Artigo de Ruy Fabiano / Blog do Noblat
O PT se sente vítima da presidente Dilma Rousseff – e vice versa. E não há como negar: ambos estão certos. O partido não se sente representado pela presidente, que, egressa do PDT brizolista, não é – jamais foi – uma correligionária genuína. Além disso, foi posta onde está sem jamais ter exercido qualquer cargo eletivo.
Sua vivência em política era tão grande quanto a do ministro Antônio Dias Toffoli na magistratura. E ambos começaram do alto, sob o mesmo patrocínio: Dilma na Presidência, Toffoli no STF.
Lula empurrou-a goela abaixo do partido, furando uma fila de pretendentes, bem mais identificados com as práticas e projetos da sigla. Se fosse uma petista autêntica e vivida, jamais admitiria ter falhado em relação à usina de Pasadena.
Como disse Lula, ao agir por conta própria, dizendo – vejam só – a verdade, Dilma “deu um tiro no pé”. E esse tiro resultou na CPI da Petrobras, que pode jogar no lixo o sonho de continuidade do partido no poder. O PT não a perdoará jamais.
Dilma, por sua vez, paga o ônus pela conduta de correligionários que hoje comparecem mais ao noticiário policial que ao político. Sua candidatura em 2010 pegou carona na popularidade de Lula, que então deixava o governo em ambiente de bonança.
A bonança, no entanto, era aparente. Não estava lastreada em dados sólidos; apenas encobria uma herança maldita, que hoje se expressa por meio do desmantelamento da economia. O Plano Real, que o PT combateu, acabou destruído por ele.
A inflação está de volta, o poder de compra dos salários está corroído, a imagem do Brasil piorou consideravelmente, as instituições políticas conseguiram a façanha de piorar ainda mais sua credibilidade perante o público, as contas públicas estão no bagaço. Até mesmo um evento como a Copa do Mundo, que, em circunstâncias normais, seria fator de euforia no país do futebol, é hoje fator de inquietação política.
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