Quase seis meses depois de deixar a cidade de Alcobaça, no extremo-sul da Bahia, no colo da mãe, praticamente sem vida, precisando de atendimento médico com urgência, o paciente O. O. S., de 7 anos, voltou caminhando para a casa da família. O menino recebeu alta médica depois de superar oito cirurgias na cabeça e 35 dias em coma na UTI Pediátrica do Manoel Novaes, em Itabuna.
O. O. S., sofreu um acidente gravíssimo no início deste ano. O menino foi atingido por um carro ao correr, junto com outros dois irmãos, para abraçar a mãe, a dona de casa Neide dos Santos Oliveira, que retornava das compras em Teixeira de Freitas.
Ela recorda-se que, desesperada, pegou o filho, praticamente sem vida, o colocou num veículo particular e levou para um hospital em Teixeira de Freitas. “Meu filho sofreu duas paradas cardiorrespiratórias a caminho do hospital. Depois da primeira cirurgia, foram quase seis meses de muito sofrimento. Hoje, estou muito feliz em levá-lo para reencontrar os irmãos”, comemora Neide Oliveira.
ATINGIDO PELO CARRO
O abraço apertado que o pequeno O. O. S., daria em dona Neide Oliveira (foto), naquele dia 27 de janeiro, foi impedido por um motorista que teria forçado uma ultrapassagem no ônibus, que havia acabado de estacionar para o desembarque da mãe da criança. “O carro rodou na pista e o retrovisor atingiu o menino. Quase perco meu filho por imprudência de um motorista, mas graças a Deus e o trabalho dos profissionais do Manoel Novaes, ele sobreviveu”, comemora emocionada. A criança havia perdido os movimentos, problema praticamente superado com sessões de fisioterapia.
Dois dias depois do primeiro procedimento em Teixeira de Freitas, o menino foi transportado, às pressas, em 29 de janeiro, para UTI Pediátrica no Hospital Manoel Novaes, onde foi submetido a uma série de cirurgias. Como o edema era muito grande, faltou pele para fechar o crânio da criança, que após ser extubada, dois meses depois de ser internada, foi encaminhada para um procedimento com um cirurgião plástico no Hospital Geral do Estado, em Salvador.
TOTAL DE OITO CIRURGIAS
Ao retornar da capital, o menino foi submetido a novas cirurgias. Entre o dia do acidente, incluindo as passagens por outras duas unidades hospitalares, e saída da enfermaria do hospital Manoel Novaes, na sexta-feira passada, foram oito cirurgias no total. “O paciente chegou em um estado muito crítico. Ele sofreu várias fraturas do lado esquerdo do corpo, com edema cerebral muito grande”, afirma o neurologista Fernando Schmidt.
O médico explica que, ao chegar ao Manoel Novaes, o menino precisou logo ser submetido a uma cirurgia para fazer uma descompressão, com a retirada de um pedaço do crânio. Além disso foi necessário um enxerto de um tecido plástico, após a criança sair da UTI. “Tivemos que trocar esse material umas duas vezes. O edema cerebral diminuiu, mas foi necessária uma cirurgia plástica. Depois do fechamento do crânio, ele evoluiu bastante”, conta. A criança ainda precisará de mais um procedimento para reconstrução do crânio.
MILAGRE DA MEDICINA
Para a diretora técnica do Hospital Manoel Novaes, Fabiane Chávez, a recuperação da criança é mais um caso raro da medicina, pois o estado de saúde era tão grave que o paciente foi incluído na classificação Glasgow 3, muito próximo à morte encefálica. “Foi necessário ampliar a intervenção no cérebro para diminuir a hipertensão intracraniana. Ele não estava reativo a qualquer manipulação que fazíamos, estava sem nenhum reflexo”, recorda-se.
A criança tinha uma hipertensão pulmonar gigante, segundo a médica. “O doutor Fernando foi um ponto chave dessa história, pois fez todas as cirurgias necessárias para salvar a vida do menino. Não posso deixar de destacar também que a recuperação do paciente ocorreu por causa do empenho da equipe assistencial, com destaque para atuação da UTI Pediátrica, que foi guerreira, pois conseguiu baixar hipertensão intracraniana e conseguiu fazer a criança acordar do coma”, conta emocionada.
A médica Fabiane Chávez destaca que o processo de recuperação contou com o suporte do Hospital Moinhos de Vento, por meio do Projeto Telemedicina. A situação do paciente foi debatida pelos profissionais dos dois hospitais (Novaes e Moinhos) durante os 35 dias em que ele esteve entubado na UTI PED. “A recuperação do menino emocionou a equipe da Telemedicina, pois todos achavam que o paciente dificilmente sobreviveria. No dia em que mostrei o menino soltando beijos e nos chamando de bebê, a médica de lá se emocionou”, finaliza.
Informações da Ascom da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna.
Deixe seu comentário