A Câmara de Vereadores de Ilhéus vai realizar um grande fórum de discussão com a participação de governos (municipal e estadual) e de todos os segmentos envolvidos, com o objetivo de construir um projeto de planejamento e organização que vai nortear as políticas públicas voltadas para os segmentos da agricultura e da pesca em Ilhéus. Esta foi a principal decisão tomada ontem (26), no início da noite, durante a realização de uma concorrida Audiência Pública no plenário Gilberto Fialho.
Convocada pelo vereador Alzmário Belmonte, o Gurita (PSD), a audiência teve como principal objetivo escutar as demandas dos dois setores e elaborar um plano de ação a curto e longo prazos, objetivando alavancar dois importantes segmentos da economia de Ilhéus. Gurita destaca que Ilhéus possui aproximadamente 1.100 quilômetros de estradas vicinais e 100 quilômetros de litoral, para além de um grande manancial de rios. Lembra que boa parte da sua economia baseia-se na agricultura e pesca.
A cadeia produtiva do cacau gera 340 milhões de dólares. É a matriz econômica do município, revela o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton Andrade. Para ele, a audiência foi importante por que contribui com o sentimento de que é preciso se organizar para alavancar o setor em Ilhéus. Assim também pensa Zé Neguinho, Coordenador de pesca da prefeitura, Zé Neguinho destaca que Ilhéus conta com mais de 15 mil pescadores e a maior extensão de litoral do setor pesqueiro: 83 milhas de costa.
“Nosso problema hoje são as invasões as áreas de preservação do meio ambiente, com as novas construções”, assegura. “Tenho 68 anos de pescaria, então aprendi a lidar com a pesca para ajudar minha família, a conduzir o alimento para que pudéssemos sobreviver. Nunca vi a pesca ter um norte, ter alguém que defenda a pesca artesanal em nosso Estado. É preciso ter essa união”, defende.
Representando a secretaria estadual de Agricultura e Pesca, Alisson Gonçalves, preferiu destacar o olhar cuidadoso e esclarecedor que a cultura do cacau precisa ter com o surgimento de uma nova doença que já ataca outras regiões produtoras de cacau no Brasil: a monilíase. O representante do estado entregou um documento produzido pela Ceplac em parceria com a ADAB, que trata da doença que apresenta-se mais devastadora do que a vassoura de bruxa e já é popularmente apresentada como o “coronavírus da cacauicultura”. De acordo com Alisson, não se pode falar em agricultura na região sem que este tema esteja presente dos debates.
Presentes à audiência, os vereadores Cláudio Magalhães (PCdoB) e Tandick Resende (PTB), destacaram a importância dos dois segmentos para os avanços do pequeno produtor na cidade. Resende lembrou que sua família é originalmente do campo, da região de Sapucaeira, zona rural de Ilhéus. “Percebo que a partir de discussões como esta, Ilhéus retornará à condição de destaque no cenário produtivo baiano”, afirmou. Cláudio Magalhães é o primeiro representante dos povos originários na Câmara de Ilhéus. Ele propôs a imediata recuperação das estradas vicinais de Ilhéus, como meio de escoamento da produção.
O vereador do PCdoB também defendeu a criação de um Fundo Municipal da Agricultura Familiar, para fazer a economia girar, beneficiando a quem produz. ”Esse evento foi um importante ganho”, assegura Gurita. A ideia é, a partir daqui, extrair as demandas mais emergenciais e transformar em documentos oficiais do Legislativo. “Recebemos pessoas que idealizaram importantes ações de grande relevância para esse fórum que iremos realizar”, finalizou.
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