TRAÇOS DA POLITICAGEM


Por Gustavo  Kruschewsky

Gustavo-Kruschewsky-OABA preocupação constante desse articulista tem sido, ao longo de mais de uma década, através dos seus livros e artigos publicados em jornais e blogs, fazer as suas atentas lucubrações sobre algumas questões sociais, notadamente no  campo jurídico e político. Nesta área, inclui-se infelizmente a politicagem. Acredita-se que no nosso país já se teria dado fim ou minimizado muito esse maldito fenômeno da politicagem se todos os brasileiros estudassem e refletissem políticas públicas hodiernamente desde a tenra idade. Imbuído desse conhecimento sem ingenuidade, desde cedo a sociedade brasileira efetivamente teria condições de se defender e de alijar pessoas inescrupulosas à caça de cargos públicos com a finalidade apenas de faturar.

A campanha para as eleições de 2014 já está fervilhando no cenário brasileiro. O gasto é fabuloso para se bancar uma candidatura. Precisa-se de tanto dinheiro assim? Por quê?  Chegou o momento dos candidatos politiqueiros alugarem os ouvidos dos pobres brasileiros e brasileiras de todos os rincões e bradarem, mormente na mídia falada e televisada, ludibriando as pessoas com os seus discursos manjados e eivados de promessas. Campanha “política” no Brasil vira festa de súditos que se deixam levar por politiqueiros! Observe que em seus discursos eles proferem frases, a exemplo de: “porque meu povo”… Como se eles os politiqueiros negassem que falam a mesma língua do eleitor, como se negassem que os seus interesses, história, tradição e costumes são iguais aos do eleitor. Há uma nojenta dicotomia social deles com o povo,  caracterizando-se verdadeiro estado de soberba! Do “seu povo”  só interessa o voto a fim de se elegerem ou se reelegerem sem nenhum compromisso com a sociedade! Os fatos estão aí historicamente.

Em muitas áreas da atividade profissional ouve-se até falar em corrupção, todavia, no exercício da politicagem – não da verdadeira política – só há corrupção. O politiqueiro não age sozinho, junta-se a muitos empresários que curtem o interesse pessoal de se locupletar e formam  uma quadrilha! Associa-se também a certos funcionários públicos inescrupulosos e fazem a festa com o erário superfaturado oriundo do labor do povo brasileiro. Forma-se inicialmente uma tripartição corruptiva composta de politiqueiros, empresários e agentes públicos! Acresce que parcela grande da população brasileira recebe favorecimento em troca de votos, tornando-se também corruptores passivos. A quadrilha às vezes se amplia mais ainda, com a inclusão de membros de outros poderes da República. A grana, muitas das vezes, vem de empresários “bem sucedidos”.  Fala-se muito que – em época de eleição – determinados cabos eleitorais que servem de “pasto da demagogia” são contratados pelos politiqueiros para – de forma escancarada – comprar votos da pobre massa que “domina” a fim de Elegê-los. Isso vem se repetindo infinitamente no País. É um costume maldito que até hoje persiste. Observem casos de vereadores que estão ocupando cadeiras nas Câmaras de muitas cidades por várias gestões. A verdade é que politiqueira é a “pessoa” que ludibria o próximo de propósito ou por má índole. Pugna muito por seus direitos, mas prescinde dos seus deveres. Para o Marquês de Maricá o indivíduo que age assim é velhaco. Ele foi considerado um dos homens ilustres dessa Nação. Teve atuação merecedora de ovações no cargo de ministro da Fazenda, conselheiro de Estado e Senador do Império do Brasil nos idos de 1826 a 1848.

Democracia plena no Brasil, por enquanto, é pura retórica! Não há negar que alguns institutos constitucionais são respeitados, mas, muitos outros nem tanto! O  capitalismo selvagem faz a diferença e comete uma série de maldades com os súditos! Exemplos maiores são: as altas taxas de impostos que se paga e a infame inflação – que com o advento da Copa do Mundo 2014, vem engolindo mais ainda a grana dos sofridos consumidores brasileiros.  Na verdade, longe ainda – em grau de neófita que se encontra a “democracia” brasileira – de existir na prática o que RUI BARBOSA preconizou, ou seja: um tratamento desigual para os desiguais, para que as pessoas se aproximem  da igualdade.

Os que se ocupam da politicagem sabem que seu objetivo é chegar ao poder. Sabem que depois de eleito muito pouco vão fazer. Sabem que seu pensamento maior é ganhar  sem trabalhar. Sabem que em toda a “sua gestão” farão tudo para se locupletar. Sabem que um dia perecerão. Talvez duvidem que a Justiça Divina – a única absolutamente imparcial – é quem vai lhe apenar.

Gustavo  Cezar  do Amaral  Kruschewsky   é advogado e professor.

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