Por Julio Gomes
Desta vez, não se escreverá sobre o trágico acidente de avião que no dia 13/08/2014 vitimou o candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, e mais seis outras pessoas, fazendo um enfoque político desta ocorrência. Absolutamente, não.
A este respeito há exaustivas análises de conceituados articulistas políticos, mais atualizados e certamente mais capacitados do que eu para fazê-lo.
Queremos aqui chamar a atenção para a riqueza, transitoriedade e fugacidade do fenômeno chamado vida humana.
De fato, causa no mínimo surpresa que um homem cheio de poder político e econômico, no centro das atenções do momento eleitoral em que o Brasil vive, possa ter sido colhido por tamanha fatalidade, pois não cogito, aqui, a hipótese de atentado, de crime doloso contra a vida.
Campos e sua equipe viajavam em um avião novo, moderno e extremamente seguro. Movido por duas potentes turbinas, poderia se manter em voo e sob controle mesmo que uma delas parasse de funcionar. Os pilotos tinham mais de vinte anos de experiência em voos comerciais, e um deles formou-se nos EUA, pressupondo sólida formação teórica.
O voo previsto era curto, e as condições atmosféricas poderiam ser consideradas, senão excelentes, normais.
Entretanto, ocorre o imponderável, o imprevisível, o inafastável: com base nos relatos das pessoas que testemunharam a queda do avião, a aeronave pega fogo em pleno voo, perde altitude e mergulha sobre a selva urbana da cidade de Santos, São Paulo, matando todos os seus sete ocupantes.
A vida é, efetivamente, assim: Achamos que estamos no comando, que controlamos tudo, que faremos isto e aquilo e que temos todos os poderes. Mas não temos. Poderemos viver até os cem anos tanto quanto poderemos morrer hoje mesmo. E nossas possibilidades, apesar do emprego da melhor técnica, das eventuais facilidades políticas, do poderio econômico, podem se espatifar a qualquer momento, colocando na mesma situação final tanto ao potencial Presidente da República quanto ao simples fotógrafo a bordo da aeronave chamada vida.
Em momentos como este, impossível não lembrarmos das palavras de Jesus, citadas pelo evangelista Thiago:
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para tal cidade, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. (Tiago 4:13 – 15)”
Eu que não sou pastor nem padre, que não tenho a sabedoria dos bibliófilos, limito-me a formular as coisas da seguinte forma: Quando Deus chama, não tem “nextante” nem “peraí”, não tem “já vô”, nem mesmo “tô indo”. Há apenas um já fui que sequer será dito por nós, tamanha a imperatividade da vontade divina.
A morte de Eduardo Campos nos mostra, inequivocamente, a imensa fragilidade da vida, mesmo quando não conseguimos percebê-la; e nos conclama a realizarmos hoje, da melhor forma possível, aquilo que podemos, enquanto podemos.
O mais é somente com Deus.
Julio Cezar de Oliveira Gomes
Graduado em História e em Direito, ambos pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz.
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