No Brasil, a cada 60 minutos uma criança ou adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo. Nas últimas duas décadas, mais de 145 mil jovens, com idades entre zero e 19 anos, faleceram em consequência de disparos, acidentais ou intencionais, como em casos de homicídio ou suicídio. Os números fazem parte de um levantamento elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o objetivo de ajudar a entender esse problema que atinge proporções endêmicas e com implicações nos indicadores de saúde pública.
Segundo o levantamento da entidade, que considerou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2016 (ano mais recente disponível), foram registrados 9.517 óbitos. O número é praticamente o dobro do identificado há 20 anos (4.846 casos, em 1997), representando em números absolutos o pico dessa série histórica.
De acordo com os últimos dados oficiais disponibilizados, 45% do volume total de óbitos em 2016 ficou concentrado em estados da região Nordeste. Outros 26% dos casos ficaram no Sudeste e o restante foram divididos entre o Centro-Oeste (8%), Norte e Sul (ambos com 10%).
Dentre os estados, a situação mais preocupante atinge a Bahia, que desde 2009 lidera o ranking nacional, com o maior número proporcional de óbitos de crianças e adolescentes por arma de fogo.
De acordo com os dados, mais de 13 mil casos foram registrados no estado entre os anos de 1997 e 2016. Em nível nacional, a Bahia ocupa o terceiro lugar, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
No mesmo ano, São Paulo, que entre 1997 e 2004 esteve em primeiro lugar nas estatísticas, registrou 6% dos casos. Já o estado do Rio de Janeiro, frequentemente citado na imprensa brasileira pelos conflitos armados e que liderou o ranking entre os anos de 2005 e 2008, contabilizou 9% das mortes entre os mais jovens por conta de disparos com armas de fogo.
Para a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, é imprescindível que as autoridades assegurem a paz e a integridade dos jovens e daqueles que cuidam de seu bem-estar. “O País precisa de medidas efetivas para aumentar a segurança das nossas crianças e adolescentes, e também dos profissionais que os acompanham nas escolas, nas unidades de saúde, nos centros desportivos e outras instalações do tipo”, defendeu.
Deixe seu comentário