Jovem que perdeu bebê com 36 semanas de gestação acusa hospital Materno Infantil de negligência


Rafaela diz que houve negligência no atendimento médico.

Quase nove meses de planos e felicidade pela gravidez de seu primeiro filho e tudo acaba em pesadelo por suposta inabilidade médica. Isso que relata a gestante Rafaela Silva de Almeida, que perdeu o bebê após dar entrada no Hospital Materno Infantil Dr Joaquim Sampaio. Rafaela estava com 8 meses e 15 dias de gravidez.

Moradora do povoado de Santo Antônio, zona Rural de Ilhéus, Rafaela deu entrada no Hospital no dia 5 de abril com perda de líquido e sangramento, mas o atendimento médico afirmou que não era a hora de dar à luz e aplicaram medicações.

A gestante voltou ao hospital no dia 8 de abril com fortes dores na barriga.

“Meu filho estava mexendo muito na barriga e depois do medicamento meu bebê parou de mexer. Realizaram um procedimento de ultrassom sendo constatado que o bebê estava morto”, relata a mãe em luto.

A criança foi declarada morta no dia 9 de abril. Em  relato ao Blog Agravo Rafaela pede explicações as autoridades competentes. Na certidão de óbito, o bebê registrado como Pietro Gabriel Silva de Almeida tem causa “Morte Fetal a esclarecer”.

Em resguardo, Rafaela ainda não pode comparecer à delegacia para registrar a ocorrência policial. Sua mãe foi a unidade policial, mas foi aconselhada que a própria filha devia comparecer a polícia para registrar a queixa.

O Blog Agravo entrou em contato com assessoria de comunicação do Hospital Materno Infantil que enviou uma nota de esclarecimento lamentando o ocorrido e afirmando que todo suporte assistencial e emocional foi ofertado, com equipe de médico, enfermagem, psicologia e serviço social. No entanto, segundo o Hospital, não se pode associar o uso das medicações adotadas e dos procedimentos realizados como que tenham sido os causadores da morte do feto.

Confira a nota do Hospital Materno Infantil Dr Joaquim Sampaio na íntegra:

Nota de esclarecimento

A puérpera R.S. de A. chegou ao Hospital Materno-Infantil com relato de perda de líquido amniótico no primeiro atendimento. Ao ser atendida pela equipe médica, foi realizada uma ultrassonografia obstétrica, cujo resultado evidenciou condições de normalidade no índice de líquido amniótico da paciente. Para seguimento do cuidado, foram adotadas as recomendações assistenciais preconizadas pelo Ministério da Saúde, principalmente para gestação pré-termo e para falso trabalho de parto. Por toda essa segurança é que ela pôde ser liberada a retornar para casa.

Após três dias, R.S. voltou ao serviço de urgência do HMIJS, em trabalho de parto prematuro, sem evidência de perda de líquido. Foi internada para acompanhamento da equipe multidisciplinar. No âmbito médico, foi adotado o protocolo de inibição do trabalho de parto prematuro, com medicações também padronizadas pelo Ministério da Saúde.

Paralelamente à estas medidas, foi realizado o monitoramento contínuo da gestante, com atenção aos casos de prematuridade e seus riscos associados. Infelizmente, mesmo com o protocolo aplicado, a gestante evoluiu com parto vaginal prematuro e o bebê não sobreviveu. Tratava-se de um atendimento característico de gestantes de alto risco.

Lamentamos o ocorrido. Todo suporte assistencial e emocional foi ofertado, com equipe de médico, enfermagem, psicologia e serviço social. No entanto, entendemos que não podemos associar o uso das medicações adotadas e dos procedimentos realizados, os quais, reiteramos, todos padronizados e preconizados pelo Ministério da Saúde como que tenham sido os causadores da morte do feto.

A transparência é a marca do Hospital Materno-Infantil. Tanto que, ao liberar o documento permissionário à emissão da Certidão de Óbito, a médica responsável atestou a causa da morte como “fetal a esclarecer”. Isso ocorre quando os próprios profissionais médicos buscam encontrar informações técnicas complementares que os auxiliem na conclusão do diagnóstico. São casos como estes que são investigados e discutidos na comissão de revisão de óbitos.

Importante ressaltar que o Hospital Materno-Infantil de Ilhéus é referência para gestação de alto risco a 20 municípios. Muitas gestantes que chegam ao nosso Serviço de Urgência possuem fatores de risco que podem levar ao trabalho de parto prematuro, o que amplia os riscos de perdas do feto. Nossa unidade é uma conquista da sociedade de Ilhéus e de toda a região sulbahiana. Os números que apresentamos até aqui, com mais de mil partos já realizados e com o reconhecimento das mulheres e famílias aqui atendidas, corroboram nossa permanente busca por um cuidado humanizado, baseado em evidências científicas, alicerçados por critérios técnicos e por justiça social.

Ilhéus, 26 de abril de 2022.