O “Estado de S. Paulo” garantiu nesta segunda-feira, 27, na Justiça Federal o direito de obter os testes de covid-19 feitos pelo presidente Jair Bolsonaro. Por decisão da juíza Ana Lúcia Petri Betto, a União terá um prazo de 48 horas para fornecer “os laudos de todos os exames” feitos pelo presidente da República para identificar a infecção ou não pelo novo coronavírus. Bolsonaro já disse que o resultado dos exames deu negativo, mas se recusou até hoje a divulgar os papéis.
Para os advogados do Estado, a velocidade de agravamento do quadro sanitário do País “exige informações corretas e precisas a respeito do tema e respostas rápidas e incisivas do Judiciário, especialmente diante da notória postura errática, desdenhosa e negacionista do Presidente da República em relação à pandemia da COVID-19”.
“No atual momento de pandemia que assola não só Brasil, mas o mundo inteiro, os fundamentos da República não podem ser negligenciados, em especial quanto aos deveres de informação e transparência. Repise-se que ‘todo poder emana do povo’ (art. 1º, parágrafo único, da CF/88), de modo que os mandantes do poder têm o direito de serem informados quanto ao real estado de saúde do representante eleito”, observou a juíza, ao atender ao pedido feito pelo Estado – leia a decisão aqui.
Caetanos, Caldeirão Grande, Camamu, Gandu, Ibotirama, Laje, Lajedo do Tabocal, Livramento de Nossa Senhora, Nilo Peçanha, Oliveira dos Brejinhos, Santaluz e Ubaitaba terão o transporte intermunicipal suspenso a partir de quarta-feira (29). A decisão, que visa conter o avanço da pandemia do novo coronavírus na Bahia, foi publicada em decreto no Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (28).
O decreto também autoriza a retomada do transporte em Serra do Ramalho, município que completou 14 dias sem novos casos de Covid-19 confirmados. No total, 92 cidades baianas estão com restrição no transporte intermunicipal. A medida considera a circulação, saída e chegada de qualquer transporte coletivo intermunicipal, público e privado, rodoviário e hidroviário, nas modalidades regular, fretamento, complementar, alternativo e de vans.
Outros municípios com transporte suspenso são: Abaíra, Acajutiba, Água Fria, Aiquara, Alagoinhas, Almadina, Amélia Rodrigues, Barro Preto, Buerarema, Camacã, Camaçari, Campo Alegre de Lourdes, Canavieiras, Candeias, Capim Grosso, Castro Alves, Catu, Coaraci, Conceição do Jacuípe, Coração de Maria, Cravolândia, Cruz das Almas, Curaçá, Dias D’Ávila, Eunápolis, Feira de Santana, Floresta Azul, Gongogi, Ibicaraí, Ibirataia, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irecê, Itabela, Itaberaba, Itabuna, Itacaré, Itagibá, Itajuípe, Itamari, Itaparica, Itapé, Itapebi, Itapetinga, Jaguaquara, Jequié e Juazeiro.
A suspensão ainda inclui Lauro de Freitas, Licínio de Almeida, Luís Eduardo Magalhães, Maragogipe, Mirante, Morpará, Mucugê, Paramirim, Paulo Afonso, Porto Seguro, Ribeira do Pombal, Rio do Pires, Rio Real, Salvador, Santa Cruz Cabrália, Santa Luzia, Santa Teresinha, São Francisco do Conde, São José da Vitória, Sátiro Dias, Serra Preta, Serrinha, Simões Filho, Taperoá, Teixeira de Freitas, Ubatã, Una, Uruçuca, Valença, Valente, Vera Cruz e Vitória da Conquista.
Apesar das convenções municipais estarem longe e o atual momento ser delicado por conta da pandemia, partidos da base do prefeito Mário Alexandre, estão se movimentando para indicar o vice na chapa para a eleição de 5 de outubro deste ano.
Depois do PSB, agora chegou a vez do PSL colocar um nome na sugestão de vice, com direito ao apadrinhamento da deputada federal e líder do partido da Bahia, Dayane Pimentel. O nome escolhido pelo PSL, é o da advogada Rúbia Carvalho.
