Estadão Conteúdo
Mensagens trocadas entre o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e executivos do grupo interceptadas pela Operação Lava Jato revelam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era tratado pelos executivos pela alcunha de “Brahma”. Os investigadores identificaram que “Brahma” era uma referência ao ex-presidente ao cruzarem informações do diálogo com a agenda do petista. Numa das conversas entre Leo Pinheiro e um executivo da OAS eles dizem que “Brahma poderia fazer uma palestra no dia 26/11″ sobre o tema Brasil/Chile. Na mesma data, a agenda de Lula marcava um evento em Santiago, no Chile.
Relatório de inteligência ressalta que os interlocutores adotavam cautela “no sentido de não mencionar expressamente, em alguns casos, nomes e assuntos tratados, optando pela utilização de apelidos e siglas.” Numa das trocas de mensagens, os executivos fazem comparações entre a presidente Dilma Rousseff e Lula. Sobre Dilma, dizem: “A senhora não leva jeito, discurso fraco, confuso e desarticulado. Falta carisma”. Por isso, Lula era o interlocutor preferido do empreiteiro.
O ex-presidente Lula não é investigado na Lava Jato. O nome dele apareceu nas mensagens da OAS e numa planilha de pagamentos da Camargo Corrêa. A empreiteira, investigada por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás, repassou entre doação e repasse ao Instituto Lula e à empresa de palestras do ex-presidente R$ 4,5 milhões. O Instituto e a empresa do ex-presidente negam irregularidades nos repasses, afirma que eles não tiveram relações com questões eleitorais nem com a Petrobrás e afirmae que foram referentes a serviços prestados e declarados. Léo Pinheiro, por sua vez, é réu na Lava Jato acusado de atuar no núcleo empresarial do esquema que cartelizava licitações de obras da estatal e pagava propina para diretores da petrolífera indicados por partidos da base do governo – PMDB, PP e o PT.