O biólogo Dr. João Carlos Teixeira Dias, professor titular da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), é um dos cientistas que estiveram na Antártica após quase dois anos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), interrompido por conta dos efeitos da pandemia da Covid-19. O pesquisador participa da Rede Nacional de Pesquisa em Biotecnologia Marinha (Rede Biotecmar), que reúne competências e proporciona articulação entre grupos organizados de pesquisa que já tenham definido protocolos comuns de trabalho e interação de capacidades na área.
O professor João Dias desenvolve estudo sobre o degelo das geleiras, analisa a influência do aquecimento global no surgimento de novos microrganismos, e utiliza as esponjas marinhas que agrupam microrganismos específicos como indicadores de mudanças globais e também como fontes de produtos farmacológicos de interesses biotecnológico, portanto, com objetivo tanto em mudanças climáticas como no risco da dispersão desses ‘novos’ organismos microscópicos, que foram congelados há milhões de anos”, explica o professor.
“Esses microrganismos podem se tornar viáveis e serem translocados por nuvens microbianas. O risco é grande porque podem apresentar multirresistência a drogas atualmente existentes, bem como a diversos tipos de fármacos. Eles também, são estudados na prospecção de novos medicamentos com intuito farmacológico. Esse trabalho de Biotecnologia Marinha já é desenvolvido na Uesc”, afirma.
“Atualmente a nossa Uesc é a única universidade da Bahia a desenvolver pesquisas nos modernos laboratórios científicos construídos para a nova Estação Comandante Ferraz, no “continente de gelo”. Por sermos uma instituição de 30 anos, considerada muito nova, é muito importante, em termos de visibilidade para nossa instituição, estarmos presente nessa rede juntamente com grandes instituições nacionais”, comemora o pesquisador, na entrevista publicada no Youtube – https://www.youtube.com/watch?v=cb6VRMJezfc.
A Antártida
O continente antártico é considerado o principal regulador térmico do planeta, pois controla as circulações atmosféricas e oceânicas, influenciando o clima e as condições de vida na Terra. Além disso, é detentora das maiores reservas de gelo (90%) e água doce (70%) do mundo, além de possuir incontáveis recursos minerais e energéticos. Tem uma dimensão de mais de 14 milhões de quilômetros quadrados, quase duas vezes o tamanho do território brasileiro (8,5 milhões de quilômetros quadrados).
Por causa, ainda, das restrições da pandemia, a ida dos pesquisadores ao continente não contou a mesma logística de antes, o tempo de permanência, que era de cerca de um mês, foi estendido para aproximadamente três meses. Além disso, os cientistas tiveram que ficar 10 dias embarcados a bordo do navio de apoio oceanográfico da Marinha, o Ary Rongel, fazendo uma quarentena e sendo submetidos a exames de covid-19.
O tempo de viagem também aumentou. O percurso anterior era feito via Punta Arenas, no extremo sul do Chile. Até ali, os pesquisadores chegavam por via aérea. Em seguida, embarcavam num navio para atravessar o tempestuoso Estreito de Drake até a Península Antártida, ou faziam um novo voo direto até o continente de gelo. Com o Chile fechado, a viagem foi feita de navio a partir do Rio de Janeiro direto para a Antártica, um percurso que durou cerca de 20 dias em alto mar. Foi um período difícil para todos que estavam a bordo.
Programa Antártico Brasileiro
O Programa Antártico Brasileiro foi criado em 12 de janeiro de 1982, é conduzido pela Marinha do Brasil e permite que pesquisadores de diversas áreas realizem pesquisas científicas no continente mais inóspito da Terra.
A Operação Antártica (Operantar) de número 40 foi realizada entre outubro de 2021 e abril de 2022. Na Antártida, as pesquisas de campo do Brasil podem ser realizadas em três áreas: nos laboratórios da estação, nos acampamentos e nos navios polares. Nesse verão, a operação ainda foi restrita para atender os protocolos de segurança por causa da Covid-19. Por isso, apenas 80 cientistas puderam embarcar para o continente gelado.
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