Nos bastidores dos assessores do prefeito, o nome de Rúbia é bem avaliada, goza de prestígio e boa aceitação junto à população e ao prefeito. Mas dificilmente o PSL vai indicar o vice, por estar na oposição ao governador Rui Costa (PT).
Segundo assessores do prefeito, o vice vai sair de um partido de esquerda, que esteja tanto na base municipal como também na base estadual e em total sintonia com o governador.
Há pelo menos um mês, o prefeito Mário Alexandre falou ao Blog Agravo que o governador Rui Costa (PT) irá indicar seu vice. Esse é o compromisso selado entre os dois.
O único partido de esquerda, que se encaixa nesses quesitos no momento, é o PSB do ex- deputado Bebeto Galvão. Curiosamente, um dos nomes mais fortes para a vice de Mário, o advogado Marcos Flávio, saiu do PSDB para o PSB e se coloca como uma opção.
Dentro do PSB, o nome de Marcos Flávio não é unanimidade, já que é considerado da cozinha do prefeito. O partido tem nomes de filiados antigos como opção; o advogado Edson Silva, do ex-vereador Jailson Nascimento, além do presidente da sigla Diego Messias.
“Quem tem que indicar é o PSB e não Mário colocar um nome dentro do partido, e ele mesmo escolher o nome”, colocou um membro do PSB em conversa com o Blog Agravo.
Se Marcos Flávio não é unanimidade dentro do PSB, no grupo do prefeito o nome é o que mais agrada. Não só ao grupo, mas também ao prefeito Mário Alexandre.
Mas temos que invocar a famosa frase de Magalhães Pinto, “Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
André Luiz de Almeida Mendonça e Alexandre Ramagem Rodrigues são nomeados ministro da Justiça e Segurança Pública e diretor-geral da Polícia Federal (PF), respectivamente. Os decretos assinados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, estão publicados no Diário Oficial da União desta terça-feira (28). André Mendonça passa a ocupar o comando do ministério com a saída de Sergio Moro e Alexandre Ramagem a chefia da PF no lugar de Maurício Valeixo.
André Mendonça, de 46 anos, é natural de Santos, em São Paulo, advogado, formado pela faculdade de direito de Bauru (SP). Ele também é doutor em estado de direito e governança global e mestre em estratégias anticorrupção e políticas de integridade pela Universidade de Salamanca, na Espanha; é pós-graduado em direito público pela Universidade de Brasília.
É advogado da União desde 2000, tendo exercido, na instituição, os cargos de corregedor-geral da Advocacia da União e de diretor de Patrimônio e Probidade, dentre outros. Recentemente, na Controladoria-Geral da União (CGU), como assessor especial do ministro, coordenou equipes de negociação de acordos de leniência celebrados pela União e empresas privadas.
Alexandre Ramagem, que exercia o cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é graduado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ingressou na Polícia Federal (PF) em 2005 e atualmente é delegado de classe especial. Sua primeira lotação foi na Superintendência Regional da PF no estado de Roraima.
Em 2007, ele foi nomeado delegado regional de Combate ao Crime Organizado. Ramagem foi transferido, em 2011, para a sede do PF em Brasília, com a missão de criar e chefiar Unidade de Repressão a Crimes contra a Pessoa. Em 2013, assumiu a chefia da Divisão de Administração de Recursos Humanos e, a partir de 2016, passou a chefiar a Divisão de Estudos, Legislações e Pareceres da PFl.
Em 2017, tendo em conta a evolução dos trabalhos da operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, Ramagem foi convidado a integrar a equipe de policiais federais responsável pela investigação e Inteligência de polícia judiciária no âmbito dessa operação. A partir das atividades desenvolvidas, passou a coordenar o trabalho da PF junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Regional, com sede no Rio de Janeiro.
Em 2018, assumiu a Coordenação de Recursos Humanos da Polícia Federal, na condição de substituto do diretor de Gestão de Pessoal. Em razão de seus conhecimentos operacionais nas áreas de segurança e Inteligência, assumiu, ainda em 2018, a Coordenação de Segurança do então candidato e atual presidente da República, Jair Bolsonaro.
