O Santo e a Porca, estará em cartaz, dias 24 e 25 de novembro na Tenda TPI, e retrata o cotidiano de uma família tradicional do interior do sertão. A peça, escrita em 1959 pelo paraibano Ariano Suassuna, conta a história do velho sovino Euricão Arábe, que após ser deixado pela esposa de forma misteriosa, começa a guardar dinheiro compulsivamente dentro de uma porca velha de madeira, e na sua paranoia, ele elege Santo Antônio, que na crença popular é um articuloso casamenteiro, como protetor do bem material mais importante da sua existência.
A porca entra no coração do velho como uma forma de preencher o vazio em seu peito. A idolatria ao dinheiro, faz com que o avarento fique cego para o caminho santo que ele trilhou na sua mocidade, assim importando-se apenas com a acumulação de riquezas. Deus perde o sentido, uma vez que a porca assume o seu lugar, e a figura de Santo Antônio se transforma numa contradição, já que a entidade representa união, enquanto o velho, seu devoto, se fecha num mundo estéril e sem amor ao próximo. O desfecho do personagem é como um sinal do equívoco que fora toda sua vida.
O texto foi montado por muitos grupos de teatro ao longo das últimas décadas, mas especialmente nessa montagem, a Cia. Acordada traz como diferencial em sua concepção, a inserção das máscaras da commedia Dell’arte, e a criação de uma trilha sonora autoral e ao vivo, influenciada pelo movimento armorial. Os criados cumprem um papel muito importante na história, pois através deles, a má conduta do velho é levada ao extremo do ridículo. E a partir das confusões feitas pelo plano da criada Caroba que se desenrola toda a trama, uma história contemporânea que poderia perfeitamente acontecer nos dias de hoje e que, ao final, nos deixa uma mensagem de fé e esperança.
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