Por Ricardo Ribeiro
Ilhéus, a eterna Terra da Gabriela, Jorge Amado, dos coronéis, do cacau, dos 100 quilômetros de praia etc., perdeu uma chance irrepetível de aparecer para o mundo como lugar de enorme potencial turístico.
Enquanto cidades como Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália se valem do marketing positivo proporcionado pelo acolhimento a duas seleções – Alemanha e Suíça -, a velha Ilhéus segue perdida em seu deslumbramento inócuo. É a princesinha do sul, nossa Bela Adormecida.
Ilhéus, a despeito de suas inquestionáveis belezas naturais, não se afirma como cidade turística. Peca pela falta de infraestrutura somada com desorganização, despreparo e amadorismo. É uma cidade narcisista e, ao mesmo tempo, deprimida, e despeitada diante do sucesso de outros destinos menos afortunados pela natureza, porém agraciados pela humildade, planejamento e trabalho.
A Costa do Descobrimento, que abriga as seleções alemã e suíça, acaba de receber elogios do técnico Joachim Low, da Alemanha. Ele fez comentários positivos sobre o clima e a estrutura da região, o que certamente ecoará pelo planeta e será bem aproveitado para fortalecer o turismo nos arredores de Porto Seguro.
Enquanto isso, a Costa do Cacau anda em círculos e não encontra um caminho. As discussões são as mesmas há pelo menos 20 anos: o poder público não investe em infraestrutura, organização, limpeza; o setor privado não se renova e quer lucrar com o turismo como se não houvesse amanhã. Por isso, muitos turistas vêm e não retornam, pois saem decepcionados com serviços de terceira pelos quais se cobram preços de primeira.
A insistir nessa toada, muitas oportunidades ainda serão perdidas. Talvez nenhuma tão boa quanto a que acaba de passar diante da janela de Gabriela.
RICARDO RIBEIRO é advogado e editor do BA24Horas.