Por Anselmo Miguel Clement
Quem vem analisando o cenário político em Ilhéus não pode deixar de perceber o quanto decisões sobre coligações e apoios partidários estão sendo acatadas aqui, após serem decididas “lá em cima”, como costumamos dizer, quando as decisões são tomadas no âmbito estadual e, muitas vezes, até nacional. O fato é que Ilhéus é vista de forma estratégica pelos que comandam a política. Poucas cidades na Bahia têm recebido tantos investimentos públicos e privados como Ilhéus nos últimos anos. Poucas cidades vivem um boom imobiliário como Ilhéus. Quase nenhuma tem novela global que fale sobre sua rica história com o cacau. É fato.
Sua importância mostra seu potencial, entretanto, o que se vê é a falta de representatividade que alguns setores da economia local ainda amargam. São setores que geram emprego e renda e fazem o dinheiro circular. Pesquisa recente divulgada pelo Sebrae apontou que o setor de serviços, incluindo o comércio, ainda é o principal responsável por gerar empregos diretos em Ilhéus. Essa fatia chega a 76,6%. É significativo! Na contramão desse dado, o varejo, segue sem força para brigar por suas demandas, a exemplo de condições mais justas na política de impostos e taxas. Como o empresário local costuma falar: só recebemos o aumento e precisamos acatar para não ter que fechar as portas.
Faltam investimentos nas área de logística e escoamento de produção, falta um novo aeroporto em área mais estratégica. Faltam incentivos para atração de novas empresas e melhor estrutura para o Pólo Industrial. Faltam investimentos em segurança, que garantam a implementação de um sistema integrado de vídeo monitoramento das áreas comerciais. Tudo na contramão do crescimento de Ilhéus.
Além disso, temos a impressão de que os setores produtivos, como o comércio, a indústria, o turismo, entre outros não se conversam. Nem sempre por falta de interlocutores, mas de representantes que deveriam fazer reverberar nas instâncias municipais e estaduais, os anseios e necessidades desses setores. Se faltam conversa e articulação, faltam políticas efetivas e quem sofre são os empresários e, por conseguinte, a população. São décadas à espera do protagonismo de setores que fazem sua parte – gerar emprego e renda e alavancar os números da economia e de representantes que entendam “as dores” dos setores produtivos e que as transformem em soluções, por meio de políticas públicas ou que, pelo menos, sejam vistas com mais atenção pelo Poder Público.
O comércio, assim como outras áreas da economia, sofreu muito com a pandemia do Covid e precisou se reestruturar, mostrando o quanto é resiliente e o quanto vem buscando se adaptar às novas tendências de compra e do mercado, a exemplo do e-commerce. São dias de luta, com sofridos dias de glória. Muitos desses setores produtivos sustentam a esperança de mais dedicação de seus representantes. É preciso sentar, discutir, traçar estratégias, unir forças e lutar por melhorias para setores que fazem a diferença, que mostram sua força nas estatísticas econômicas. Essa atenção não pode ser somente um “cala a boca”, ou uma ação que agrade a uns e desagrade a outros. É preciso mais esforço ao olhar o potencial que dezenas/centenas de empresários e suas empresas carregam todos os dias, ao abrir suas portas.
Autor do artigo: Anselmo é empresário e pré-candidato a vereador de Ilhéus
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