De volta ao Brasil após viagem aos Estados Unidos, onde teve compromissos de governo, Eduardo Leite (PSDB) ouviu, nesta terça-feira (15), argumentos do PSD e do PSDB para definir se vai concorrer à Presidência da República.
Pelo prazo da lei eleitoral, o governador do Rio Grande do Sul tem pouco mais de duas semanas para renunciar ao cargo e se filiar a outro partido caso decida disputar o Palácio do Planalto pelo PSD, de Gilberto Kassab.
Leite esteve com Kassab pela manhã em São Paulo, mas, durante a tarde, ouviu apelos de uma ala de tucanos, em Brasília, para permanecer no PSDB e ainda tentar concorrer à Presidência pela sigla —apesar de já ter sido derrotado na disputa interna do partido.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), venceu, em novembro passado, as prévias tucanas para definir a candidatura —Leite e o ex-senador Arthur Virgílio foram derrotados.
Os tucanos favoráveis a Leite e que se opõem a Doria no partido dizem, porém, que seria possível fazer a troca de candidato sob o argumento de que o governador paulista não demonstrou viabilidade eleitoral. A possibilidade, porém, é refutada com veemência por aliados de Doria.
Nas conversas com membros do PSD e do PSDB, Leite afirmou não ter tomado decisão e disse estar avaliando suas possibilidades. No PSD, porém, sua filiação é dada como praticamente certa.
Leite esteve nesta terça com tucanos como o deputado Aécio Neves (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE), que fazem parte do grupo mais insatisfeito com a candidatura de Doria ao Palácio do Planalto.
O governador gaúcho relatou ter recebido apelos de integrantes da base do PSDB para que ele continue na sigla. Por isso, alguns tucanos consideram que não está descartada a permanência dele no partido.
Kassab aposta que Leite pode ser a grande novidade do pleito, arrancando votos para a terceira via, que hoje patina nas pesquisas com Sergio Moro (Podemos), Doria e Simone Tebet (MDB).
O dirigente do PSD e Leite devem estar juntos nesta quarta (16), em Porto Alegre, em evento de filiação da ex-senadora Ana Amélia (RS), que trocará o PP pelo PSD.
Nas conversas desta terça, tucanos que se opõem a Doria pediram a Leite que deixe o Governo do Rio Grande do Sul e construa sua candidatura à Presidência no PSDB.
Mas a forma como isso seria feito não está clara. A aposta desses integrantes do PSDB é que até maio a candidatura de Doria se mostraria inviável e que o nome de Leite poderia aparecer novamente como uma opção, em meio às preocupações com a formação de palanques estaduais e a eleição de deputados e senadores.
Aliados de Leite admitem, porém, que para ele faria mais sentido renunciar ao governo com um plano acertado no PSD do que deixar a cadeira em nome de uma possibilidade mais vaga, articulada por um grupo derrotado nas prévias do PSDB.
Quem esteve com Leite nesta terça relatou ainda uma preocupação do governador em organizar sua sucessão no Rio Grande do Sul antes de deixar o posto. Como candidato a presidente, ele precisaria de um palanque em seu estado, alguém com chances de vitória e que defendesse seu legado —algo que ainda não foi construído.
A decisão de Leite envolve ainda a negociação com outros partidos da terceira via. PSDB, MDB e União Brasil já acertaram lançar uma candidatura única —o melhor nome seria definido até junho.
Em entrevistas, Leite tem acenado com a possibilidade de ser candidato a presidente, o que anima seus entusiastas no PSD.
Ele afirmou à rádio Gaúcha, na segunda (14), que pode dar uma contribuição no plano nacional. “Sou muito movido pelos desafios e, neste momento, está se apresentando um desafio no plano nacional no qual eu sinto, e muitas outras pessoas sentem e me estimulam, que eu posso dar uma contribuição”, disse.
Leite afirmou, porém, que não seria confortável deixar o governo ou mudar de partido.
“Nas últimas semanas, comecei a ser provocado para uma mudança de partido para viabilizar talvez um projeto alternativo a essa polarização que estamos vivendo. O que estou buscando, através das conversas que estou mantendo, é exatamente entender quantas pessoas, quem vem junto, se é algo que de fato mobiliza mais gente, para tomar essa decisão, que não é simples”, completou.
Informações da Folha de São Paulo.