Bahia registra 2.365 casos confirmados de Covid-19, o que representa 20,61% do total de casos notificados no estado. Considerando o número de 501 pacientes recuperados e 83 óbitos, 1.172 pessoas permanecem monitoradas pela vigilância epidemiológica e com sintomas da Covid-19, o que são chamados de casos ativos.
Os casos confirmados ocorreram em 123 municípios do estado, com maior proporção em Salvador (60,36%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 1.000.000 habitantes foram Ilhéus (1096,55), Uruçuca (1023,44), Coaraci (765,02,48), Itabuna (694,11) e Gongogi (561,17).
No momento, 253 pacientes confirmados para Covid-19 em toda a Bahia encontram-se internados, sendo 73 em UTI. O boletim epidemiológico registra 5.360 casos descartados e 11.430 notificações em toda a Bahia. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais.
Óbitos
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) contabiliza 83 mortes pelo coronavírus nos seguintes municípios: Adustina (1); Água Fria (1); Araci (1); Belmonte (1); Camaçari (1); Capim Grosso (1), Catu (1), sendo que a paciente foi contaminada na capital baiana; Feira de Santana (1); Gongogi (2); Ilhéus (4); Ipiaú (1); Itabuna (3); Itagibá (1); Itapé (1); Itapetinga (2); Juazeiro (1); Lauro de Freitas (5), um dos óbitos era residente no Rio de Janeiro; Nilo Peçanha (1); Salvador (48); Uruçuca (4); Utinga (1); Vitória da Conquista (1). Estes números contabilizam todos os registros de janeiro até às 17 horas desta segunda-feira (27).
O 77º óbito foi registrado em 25 de abril, no entanto, apenas hoje (27) a vigilância epidemiológica estadual obteve acesso a Declaração de Óbito do paciente que estava internado em um hospital filantrópico de Salvador, mesmo após reiterados contatos telefônicos e o envio de e-mails para a unidade. A paciente era uma mulher de 60 anos, com histórico de diabetes e doença cardiovascular.
O 78º óbito foi registrado em 26 de abril. A paciente era uma mulher de 82 anos, residente em Salvador, que estava assintomática e possuía histórico de hipertensão, hipotireoidismo e doença de Alzheimer. Ela estava internada em um hospital filantrópico da capital baiana.
O 79º óbito foi registrado em 26 de abril. O paciente era um homem de 70 anos, residente em Salvador, com histórico de diabetes e doença cardiovascular. Ele estava internado em um hospital filantrópico da capital baiana.
O 80º óbito foi registrado em 24 de abril. O paciente era um homem de 25 anos, residente em Salvador, com histórico de Sarcoma Mielóide de Mediastino. Ele estava internado em um hospital filantrópico da capital baiana.
O 81º óbito foi registrado em 25 de abril. A paciente era uma mulher de 88 anos, residente em Salvador, com histórico de hipertensão e doença cardiovascular. Ela estava internada em um hospital filantrópico da capital baiana.
O 82º óbito foi registrado em 26 de abril. A paciente era uma mulher de 62 anos, residente em Salvador, com histórico de doença pulmonar obstrutiva crônica. Ela estava internada em um hospital filantrópico da capital baiana.
O 83º óbito foi registrado em 23 de abril. O paciente era um homem de 39 anos, residente em Salvador, com histórico de hipertensão, diabetes e epilepsia. Ele estava internado em um hospital filantrópico da capital baiana.
Faixa etária
No momento, 58,82% dos casos confirmados são do sexo feminino. A faixa etária mais acometida pela Covid-19 foi a de 30 a 39 anos, representando 28,01% do total. O coeficiente de incidência por 1.000.000 habitantes foi maior na faixa etária de 80 anos ou mais (405,93/ 1.000.000 habitantes), indicando que o risco de adoecer foi maior nesta faixa, seguida de 30 a 39 anos (287,69/ 1.000.000 habitantes).
Ressaltamos que os números são dinâmicos e, na medida em que as investigações clínicas e epidemiológicas avançam, os casos são reavaliados, sendo passíveis de reenquadramento na sua classificação. Outras informações em saude.ba.gov.br/coronavirus.
