Por Adelson Assis
Criticável ou não, do ponto de vista da visibilidade ninguém pode deixar de reconhecer a fenomenal capacidade do Governador Jaques Wagner de criar fatos “do nada”.
Vender ações absolutamente embrionárias como algo já realizado, já executado, já disponibilizado ao povo. Tudo regado por eventos e mais eventos comemorativos.
Este é o modelo Jaques Wagner de governar.
Wagner é um especialista (talvez o maior do Brasil) em autopromoção baseada no “nada” ou pior, na apropriação de legados alheios.
Antes de qualquer coisa, é necessário dizer que como qualquer gestor, Jaques Wagner tem suas próprias realizações, com as quais, imaginava-se que deveria regozijar-se. Aparentemente para Wagner, o seu legado concreto/real lhe parece pouco, daí a imensa inclinação a vender o que não existe, ou ainda é apenas especulação.
Qualquer pesquisa na internet revelará grandes números de eventos, criados para anunciar a assinatura de protocolo de intenções de empresas que jamais apareceram, viagens a países para trazer obras que igualmente inexistem. Assinar o protocolo de intenções é como ir conhecer o pai de uma namorada e não assegurar nada!
Um clássico caso foi à viagem do próprio Governador (acredite, ele não mandou um técnico/especialista) para conhecer os oceanários do mundo, pois, construiria um deles em Salvador. A obra foi anunciada, local escolhido e até hoje, se alguém quiser contemplar a riqueza marinha da Bahia, é melhor mergulhar no mar.
Quem não se lembra dos gigantescos outdoors anunciando a Ferrovia Oeste Leste (inclusive omitindo a marca do Governo Federal único financiador e responsável da obra) ?
Para um desavisado, seria possível imaginar que o trem já estava nos trilhos… nada disso! A obra sofre como as demais poucas grandes obras deste Estado, que com sorte teremos seu início em 2016 (repita-se, com sorte).
O mesmo pode se imaginar da chamada Ponte Salvador-Itaparica. Todo o mês os jornais trazem mais noticiários (propaganda espontânea) tratando de fatos absolutamente técnicos e que apenas precedem a real decisão de construir a dita Ponte.
São propagandas de edital de estudo de solo, propaganda de edital de estudo de fauna, propaganda de edital de estudo arquitetônico… O Edital de construção da ponte… Este NADA… Até por que não há dinheiro pra isso.
Agora foi a vez de vender o vento “Porto Sul”. Para ser absolutamente honesto, o certo seria o Governador aguardar a viabilização ambiental, e principalmente financeira do empreendimento.
A notícia relevante é que o Governo Federal até então presente no empreendimento tirou o corpo da operação. O Raciocínio é simples, se o Governo Federal, detentor de força política e fiscal (dinheiro) não participará quem vai viabilizar ? O Estado (quebrado) da Bahia ?
Bom, aí provavelmente alguém dirá que será uma obra privada. Ok! Apesar de nem o Eike Batista (no auge do seu reinado político e financeiro) não conseguir construir seu porto, tenhamos boa-fé com os empresários que financiarão o dito Porto Sul.
A dúvida que ainda permanece é: Qual grande obra do porte similar foi feita no Brasil? Há garantias de que a obra não sofrerá intempéries próprias do mercado privado?
Outro dia, o candidato oficial sem sal, anunciou mais uma vez a Duplicação da Ilhéus-Itabuna… Nada de fato consumado, apenas mais um ato burocrático interno (como tantos), que repetidos a exaustão, parecem que a rodovia já está na fase de “acabamento”.
Pois bem, nunca gostei de brincar com os sentimentos das pessoas, daí jamais vou aplaudir esse estilo de ficar vendendo algo que deveria ser preservado internamente até ter maior feição de efetividade. É uma questão de estilo…
Wagner parece querer vender vento até seus últimos dias. Quem sabe após as eleições ele possa visitar o Oceanário, passear no novo aeroporto de Porto Seguro, Conquista e Ilhéus, atravessar a Ponte Salvador Itaparica e andar no trem Alagoinhas Salvador… Quem sabe…