Quem viu o estudante João Pedro de Oliveira, de 11 anos, caminhando pelos corredores e saindo, de mãos dadas com mãe, do Hospital Manoel Novaes, nesta segunda-feira (18), não imagina que o menino passou, recentemente, por uma cirurgia muito complexa para a retirada de pedaços de ossos de dentro do cérebro. Ele sofreu um acidente grave, numa praça pública, em Camacan, na tarde do dia 9 deste mês. O menino é considerado mais um milagre da medicina.
João Pedro teve a cabeça perfurada por um vergalhão retorcido e enferrujado depois de cair de um balanço de um parque infantil. A barra de ferro, que estava debaixo do brinquedo, fez um enorme estrago, quebrando ossos e atingindo o cérebro da criança, que teve força para retirá-lo. Mas, logo depois, o menino ficou sem os movimentos das pernas e começou a perder sangue.
Socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o estudante foi levado para o hospital de Camacan e, pela gravidade, transferido para o Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, onde foi estabilizado e intubado. Cerca de 48 horas depois, a criança passava por uma cirurgia de correção de fratura de afundamento de crânio, com lesão cerebral. O procedimento durou cerca de 3 horas.
ABERTURA DO CRÂNIO
Eram 12h55min quando o médico neurocirurgião pediátrico Fernando Schmitz começou a abertura do crânio, num trabalho minucioso, para retirada de pedaços de ossos que atingiram o cérebro de João Pedro de Oliveira. “Foi um caso complexo porque o ferro penetrou na região superior, parietal esquerda, bem próximo da área de fala. Nessa região tem vasos, o que aumentava o risco de sangramento intenso”, explica o médico.
O que também chamou atenção, segundo o médico Fernando Schmitz, foi que o ferro atingiu a cabeça, quebrado o osso, e atingido o cérebro. “Isso fez com que vários fragmentos, incluído, três pedaços grandes de osso fossem parar dentro do cérebro, com grave machucado. Foi ainda mais surpreendente o fato do paciente ter retirado, por conta própria, o ferro do crânio. Essa ação aumentou o risco de agravamento”.
O neurocirurgião pediátrico acrescenta que a fase de maior complexidade da cirurgia foi a retirada dos pedaços de ossos do cérebro do paciente, sem causar novas lesões, sem aumentar a gravidade do estado de saúde dele. A cirurgia foi um sucesso. Uma tomografia feita no dia seguinte ao procedimento mostrou que não há nenhum fragmento de osso na região do cérebro. Ele ainda tem dificuldades para andar. Agora, o tratamento será com a fisioterapia”, explica o médico.
UM MILAGRE
A mãe de João Pedro de Oliveira, Anna Paula Santana de Oliveira, acredita que o filho terá uma vida normal depois do procedimento. Ela classifica como milagre a cirurgia e a recuperação da criança, que foi extubado um dia depois da cirurgia. Quatro dias depois, ele saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica para um leito clínico, de onde recebeu alta nesta segunda-feira (18). Exatos 9 dias depois da cirurgia.
João Pedro saiu de casa dizendo que iria brincar com os amiguinhos. A mãe resistiu, mas acabou cedendo, com recomendação para que ele não fosse para o parquinho. “Não costumo deixá-lo sair de casa sem a nossa companhia, mas, nesse dia, eu fiz uma concessão porque seria perto e ele quase não sai de casa. Mas João acabou indo para o local do acidente. Brincando no balanço, quando chegou a uma certa altura, ele desequilibrou-se, caiu e bateu a cabeça no vergalhão enferrujado”, recorda-se.
Para surpresa de todos, inclusive dos pais, o menino saiu do hospital caminhando. “A recuperação dele está superando todas as expectativas. Sou muito grata a Deus e ao médico pelo milagre que aconteceu com o meu filho. João Pedro ganhou uma nova vida. Estamos muito felizes e gratos”, conta dona Anna Paula.
Informação da Ascom do Hospital Manoel Novais.