Para acessar o boletim completo, com a lista de municípios com casos confirmados, clique aqui.
O Governo do Estado entregou nesta segunda-feira (27), no sul da Bahia, 5,5 mil litros de álcool 70%, 8,2 mil máscaras de TNT e 2 mil máscaras acrílicas de proteção facial do tipo Face Shield, para utilização em unidades de saúde, além de 5 mil máscaras de tecido para estudantes. Os materiais foram entregues para a Prefeitura Municipal de Ilhéus, Santa Casa de Misericórdia (Itabuna), Hospital de Base (Itabuna), Hospital Regional Costa do Cacau (Ilhéus) e Núcleo Territorial de Educação (NTE) de Itabuna.
“São materiais essenciais para combater o avanço da pandemia do novo Coronavírus nesta que é uma região que muito tem nos preocupado. Inclusive neste final de semana tivemos a ação da Polícia Militar em Ilhéus e Itabuna, que atuou para coibir o descumprimento de decretos sobre o funcionamento do comércio. São ações distintas com o objetivo de proteger as pessoas desta doença que já contaminou três milhões de pessoas no mundo inteiro”, destacou o secretário do Planejamento, Walter Pinheiro.
A entrega é fruto de uma parceria das secretarias estaduais do Planejamento (Seplan), da Educação (SEC), de Desenvolvimento Rural (SDR) e de Desenvolvimento Econômico (SDE). “A união do setor público com o privado tem sido fundamental para que a Bahia resista à pandemia do Covid-19 e mantenha-se firme na proteção dos baianos e baianas. Essa doação para a região Sul é mais uma ação do Governo do Estado no combate ao contágio”, afirma o vice-governador João Leão, secretário de Desenvolvimento Econômico.
As máscaras de tecido fornecidas para o NTE, para que estudantes da rede estadual e suas famílias possam fazer uso do vale-alimentação estudantil com mais proteção nos supermercados, fazem parte do lote de 200 mil unidades que começaram a ser distribuídas, na capital e no interior, a partir da última sexta-feira (24). São 50 mil unidades, fruto do edital estadual para fabricação de máscaras artesanais, e 150 mil máscaras arrecadadas pela Associação Comercial da Bahia (ACB). O NTE também recebeu 5 mil frascos (500 ml) de álcool em gel.
Já as máscaras do tipo Face Shield são equipamentos de proteção individual para uso nas unidades de saúde, extremamente seguras, de dupla proteção, reutilizáveis, e que evitam o contato com gotículas, salivas e fluídos nasais que possam atingir o rosto, o nariz, a boca e os olhos dos profissionais.
Foi aberto na manhã desta segunda-feira (27) o primeiro Centro de Atendimento Covid-19 do interior da Bahia, no Centro de Convenções de Ilhéus. A entrega, que foi realizada pelo Prefeito Mário Alexandre juntamente com a equipe de governo e da saúde, contou com a presença de autoridades e momentos de orações.
Em seu pronunciamento, o gestor destacou que “o melhor remédio para o coronavírus ainda é o isolamento e o distanciamento social, assim como o uso obrigatório da máscara de proteção. O equilíbrio econômico resolveremos depois. Já as vidas, precisamos cuidar agora. Nossas equipes estão trabalhando diuturnamente para evitar aglomerações. Que Deus possa nos abençoar e que possamos orientar e salvar vidas”, destacou o prefeito Mário Alexandre.
Logo após, o Padre Cristo e o Pastor Joás dos Santos realizaram orações com palavras de fé e pedidos de bençãos, marcando a abertura dos trabalhos e entrega da unidade. Com 12 leitos na sala amarela e 10 leitos na sala vermelha, o Centro de Triagem Covid-19 de Ilhéus vai receber casos leves de pessoas com suspeita de infecção por coronavírus, e pacientes que apresentam a progressão dos sintomas, como falta de ar.
