Estudo mostra grande volume de cargas para os próximos anos e crítica isolamento logístico da Bahia


Pesquisador Bernardo Figueiredo. Foto Ascom CBPM.

Nesta quarta-feira (08), a Fundação Dom Cabral (FDC) apresentou o estudo do Plano Estratégico Ferroviário da Bahia. O evento, promovido pela Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), representada pelo Conselho de Infraestrutura (COINFRA) e pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) foi realizado no auditório do SENAI /CIMATEC e contou com a presença de secretários de estado, dirigentes de instituições públicas e privadas e especialista do setor.

Dentre os presentes, destacam-se o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, o futuro secretário de desenvolvimento econômico, Ângelo Almeida, o secretário de planejamento, Cláudio Peixoto, o secretário de trabalho, emprego e renda, Davidson Magalhães, o vice-presidente da FIEB e presidente do COINFRA, Murilo Xavier. A apresentação foi realizada pelo diretor da FDC e coordenador do projeto, Paulo Resende, e pelos pesquisadores Bernardo Figueiredo e Ramon Victor César.

De acordo com o presidente da CBPM, o estudo é essencial para comprovar o potencial ferroviário da Bahia e consequentemente trazer mais desenvolvimento socioeconômico para o estado. “A Bahia precisa sair desse isolamento logístico. Somos o terceiro maior produtor de minérios do país e podemos ter resultados melhores, mas para isso, precisamos de um trem que funcione, para aumentar a competitividade dos nossos produtos e consequentemente gerar mais emprego e renda”, comenta Tramm.

Novos ramais e cargas

O estudo, contratado pela CBPM, teve início em junho de 2022 e apresenta o potencial de demanda por ferrovias no Estado da Bahia e como o estado pode acabar com o seu isolamento logístico. Na apresentação, algumas propostas foram realizadas, a exemplo da criação de novos ramais ferroviários e a implantação da carga geral. A modalidade permite o transporte de diversos tipos de mercadorias, a exemplo de produtos manufaturados, combustíveis, alimentos e bebidas processados e outros produtos com maior valor agregado.

Além da carga geral, a necessidade de construção e reforma da malha ferroviária existente em bitola larga (largura prevista para distanciar as faces interiores das cabeças dos trilhos) dos atuais 1 metro para 1,60 metros é de grande importância para que o estado siga o padrão que é utilizado em grande parte do país facilitando desta forma o deslocamento das cargas entre ramais ferroviários distintos.

Para o diretor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, um dos importantes impactos do estudo são as duas grandes redes que a Bahia terá para trabalhar. A partir de agora, ela tem a malha A e a B. A malha A tem uma possibilidade maior de inserção da Bahia no resto do Brasil, com isso a gente coloca a Bahia no grande jogo ferroviário brasileiro e a malha B integra o Norte e Noroeste da Bahia com os portos do estado, principalmente da região de Maragogipe. A Bahia tem duas opções e uma não elimina a outra e isso é muito importante, por que ela pode, por exemplo, num curto prazo participar dessa integração ou a uma integração de si mesma, sem que uma elimine a outra. É uma grande evolução, explica Resende.

Ele ainda ressalta que a Bahia precisa se atentar para o isolamento logístico que vive e os prejuízos causados por ele. “Eu enxergo no modal ferroviário um isolamento e isso faz com que a Bahia não se insira no que está acontecendo no resto do Brasil. Isso vai encarecer muito a logística do estado, porque você tem produtos típicos da ferrovia que vão precisar ser transportados de alguma maneira e aí vai ter que transportar de caminhão. É prejuízo não só para os caminhoneiros, como também para os ferroviários e para a população”, destaca Resende.

Importância do estudo para a Bahia

Uma infraestrutura logística eficiente é de grande importância para o desenvolvimento socioeconômico, por possibilitar a criação de novos negócios, a geração de emprego e renda e o desenvolvimento de setores específicos à margem da linha férrea. Por esse motivo, o estudo é de grande importância para a Bahia.

“Várias empresas têm deixado de se instalar aqui no estado por melhores condições em outros estados, então se começarmos a diminuir e mitigar os problemas, a gente vai com certeza atingir uma maior atratividade da Bahia”, enfatiza o vice-presidente da FIEB e presidente do COINFRA, Murilo Xavier.

Comprometido em mudar essa situação, o secretário estadual do Planejamento, Cláudio Peixoto, reiterou apoio à iniciativa conjunta com a CBPM, e classificou o momento como oportuno. “Eu gostaria aqui de consignar o apoio irrestrito da Seplan em um momento importante onde estamos discutindo e fazendo a revisão do Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI), o nosso plano de desenvolvimento estratégico, que servirá de base na construção do nosso Plano Plurianual (PPA) 2023-2027. Nós temos alinhamento político, as condições são favoráveis e eu tenho certeza que muito em breve este projeto estará no cenário nacional com grandes repercussões”, destaca.

Apoio também compartilhado pelo futuro secretário da SDE, Angelo Almeida, que enfatizou o novo momento geopolitico. “A Bahia está bem posicionada para este momento. Vamos lutar aqui para poder sensibilizar o senador Wagner da importância e da urgência de tratar esse tema e daremos um salto qualitativo e quantitativo nas discussões do que está sendo pleiteado aqui”, destacou Angelo.

A iniciativa foi também bastante elogiada pelo secretário de trabalho emprego e renda, Davidson Magalhães que também considera a logística essencial para o desenvolvimento do estado. “Esse debate é super importante, pois, quando você vai para o mercado de trabalho, você vê a fragilidade do mercado de trabalho baiano, temos que mudar a nossa matriz econômica, por isso, a superação do gargalo logístico é muito importante. Temos que acelerar esse debate dentro do governo”, pontua.