A idosa Odete Pessoa Silva, de 84 anos, ofereceu o braço para a técnica de enfermagem Fatima Lucia e teve a dose de reforço da vacina bivalente contra a Covid-19 aplicada. O idoso João Pereira da Silva, de 90 anos, recebeu o mesmo imunizante da enfermeira Luciana Tavares. Pouco depois foi a vez do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele teve a quinta dose de reforço aplicada pelo vice-presidente da República, o médico Geraldo Alckmin.
Eu queria fazer um apelo a cada mãe, a cada pai, a cada avô, a cada avó, a cada adolescente, a cada criança: que a gente não acredite no negacionismo. Que a gente não acredite nas bobagens que se fala contra as vacinas”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Todos estavam reunidos no Centro de Saúde nº1 do Guará, no Distrito Federal, na tarde desta segunda-feira, 27/2, para o lançamento oficial do Movimento Nacional pela Vacinação. A iniciativa do Governo Federal tem como foco reconstruir a confiança nos imunizantes e retomar a cultura de vacinação no país. “Vacina é vida”, ressaltou a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A mobilização envolve não só o combate à Covid-19, mas a todas as outras doenças previstas no Calendário Nacional de Vacinação.
“O gesto que estamos fazendo aqui não é apenas de dizer que agora vamos ter vacina para todas as pessoas em toda e qualquer idade e região. O mais importante é ter consciência de que o Brasil já foi campeão mundial de vacinação. O Brasil era o país mais respeitado no mundo pela capacidade, pela qualidade de nossas enfermeiras e enfermeiros de darem injeção em todo o povo brasileiro”, afirmou Lula.
Em 2015, o Brasil atingiu uma média de 95% de pessoas completamente imunizadas dentro do público-alvo de cada vacina do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A média caiu para 60,8% em 2021. “Por isso, eu queria fazer um apelo a cada mãe, a cada pai, a cada avô, a cada avó, a cada adolescente, a cada criança: que a gente não acredite no negacionismo. Que a gente não acredite nas bobagens que se fala contra as vacinas”, completou o presidente, que mostrou seu cartão carimbado com todas as doses previstas.
Nessa primeira etapa, a vacinação será para pessoas com maior risco de desenvolver formas graves da Covid-19. Serão priorizados idosos acima de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Cerca de 18 milhões de brasileiros fazem parte desse grupo e o Ministério da Saúde distribuiu cerca de 19 milhões de doses para todos os estados e o Distrito Federal.
SEM TERRAPLANISMO – Atento à cerimônia, o motorista aposentado Benedito Melo Oliveira já estava na fila da imunização no Guará. Aos 72 anos, ele considera a iniciativa do Governo Federal “imensamente importante”. “É isso o que precisa ser feito no nosso país, não só com relação à vacina da Covid, mas com relação a todas as vacinas. Não sou negacionista nem terraplanista, graças a Deus e à minha consciência”, afirmou.
A enfermeira Samara Lins Lopes, responsável técnica pela sala de vacina da UBS do Guará, endossou o tom. “É uma iniciativa de importância grandiosa. A gente vem de uma era de muito negacionismo em relação às vacinas. Se hoje a gente tem várias doenças erradicadas em nosso país, realmente isso ocorreu pela vacinação”, ponderou.
Depois do grupo prioritário, e com o avanço da campanha e do cronograma de entrega de doses, outros grupos serão vacinados — como as pessoas entre 60 e 69 anos, os trabalhadores da saúde, gestantes e puérperas, as pessoas com deficiência permanente e a população privada de liberdade.
CALENDÁRIO NACIONAL — Numa segunda etapa do esforço, ainda em março, o reforço da vacinação contra Covid-19 será focado em toda a população acima de 12 anos e para as crianças e adolescentes. Em abril, começa a terceira etapa com campanha da Influenza e, a partir de maio, a quarta etapa terá chamamento para atualização da caderneta de vacinação com as vacinas de todo o Calendário Nacional de Vacinação, com ações inclusive nas escolas.
“O objetivo é que a gente sensibilize todas as pessoas a se vacinar não só contra a Covid, mas todas as vacinas que têm no nosso calendário. Queremos aumentar a confiança que já é grande no nosso Programa Nacional de Imunização, mas que sofreu um abalo nos últimos anos”, afirmou a secretária Ethel Leonor Noia Maciel, da secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Abalo que, se depender do presidente Lula e do representante maior do movimento de imunizações, Zé Gotinha, será rapidamente superado. “Eu tenho 77 anos. Eu tomo vacina porque gosto da vida. Tomo vacina porque a vida é o dom maior que Deus nos deu. E se Deus nos deu esse dom maravilhoso da vida, a vida que faz a gente amar, a vida que faz a gente gostar, a vida que faz a gente ser fraterno, faz a gente solidário, essa vida tem de ser preservada. Por isso tome a vacina. Não tenha medo do Zé Gotinha. O Zé Gotinha significa só amor e nada mais do que isso”, concluiu o presidente.