cada unidade; no CMAE, das 8h às 12h e das 13h às 15h; na Cruzada do Bem pelo Bem e nas unidades do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), das 8h às 14h.
É importante a apresentação do CPF, cartão do SUS, carteira de vacinação e receita ou relatório médico que comprove a comorbidade. O grupo composto por pessoas com comorbidades acima de 18 anos e idosos com mais de 60 anos será vacinado nos postos de saúde e no CMAE. Já as pessoas com idade acima de 58 anos serão imunizadas na Cruzada do Bem pelo Bem e nas unidades do CRAS.
2ª dose – O público com 2ª dose da vacina de Oxford/AstraZeneca ou CoronaVac marcada no cartão para 28 de maio de 2021 também deve comparecer ao CMAE, das 8h às 12h e das 13h às 15h. É indispensável a apresentação do CPF ou cartão do SUS e do cartão de vacinação constando a primeira dose.
As salas de vacina funcionam nas seguintes unidades:
Com o funcionamento do Hospital Materno-Infantil, a oferta de serviços de saúde será ampliada em Ilhéus. Durante reunião com representantes da Faculdade Santo Agostinho, polo de Itabuna, o prefeito Mário Alexandre frisou que a parceria com a instituição de ensino proporcionará benefícios aos alunos da área médica e usuários do serviço público de saúde. De acordo com ele, o município tornou-se referência em saúde, em função dos grandes investimentos direcionados à pasta.
“Firmamos o convênio com a Faculdade Santo Agostinho para capacitar os novos profissionais na cidade de Ilhéus, com a oferta de residência médica nas áreas de pediatria, ginecologia e saúde pública. Então, o médico vai se especializar e atender à população. Essa parceria é fundamental para dar a qualidade de vida ao nosso povo”, frisou o prefeito.
A parceria estabelecida para implantar a residência médica no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio visa melhorar a qualidade na assistência, além de aprimorar os conhecimentos dos profissionais. “Agradecemos ao prefeito pela parceria, que vai ser muito profícua para a nossa região. Estamos fazendo convênio com o Município para internato e práticas pedagógicas dos nossos alunos. É um avanço, um passo extremamente importante para termos uma educação de excelência”, declarou a médica Mércia Margotto.
Na ocasião, o grupo também agradeceu à Prefeitura pela oportunidade de ampliar o alcance da educação, pelo incentivo ao aprendizado e por estreitar o vínculo com instituições acadêmicas da região. Estiveram presentes na reunião o vice-prefeito, Bebeto Galvão; o procurador-geral do Município, Jefferson Domingues; o secretário de Saúde, Geraldo Magela; e o coordenador do Comitê Operacional de Emergência (COE), André Cezário.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27) em depoimento à CPI da Pandemia que fez a primeira oferta de vacinas contra a covid-19 ao Ministério da Saúde em 30 julho de 2020, mas ficou sem resposta. Eram 60 milhões de doses, que seriam entregues no último trimestre daquele ano.
Segundo ele, o Brasil poderia ter sido o primeiro no mundo a iniciar a vacinação “se todos os atores” tivessem colaborado. Dimas Covas disse que manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra a vacina deixaram as negociações “em suspenso” e atrasaram o começo da vacinação no país.
Em dezembro, o laboratório tinha quase 10 milhões de doses da CoronaVac ( 5,5 milhões de doses prontas e 4 milhões em processamento). A vacinação no mundo começou em dezembro. No Brasil, apenas em 17 de janeiro.
— O mundo começou a vacinar no dia 8 de dezembro. O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação, se não fossem esses percalços, tanto contratuais como de regulamentação — disse Dimas Covas, que entregou à CPI ofícios para comprovar seu depoimento.
As “idas e vindas” nas negociações com o governo federal e a demora na assinatura do contrato atrasaram o cronograma e a oferta de vacinas. Segundo Covas, o contrato com o Ministério da Saúde avançou e ficou perto de um desfecho positivo em outubro, com a assinatura de um protocolo de intenções no dia 19 para fornecimento de 46 milhões de doses e a sinalização da edição de uma medida provisória para permitir a compra.
No dia seguinte, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello chegou a anunciar a compra dos imunizantes, mas, segundo Covas, o contrato ficou em “suspenso” por quase três meses após declarações de Jair Bolsonaro contra a aquisição dos imunizantes.