De acordo com o Secretário de Saúde de Ilhéus, Geraldo Magela, uma equipe de aproximadamente 20 profissionais entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, maqueiros, serviços gerais e pessoas para atendimento, compõem o quadro para esse primeiro momento. O funcionamento é 24 horas com médico plantonista, de porta aberta. “Os nossos profissionais foram preparados para um atendimento humanizado. Todas as síndromes respiratórias agora serão direcionadas para esta unidade”, explicou.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia atuou em parceria com a Prefeitura de Ilhéus para a montagem e estruturação da unidade.
O ex-deputado federal e suplente de senador, Bebeto Galvão, divulgou na manhã desta segunda-feira (27), um vídeo informando que apresentou um quadro gripal e fez um teste para Covid-19, que deu positivo.
Segundo Bebeto, neste momento ele se encontra em quarentena em sua residência em Salvador.
“ A doença não escolhe hora, dia, cidade, e quem atacar, em modo silencioso. O que resta a cada um de nós, é nos preservamos, cuidar da saúde e manter as orientações das autoridades públicas”, explicitou Bebeto.
O presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), enviou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, pedido para que seja determinada com urgência ao Poder Executivo a manutenção dos serviços de segurança prestados pela Polícia Federal (PF) ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e sua família.
O ex-ministro pediu exoneração do cargo na última sexta-feira (24), após denunciar tentativas do presidente da República, Jair Bolsonaro, de interferir politicamente em investigações em curso na PF.
“Tal solicitação se deve ao fato de ser o senhor Sérgio Moro cidadão de renome nacional que pode ser alvo de ataques contra sua integridade física e de sua família, tendo em vista sua atuação como juiz na operação Lava-jato e também das ações desenvolvidas à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, afirma Capitão Augusto.
Apesar de o distanciamento entre as pessoas ser um procedimento utilizado desde a antiguidade para evitar o contágio de doenças, é na atual pandemia de coronavírus que está ocorrendo, pela primeira vez, uma quarentena de proporção global. A análise é do pesquisador e autor do livro Pandemias – a Humanidade em Risco, o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Stefan Cunha Ujvari.
Ao menos 1,5 bilhão de pessoas no mundo estão sendo afetadas pelas ações de combate ao coronavírus, como o fechamento de escolas, o isolamento social ou quarentenas. Os dados, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), levam em conta somente o impacto nas crianças afastadas da escola, e mostram a força que uma pandemia tem em alterar o cotidiano das pessoas.
De acordo com o pesquisador, a atual pandemia tem ecos do passado, ou seja, elementos comuns às pandemias antigas, como o pânico e o aparecimento de fake news. No entanto, ela traz a novidade da realização de uma quarentena global, praticamente sendo feita, ao mesmo tempo, por centenas de países.
“Não tem como a gente comparar [a atual pandemia]. É uma questão única essa, de praticamente a gente ter parado o planeta todo por causa de uma epidemia nova e todos os problemas que ela vai causar no sistema de saúde e, basicamente, na economia. Não tem uma comparação, é um caso único, de quarentena geral, de praticamente todos os países”, disse.
Peste Negra
De acordo com o pesquisador, apesar das diferenças, muito do que as pessoas estão atualmente enfrentando, como o isolamento e a diminuição do comércio, já foi vivido pelas gerações que passaram por pandemias anteriores, como a Peste Negra ou Peste Bubônica, por exemplo.
“O comércio parava, porque as cidades próximas ficavam com medo da Peste Bubônica chegar na cidade. Fechavam os portões da cidade, não tinha trâmite comercial, a economia declinava naquela cidade. As pessoas ficavam dentro de casa, praticamente isoladas, porque elas achavam, naquela época, que uma das causas da epidemia eram os miasmas, que seriam gases venenosos que saíam do solo ou mesmo das pessoas que morriam”, disse.
A Peste Negra devastou a Europa entre 1347 e 1351, causando um número de mortes superior a qualquer outra epidemia ou guerra até então. Houve vários surtos graves da doença até 1400 no continente. Estudos indicam que a praga, surgida na China, foi causada pela bactéria Yersinia pestis, que infectava humanos por meio da pulga Xenopsylla cheopis, que geralmente vive em ratos.
