POR RANS
Falar de possíveis ações da prefeitura em um município onde a Saúde está em frangalhos, o transporte coletivo é uma tripudiação à população, onde planejamento urbano é uma utopia, não existe trabalhos preventivos em matéria de defesa civil e praias são agraciadas diariamente com milhares de litros de esgoto sem tratamento, fica muito fácil.
Mas as coisas a serem reparadas não se resumem à tais quesitos. Um, que talvez para muitos resida em uma escala secundária de importância, mas que ao nosso ver não é, segue agonizando há tempos no município. Tal necessita sim de uma intervenção urgente, já que interage com variadas outras questões. Trata-se da Cultura. O que, para nós, é matéria de imprescindibilidade, tal qual Saúde. Só que, enquanto uma diz respeito ao corpo, a outra dialóga com as subjetividades que nos regem. Ou seja, valores em desuso hoje em dia e dignidade na maneira de encarar a vida. Se isso não é importante, precisamos rever nossos conceitos.
Primeiramente há de se desfazer um equívoco. Investir em Cultura, como se pensou durante algumas gestões municipais ilheenses, não pode ser confundido com o ato de promover eventos. Isso é função de produtores culturais. Não deixa de ser uma ação importante, mas jamais poderá ser restringida a isso. Por exemplo, a missão de uma secretaria de Cultura, ou no caso específico de Ilhéus, a Fundação Cultural, é promover a Cultura de maneira que tal possa ser uma espécie de ferramenta social, auxiliando ações, tendo em foco crianças e adolescentes, de combate à violência, inserção no mercado de trabalho, educação, dentre outros quesitos.
E como isso poderia ser realizado? Simples, com a disponibilização de espaços onde oficinas de teatro, música, cursos profissionalizantes específicos, pintura, etc, fossem oferecidos. Mas tudo com planejamento à longo prazo e, principalmente, um minucioso acompanhamento pedagógico, visando de fato formar e transformar cidadãos através da arte e da cultura.
Um bom local para que tais atividades pudessem ser realizadas seria no finado Circo Folias da Gabriela. Não como foi concebido no passado, ou seja, como um mero espaço para eventos. Mas como um lugar ativo, onde tais ações fossem tocadas, uma biblioteca pública fosse instalada, além de servir como palco público para eventos de médio porte. O que, vale ressaltar, em Ilhéus inexiste. Algo nos moldes das chamadas Lonas Culturais do Rio de Janeiro, espalhadas em vários locais, incluindo comunidades com altíssimos índíces de violência.
Tudo isso seria muito bom. Mas, em se tratando de Ilhéus, fica difícil saber se um dia tudo isso poderá vir a ser uma realidade. Eis a questão. Com a palavra o nosso prefeito.