— Infelizmente essas conversações não prosseguiram, porque houve, sim, aí, uma manifestação do presidente da República, naquele momento, dizendo que a vacina não seria de fato incorporada, não haveria o progresso desse processo. […] Houve, no dia 19, um dia antes da reunião com o ministro, um documento do ministério que era um compromisso de incorporação, mas após, esse compromisso ficou em suspenso e, de fato, só foi concretizado em 7 de janeiro — relatou.
Naquele momento, afirmou Dimas Covas, o Instituto Butantan tinha a capacidade de produzir 100 milhões de doses até maio. O diretor classificou o recuo do Ministério da Saúde como “frustrante” e relatou que havia incertezas no financiamento da produção da vacina, mas recebeu o apoio do governador de São Paulo, João Dória, e de outros governadores e prefeitos.
— Até esse momento, o Butantan custeava todas as despesas do estudo clínico, da vida da matéria-prima, da transferência de tecnologia, com essa pressão muito grande dos estados e municípios. O governador do estado de São Paulo veio em suplência a isso, deu todo o apoio, outros estados também. Na realidade, 17 estados fizeram termos de intenção de aquisição da vacina e muitos municípios do Brasil — apontou.
Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), as informações de Dimas Covas indicam que, sem contar outros imunizantes, o país já teria 50 milhões de pessoas imunizadas apenas com a CoronaVac, se o governo federal não tivesse sido omisso.
— O Brasil poderia ter imunizado 50 milhões de brasileiros com duas doses até maio — apontou Randolfe, vice-presidente da CPI.
Negociações com o ministério
Ao detalhar os contatos com o Ministério da Saúde e com a farmacêutica chinesa Sinovac, Dimas Covas disse que em abril de 2020 já havia contatado alguns laboratórios para iniciar parcerias, mas optou pela CoronaVac, que era a vacina até então mais desenvolvida.
Em junho de 2020, apontou o diretor, começaram os estudos clínicos no país. Na sequência, Butantan e Ministério da Saúde iniciaram os contatos técnicos e as negociações.
— Eu mandei um ofício, no dia 30 de julho de 2020, em que ressaltamos a importância de tomar essa iniciativa num momento em que ainda não se tinha vacina. Ofertamos, naquele momento, 60 milhões de doses, que poderiam ser entregues no último trimestre de 2020. Um pouquinho depois, como não houve aí uma resposta efetiva, nós reforçamos o ofício — afirmou.
Críticas à China
Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) e outros senadores sobre as consequências das declarações contra a China por parte de membros do governo federal e de campanhas de difamação da vacina CoronaVac nas redes sociais, Covas afirmou que a postura atrapalha a liberação de insumos de imunizantes para o Brasil e impediu a vacinação de milhões de pessoas num prazo anterior ao que acabou ocorrendo:
— Cada declaração que ocorre aqui no Brasil repercute na imprensa da China. As pessoas da China têm grande orgulho da contribuição que a China dá ao mundo neste momento. Então, obviamente isso se reflete nas dificuldades burocráticas, que eram normalmente resolvidas em 15 dias, e hoje demoram mais de mês para serem resolvidas.
Segundo Covas, o problema ameaça a entrega de todas as 54 milhões de doses da vacina até 30 de setembro, como inicialmente previsto. Nesta quinta-feira (27), o Butantan retomou a produção da CoronaVac. Paralisado desde o dia 14 de maio por falta de matéria-prima, o envase foi reiniciado após o recebimento de 3 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA)
Doria x Bolsonaro
Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou um vídeo do documentário A Corrida das Vacinas que mostra um áudio vazado de uma conversa entre Doria e Dimas Covas. O senador alegou que a peça é uma prova de que o governador agiu politicamente e foi “grosseiro” com relação ao interlocutor chinês.
— Que tipo de relação era essa do governador com os chineses? Ele fala em “pegar esse chinês pelo pescoço”; o senhor considera atitudes como essa favoráveis ao relacionamento do Brasil com a China.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a fala foi uma demonstração de um agente político que estava em busca de vacinas.
Para os senadores Randolfe Rodrigues, Humberto Costa (PT-PE) e Simone Tebet (MDB-MS), o depoimento de Dimas Covas reforça que o governo federal foi omisso na compra de vacinas. Eles também defenderam o governador João Doria:
— Enquanto ele estava batendo na mesa querendo vacina, o de cá estava oferecendo cloroquina a uma ema. É uma diferença grande — disse Humberto Costa.
Segundo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), o depoimento de Dimas Covas mostra, na verdade, que o governo federal estava negociando com o Butantan e sempre foi parceiro da instituição.
— Não houve nenhum embaraço da parte do governo federal — afirmou.