Sobre a ciclo-faixa pintada no Pontal


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesNa semana passada, em uma bela manhã, surgiu uma faixa para uso exclusivo de ciclistas na Av. Lomanto Junior, no bairro do Pontal, mais exatamente no trecho que vai desde a saída da Ponte até o semáforo existente na entrada da Sapetinga. A ciclo-faixa não é nenhum primor de engenharia, mas atendeu aos anseios de se iniciar, em Ilhéus, a implantação de opções para uso deste tipo de veículo, civilizando e modernizando o tráfego em nossa cidade.

Para surpresa de toda a população, soube-se depois que a ciclo-faixa não fora pintada pela Prefeitura, mas por ativistas do ciclismo e por pessoas ligadas ao Reúne Ilhéus, aquele mesmo grupo que, no ano passado, protagonizou a ocupação da Praça da Prefeitura em uma tentativa – infelizmente frustrada – de obter a redução do valor das tarifas de ônibus urbanos.

Entretanto, causou surpresa ainda maior a reação da Prefeitura diante do fato: Por meio de diversos pronunciamentos de pessoas do primeiro escalão tentou, de todas as formas, desqualificar a iniciativa popular; e pior, punir àqueles que tiveram a iniciativa de fazê-la.

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Por que só Ilhéus não cresce?


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesQuase todos os anos viajo para Bom Jesus da Lapa, no sertão da Bahia. Como não sou tão católico a ponto de ir à missa todos os dias, nem jovem e rico o suficiente para ficar em festas e bebedeiras todas as noites, prefiro fazer da viagem o melhor da viagem.

Deixe-me explicar melhor: levo de quatro a seis dias para ir de Ilhéus à Lapa. Vou parando, passando pelas cidades, alterando o roteiro entre a borda da Chapada Diamantina e o Sertão, almoçando em numa localidade e dormindo em outra, enfim, fazendo um tour pelo interior da Bahia.

Nessas idas, reparo nas casas, nas roças de palma, no gado, nas pessoas e suas roupas, carros e montarias. Reparo na terra de cor forte do sertão e no cinza da paisagem com vegetação seca. Reparo nas lojas e nas atividades econômicas, nos costumes e nos falares. Deus nos deu olhos para vermos as coisas, e cabeça para pensar.

Na última ida à Lapa fizemos um roteiro no qual, ao invés de seguir por Vitória da Conquista, que é o caminho mais lógico, entramos em Ponto de Astério e seguimos por Iguaí, Nova Canaã, Poções, Bom Jesus da Serra, e daí para o sertão propriamente dito, por Mirante (Você sabe onde fica? Já ouviu falar?), Tanhaçu, Ituaçu, Barra da Estiva, Jussiape, Rio de Contas, Livramento de Nossa Senhora, Paramirim, Tanque Novo, Igaporã, Riacho de Santana e, finalmente, Bom Jesus da Lapa.

Pois é, a Bahia é muito grande, do tamanho da França. E, como está nas Escrituras Sagradas, há muitas moradas na casa de meu Pai.

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Um fenômeno chamado Jabes Ribeiro


Por Jamesson Araújo

Ilhéus vive talvez na sua história o pior início de governo de todos os tempos. Nem mesmo no desastrado governo Newton Lima, se viu, em tão pouco tempo um prefeito atingir um índice tão alto de rejeição. Meu pai me dizia que Jabes era um excelente candidato, onde vendia sonhos que mais tarde se transformariam em pesadelos.

Jabes se elegeu com apenas 44 % dos votos válidos (90.109) e se contar todo o eleitorado, colocando abstenções, chegamos apenas a 30 % de 132.366 eleitores. Destes 44% dos votos validos (39.733), podemos dizer que de nove a dez mil vieram de sua aliança política com o PMDB de Cacá Colchões. Esses eleitores são flutuantes, muitos nunca tinham votados em Jabes, e hoje, grande parte critica a sua administração. Natural que sua rejeição chegue a números ainda maiores do que os 82% até o final do ano.

Como explicar o caos administrativo ?

