A cada dia, o ser humano busca maneiras de reverter a poluição causada pelo urbanismo acelerado e o consumismo incessante. Com isso em mente, uma dupla de estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Tecnologia da Informação Álvaro Melo Vieira, localizado em Ilhéus, Sul da Bahia, utilizou uma planta conhecida como Baronesa para criar um tipo de adubo. A novidade é que esta planta, em sua forma original, possui um tamanho quase microscópico, mas, devido à poluição, acabou por cobrir diversos rios da região. Assim, ao mesmo tempo em que a produção deste novo fertilizante pode minimizar os impactos no ecossistema local, também é capaz de contribuir para o crescimento saudável de uma nova vegetação.
Lusbbel Queiroz e Lucas Barbosa deram continuidade em um projeto criado pelo pesquisador Bruno Carrasco, da Universidade Estadual de Santa Cruz, enquanto estudava no mesmo local que os garotos. O trabalho se trata da criação de um adubo para diminuir um processo chamado eutrofização, um fenômeno no qual o ambiente aquático poluído retém uma quantidade grande de nutrientes, e por isso aumenta a quantidade de algas que antes eram microscópicas. No caso dos rios em Ilhéus, o excesso de baronesa influencia na qualidade da água e impacta diretamente no ecossistema local.
Lucas afirma que diversas espécies de animais e alguns moradores são prejudicados com a contaminação. “Quando a poluição aumenta, ela se reproduz descontroladamente, empobrecendo os nutrientes da água. A baronesa absorve esses nutrientes, tornando-se muito rica em substâncias que auxiliam no desenvolvimento de plantas”, disse. Já o seu companheiro de equipe, Lusbbel, afirma que “além de tudo, o adubo também ajuda a diminuir a adição a fertilizantes químicos nas lavouras e incentivar a busca para utilizar matérias orgânicas como adubo”.
Em testes realizados com sementes de tomate cereja, com 12 vasos contendo dosagens variadas de adubo, foi constatado que a planta cresce de maneira abundante mais rapidamente quando conta com o fertilizante. Os testes também demonstraram que a viabilidade do adubo foi comprovada para ser utilizado em plantações não comestíveis, como plantio de cana-de-açúcar para geração de etanol e plantas decorativas. “Temos a pretensão de realizar testes para que futuramente possamos aprimorar o crescimento de vegetais”, disse o jovem pesquisador Lusbbel.
Com esta solução, além de reduzir o uso de adubos químicos nas plantações, será possível investigar fatores como a umidade local, avaliar a qualidade e o vigor das sementes e o crescimento das plantas. “Um dos primeiros resultados que obtivemos foi que tivemos uma perda de aproximadamente 97% de massa líquida para as plantas que receberam o adubo feito de baronesa”, afirmou Lucas. O trabalho agora passa por fases de aprimoramento, em que novos testes de qualidade serão realizados para testar a não contaminação e a comprovação da eficácia do adubo como substitutos de fertilizantes fabricados nas indústrias e utilizados nas plantações. O trabalho recebeu apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), do Programa Ciência na Escola e do Governo do Estado da Bahia.
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