O bolo que o empresário Anderson Andrade deu nas noivas de Salvador parece não ter mais tamanho. Depois que o CORREIO publicou denúncias sobre os calotes aplicados por sua empresa de bufês, diversas outras vítimas também resolveram acusá-lo de golpe. Na maioria, casais que não tiveram suas festas realizadas ou simplesmente reclamam do serviço precário da empresa Anderson Andrade Buffets e Cerimonial.
Mas Anderson não escolhia seus alvos. Entre os novos denunciantes, há doceiras, salgadeiras, uma empresa de toldos e até um fornecedor de frutas secas. Esses, que trabalham por trás das festas, mostram uma face impiedosa do empresário. Em um casamento que organizou em outubro do ano passado, em Ilhéus, Anderson é acusado não só deixar de pagar a equipe do bufê como de deixar todos sem transporte de volta.
A equipe com cerimonialista, maître, floristas, salgadeiras, doceira e equipe de som saiu de Salvador na noite anterior ao casamento só para trabalhar na recepção. Logo na chegada, no início da manhã, uma decepção. “Ele deixou a gente sem hotel. Ficamos na grama do lugar onde ia ter a festa, de mala e cuia até de noite”, conta a doceira Josenilda Barbosa dos Santos, 33 anos, que acusa Anderson deve lhe dever R$ 1,2 mil.
Segundo ela, após a festa, ninguém recebeu pagamento pelo trabalho. Os motoristas de vans e carros que transportaram o pessoal na ida se negaram a levá-los de volta porque Anderson não lhes havia pagado. “Ficamos literalmente na rua. O maître é que emprestou dinheiro e pudemos pagar o motorista”, relata.
Apenas os floristas conseguiram retornar depois do evento. Isso porque, diz a salgadeira, eles se negaram a fazer os arranjos de flores caso não recebessem antecipadamente. “Eles fizeram um motim e praticamente arrancaram o dinheiro dele”, afirma Josenilda. “O que eu fiquei sabendo é que ele não pagou aos garçons e nem ao pessoal que fez os bem-casados”, confirma a própria noiva que subiu ao altar naquela noite.
Sem se identificar, a noiva diz que pagou R$ 32 mil para ter o casamento dos sonhos. Na reportagem publicada ontem, foi ela quem reclamou de uma série de problemas que enfrentou no evento. “A mobília veio trocada, o cardápio também não foi o contratado”. Segundo ela, Anderson chegou a levar para casa o tapete vermelho usado na festa, e que pertencia a outro cerimonial. “Pedi vermelho e ele trouxe um tapete verde. Minha mãe teve que correr atrás de outro tapete, que no final ele levou como se fosse dele”.
Arrogância
A revolta dos funcionários, e até das noivas, não está relacionada só com as dívidas. Anderson é considerado arrogante. “Um grosso. Muitas vezes vi ele humilhando os funcionários”, diz a ajudante de salgados Jocileide dos Santos de Jesus, 33 anos. “O que ele dizia é que continuaria a ser Anderson Andrade. Se fosse o caso, ia para outro estado e abria outra empresa”.
Vários casais ainda dizem ter sido vítima de ameaças. “Ele me assaltou sem revólver. Só com ameaças. Dizendo que se eu não desse ‘X’, ia fazer uma lista do que ia tirar da minha festa. Detalhe: faltando quatro dias para o evento”, relatou uma noiva em comentário do Facebook que já tem mais de 200 compartilhamentos. A repercussão é tanta que a reportagem publicada ontem teve mais de 400 recomendações no site do CORREIO.
A uma empresa de toldos Anderson ficou devendo R$ 450. “Fiz tudo de boca. Confiei na palavra dele e me dei mal. Nem tenho provas contra ele”, disse o dono da empresa, que em todo o ano de 2012 só foi enganado por um cliente: Anderson Andrade. “Diante do que esse rapaz fez por aí, nosso prejuízo foi tão pequeno que não tenho do que reclamar”.
A Thiago Madureira, Anderson deve quase R$ 5,5 mil de produtos importados e frutas secas. No início, pagou à vista, mas depois… “Veio com uma conversa bonita para passar a fornecer tudo por boleto. Então passamos a fazer entrega com prazo para 15 dias. Acabei no prejuízo”, diz Thiago.
Justiça
Muitos noivos e fornecedores estão dispostos a colocar Anderson Andrade atrás das grades. Seis já deram queixa na 1ª Delegacia (Barris). Outros dez processos correm na Justiça contra Anderson e sua empresa.
Ontem, o CORREIO tentou falar com a delegada responsável pelo caso, Elza Bonfim da Silva. Uma servidora, no entanto, informou que ela “passou o dia inteiro em audiências”.
Anderson, por sua vez, foi novamente localizado através de um dos seus números de celular. Mas, para todas as perguntas, tinha apenas uma resposta. “Meus advogados estão cuidando de tudo”.
* Informações do Correio da Bahia
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