“As pessoas ficavam dentro de casa, isoladas, janelas fechadas, para os ventos não trazerem os miasmas. Os cadáveres eram colocados na porta das casas e os órgãos dos governos das cidades levavam em carroças, enterravam em valas coletivas, era um verdadeiro caos”, disse Cunha.
A doença foi levada, por meio do transporte naval até os portos do Mar Mediterrâneo, de onde se espalhou afetando a Itália, o norte da África, Espanha, França, Áustria, Hungria, Suíça, Alemanha e Países Baixos. Em seguida, a epidemia atingiu a Inglaterra, a Escócia, Escandinávia e os países bálticos.
“Essa é a mais significativa epidemia porque em um curto espaço de tempo, ela matou um terço de toda a população da Europa. Depois disso, ficou eclodindo em algumas cidades até o século 18”, diz Cunha.
Gripe Espanhola
Segundo o pesquisador, sempre houve nessas grandes epidemias uma característica básica que era o pânico. “A Gripe Espanhola de 1918 gerava pânico e hoje a gente vê que acaba a cloroquina nas farmácias, acabam máscaras. Naquela época, acabavam nas mercearias a cachaça, o alho e o limão, porque as pessoas acreditavam que eram substâncias que preveniam a doença”, disse Cunha.
A epidemia de Gripe Espanhola, a partir de 1918, foi o surto de gripe mais grave do século 20. Considerando a mortalidade causada pela doença, foi uma das epidemias mais devastadora da história da humanidade. A doença, que afetou praticamente todo o mundo, era transmitida de pessoa para pessoa por meio de secreções respiratórias. A gripe foi causada por um subtipo H1N1 do vírus Influenza, e resultou na morte de 25 a 50 milhões de pessoas.
Estudos indicam que a epidemia começou a ser registrada nos Estados Unidos, no estado do Kansas. O primeiro surto ocorreu inicialmente em março de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial. Em julho, o vírus atingiu a Polônia. A gripe era seguida, normalmente, de uma pneumonia, que podia matar poucos dias depois do aparecimento dos sintomas da gripe.
Como a Espanha foi neutra na Primeira Guerra Mundial, a imprensa local – que não estava sob censura em razão do conflito – noticiava normalmente as ocorrências relativas à pandemia no país. Nos demais países que participavam do conflito, o tema era censurado nos jornais. Dessa forma, ilusoriamente, a Espanha registrava maior número de casos da doença, que acabou sendo batizada com o nome do país europeu.
No Brasil, a epidemia chegou em setembro de 1918, por meio do o navio inglês Demerara, vindo de Lisboa. Dele, desembarcaram pessoas em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Em pouco mais de duas semanas, além dessas cidades, surgiram casos de gripe em outras localidades do Nordeste e em São Paulo. Estima-se que, só no Rio de Janeiro, tenham morrido 14.348 pessoas. Em São Paulo, cerca de 2 mil pessoas morreram.
“No século 20, a gente teve a chegada da Gripe Espanhola no Brasil, uma espécie de globalização da doença. Aqui acabou tendo um impacto muito grande na economia e na mortalidade das grandes cidades brasileiras”, disse Cunha.
Gripe Suína
Noventa anos depois da Gripe Espanhola, uma nova cepa do vírus H1N1 Influenza voltou a circular e causou nova pandemia. Originalmente, a doença era chamada de gripe suína porque havia a suspeita de que o vírus tivesse sido transmitido ao homem a partir de porcos. A doença começou a ser registrada inicialmente no México e depois se espalhou pelos Estados Unidos.
O surto de H1N1 de 2009 não foi tão mortal quanto a pandemia de 1918 a 1919. No entanto, o vírus era altamente contagioso e se espalhou rapidamente, o que fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitisse um alerta de pandemia em abril de 2009. “A gente teve a chegada de outra grande epidemia que foi a nossa gripe suína de 2009. Ela acabou chegando aqui causando surpresa, que foi a mortalidade de população jovem, e poupando os idosos”, disse Cunha.
A entrevista de Stefan Cunha Ujvari foi dada ao programa Na Trilha da História, da Rádio Nacional FM, e pode ser ouvida aqui.