Bolsonaro chama ministro Fachin de militante de esquerda e diz que ele quer eleger Lula


O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou, nesta sexta-feira (27), a criticar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Em sua live semanal, o principal alvo da vez foi o ministro Edson Fachin, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Segundo Bolsonaro, Fachin agiu movido por interesses políticos ao anular no ano passado condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o principal adversário do mandatário na corrida eleitoral.

As declarações de Bolsonaro ocorrem no dia seguinte à divulgação de pesquisa Datafolha que mostrou uma vantagem de 21 pontos percentuais do petista sobre Bolsonaro.

“Qual o interesse do Fachin em dizer que o CEP [Código de Endereçamento Postal] da ação na Lava Jato contra o Lula em Curitiba tinha que ser em São Paulo ou no Distrito Federal? O problema foi esse, em cima disso o sr. Fachin foi o relator de uma proposta. Ele deu o sinal verde e a turma dele no Supremo, por 3 a 2, aprovou a ‘descondenação’ do Lula”, afirmou o presidente.

“A gente sabe a vida pregressa dele [Fachin]. Foi militante de esquerda, advogado do MST”, disse Bolsonaro.

“Ele [Fachin] botou o Lula para fora. Agora, botou para fora só para vê-lo livre? Ele [Lula], segundo o Supremo, é elegível, disputa as eleições. A gente entende do lado de cá que ninguém vai botar o cara para fora com condenações grandes em três instâncias simplesmente para ficar passeando por aí. Colocou para fora, no meu modesto entendimento, para ser presidente da República”, completou.

Apesar da fala de Bolsonaro, a assessoria de Fachin disse, quando da sua aprovação no Senado em 2015, que o ministro nunca trabalhou para o MST. Em 2008, o hoje ministro assinou um manifesto de apoio ao movimento, que na época alvo de uma ofensiva do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Na live, Bolsonaro também fez ataques ao TSE e críticas ao PT.

Durante a live, Bolsonaro se queixou e chamou de “canalhice” dados do Datafolha que mostram uma disputa acirrada entre ele e Lula pelo voto evangélico. Pelo levantamento, 39% desse eleitorado prefere Bolsonaro, contra 36% do rival petista.

Os evangélicos são uma das principais bases de apoio de Bolsonaro, que frequentemente inclui em sua agenda reuniões com pastores e participações em cultos.

“Isso [dados sobre evangélicos] não é fake news, é uma canalhice. Eu sei que não sou unanimidade em lugar nenhum”, declarou Bolsonaro.

“No tocante a evangélico, o lado de lá defende aborto, o lado de cá o contrário. O lado de lá falou que vai colocar os militares, pastores e padres nos seus devidos lugares. Do lado de lá, os governadores do PT foram unânimes e fecharam templos e igreja.”

“Vai falar que os evangélicos estão divididos? Não sou unanimidade, não sou o dono da verdade, a última palavra. Mas falar que estão divididos?”

A radicalização do discurso foi apontada por aliados como uma das razões para a piora nos números de Bolsonaro na pesquisa eleitoral.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta sexta (27) que o desempenho de Bolsonaro pode ter sido reflexo de acenos à base mais radical da direita.

O atual presidente da República também aproveitou para criticar o projeto de lei das Fake News, chamado por ele de uma “prisão” e uma afronta a liberdade individual. Também defendeu o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF por ataques feitos contra integrantes do tribunal. Silveira recebeu um indulto de Bolsonaro.

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