Canal do YouTube levou a polícia a investigar 1,2 mil brasileiros por tráfico de maconha


 BBC- Brasil

_90368020_tch2
Sérgio Delvair Costa, de 52 anos, foi preso por tráfico e acusado de montar uma cooperativa que reunia 1.200 plantadores de maconha no Brasil.

Como germinar sementes, saber se uma planta é macho ou fêmea e dicas para cultivar maconha no quintal de casa. O professor de tecnologia da informação e segurança eletrônica Sérgio Delvair da Costa, o THC Procê, de 52 anos, passava o dia respondendo a perguntas e publicando vídeos sobre cultivo de cannabis em seu canal no YouTube.

Isso ocorreu durante ao menos dois anos até a polícia invadir a casa dele, em Brasília, e prendê-lo em junho deste ano com 120 pés de maconha. Ele foi indiciado sob suspeita de tráfico de drogas e pode ser condenado a até 20 anos de prisão em regime fechado – incluindo agravantes. Até então, ele tinha apenas uma passagem por uso de entorpecente.

Mas além de incentivar o plantio de maconha, THC Procê usava seu canal no YouTube para atrair pessoas para a cooperativa que ele mesmo criou para distribuir sementes da erva. A intenção dele, segundo dizia nos vídeos, era a de que mais pessoas plantassem para evitar comprar “maconha com cocô” e combater o tráfico de drogas. Mas a sua prisão também fez com que parte de seus seguidores entrassem na mira da polícia.

Segundo o delegado Francisco Antonio da Silva, titular da 20ª DP (Gama), as 1,2 mil pessoas que faziam parte da rede de distribuição de sementes criada por THC Procê serão investigadas.

A polícia encontrou documentos no computador de Sérgio Costa com endereço e telefone de cada um dos integrantes da cooperativa. Mas a maioria ainda não foi identificada porque a maior parte das informações estão codificadas.

Caso seja comprovado o envolvimento direto dessas pessoas com o youtuber, elas poderão responder por associação ao tráfico e até mesmo por tráfico de drogas.

O advogado Emílio Figueiredo, que ajuda na defesa de Sérgio Costa e faz parte da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, disse que a investigação contra os seguidores de THC Procê é uma perda de tempo.

“Não há prova sobre esse relacionamento que configure crime. Além disso, a polícia vai perder um tempo enorme para tentar saber se essas pessoas estão cultivando canabis, quando o foco dela deveria ser em crimes graves. É se preocupar com muito pouco”, afirmou.

Clique aqui e leia a matéria completa no canal da BBC/Brasil