O prefeito Jabes Ribeiro subestimou a situação que se encontrava o município, originada de mais de 30 anos de descaso com as finanças públicas, mais da metade culpa dele. Enquanto sua equipe de transição dialogava e tentava entender os dados passados pela administração de Newton Lima, o prefeito eleito passeava na Europa em descanso com a família, nada mais justo depois de uma campanha desgastante, mas irresponsável administrativamente ao ignorar os números.

Atos anti populares, a exemplo da demissão em massa de médicos, enfermeiros e servidores concursados trouxeram uma visão de que a administração começava errando, deixando postos de saúde fechados, com o argumento que os médicos não trabalhavam e havia a necessidade de conter despesas.

Hora, o povão vem sentido na pele o que é ficar doente e não ter aonde ser atendido. Enquanto o povo bate com a cara nos postos de saúde, crianças ficam com fome nas saulas de aula, e sem transporte escolar, o prefeito promovia festas. A primeira o Aleluia Ilhéus e depois o Viva Ilhéus.

Para Jabes, o povo gosta de festa, como há 20 anos. Para momentos de impopularidade, bastava fazer um carnaval com grande atrações, distribuir frango e peixe, que logo a aprovação popular atingia o ápice novamente.

Inúmeros fatores estão levando o prefeito a uma situação insustentável.

Ouvimos recentemente de um secretário jabista: Como Newton Lima governava ?

Do outro lado, um ex-secretário de Newton afirmou: É bom eles passarem por isso para ver a situação que enfrentávamos. Lembrou que herdou da justiça dívidas astronômicas em débito de governo anteriores. Referindo-se ao fato de que Jabes Ribeiro é acusado de deixar de cumprir ato de ofício, consistente em determinar o recolhimento da contribuição ao FGTS, e de causar lesão ao erário, ao onerar os cofres públicos municipais. A dívida acumulada chegava a mais de R$ 15 milhões, confessada à Caixa Econômica Federal, e dividida em 150 parcelas, impactando negativamente o erário municipal, até o ano de 2017, com o valor mensal de R$ 105.211.

Ou seja, hoje Jabes está pagando parte de uma dívida de sua gestão anterior.

O contrassenso corre paralelamente aos discursos de economia do prefeito. Lá se vão mais de seis meses de administração sobre um decreto emergencial, com gastos exorbitantes, principalmente com lixo e dispensa de licitações.

Dados do demonstrativo de distribuição da arrecadação do Banco do Brasil mostram que entraram nos cofres do município de Ilhéus, repasses na ordem de R$ 167.528.907,07 ( cento e sessenta e sete milhões, quinhentos e vinte oito mil,  novicentos e sete reais e sete centavos), sem colocar a arrecadação com tributos municipais.  Com débitos neste valor, entre eles repasses para saúde, educação, foram na ordem de R$ 101.460.612,69.

Em bate papo com comerciantes de Ilhéus, a queixa é que o dinheiro da prestação de serviço do município deixou de circular no comércio. Em um simples levantamento, vê-se que 80% dos fornecedores e prestadores de serviço são de fora da cidade. Dinheiro esse que deixa de circular no comercio de Ilhéus, gerando mais insatisfação.

Em todos os setores da sociedade ilheense, é notório a rejeição de Jabes e seu pares. Principalmente entre aqueles que fazem a máquina publicar andar, o servidor público. Para o servidor, nunca existiu um prefeito tão ruim.

Estamos com seis meses de governo, e o desgaste é de final de governo. O descrédito de Jabes chegou a índices tão altos, que se ele pintar as ruas de ouro, a população dirá que é latão.

Para reverter uma situação dessas, nem trazendo o guru político David Axelrod, conselheiro das campanhas políticas de Barack Obama, Jabes voltará a ter lua de mel com os ilheenses.

 Com a situação que hoje se encontra o Brasil, com mudanças de comportamento do brasileiro, podemos prever que Jabes não terá vida longa no Palácio Paranaguá.

De um grande candidato andarilho à um pífio mandato de prefeito de gabinete. Com experiência e cometendo erros primários,  esse é o fenômeno chamado Jabes Ribeiro.