Polícia Federal prende ex- ministro da educação Milton Ribeiro


Ministro da Educação disse na época que daria prioridade a amigos de pastor a pedido de Bolsonaro.

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta (22/06), operação policial “Acesso Pago”, destinada a investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao Ministério da Educação.

Entre os presos está o ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro.
Com base em documentos, depoimentos e Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União, reunidos em inquérito policial, foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas.

As ordens judiciais foram emitidas pela 15ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito Federal, após declínio de competência à Primeira Instância. A investigação corre sob sigilo.

Estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e 5 prisões nos Estados de Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outas medidas cautelares diversas, como proibição de contatos entre os investigados e envolvidos, também foram efetuadas.

O crime de tráfico de influência tem pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. São investigados também fatos tipificados como crime de corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses).

Gravações

Em março deste ano, um áudio do ministro Milton Ribeiro veio a tona, onde diz dar prioridade a amigos de pastor a pedido do presidente Bolsonaro. O escândalo acabou derrubando o ministro e gerando desgaste ao governo.

Na gravação o ministro afirma que o governo dá prioridade a prefeituras em que pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores que não têm cargo e atuam em um esquema para obter verbas do MEC. As gravações foram obtidas pela Folha.

A existência do grupo de pastores, que ficou conhecido como “Ministério da Educação paralelo”, foi revelada na semana passada, em uma reportagem do Estadão.

Depois da divulgação de um áudio em que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, revela que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu “prioridade” a pastores no Ministério da Educação (MEC), o prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), disse que recebeu pedido de propina para protocolar uma demanda no MEC.

Em entrevista ao Estadão, o prefeito declarou que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil na hora e mais 1 kg de ouro (R$ 304 mil) para liberar a verba solicitada ao ministério. O religioso teria passado sua conta bancária para o recebimento do dinheiro.

Ouça o áudio: