Apenas 45 cidades brasileiras continuam sem mortes por Covid-19


Informações da CBN/ Pedro Bohnenberger.

Um posto de saúde, uma escola, uma delegacia e apenas uma praça. Esse é o cenário de Araguainha, no Mato Grosso, que fica a 440 quilômetros de Cuiabá e onde os 976 habitantes têm resistido à Covid-19. Isso porque depois de mais de um ano de pandemia, a cidade ainda não registrou nenhuma morte pela doença e, no momento, não tem ninguém internado por coronavírus.

O secretário municipal de Saúde, Valter Rubens Alves, diz que, entre as medidas adotadas pra evitar a disseminação da Covid-19, estão uma política de testagem, o rastreamento de contatos de quem testou positivo e o isolamento dos casos suspeitos.

“Instalação de barreira sanitária, orientação do uso de máscara, da higienização das mãos, distanciamento… e cada caso que tem a gente monitora e isola de imediato as pessoas. [em] Quem teve contato, a gente faz o teste também e isola todo mundo”, explica.

Araguainha é uma das 45 cidades brasileiras que ainda não registraram nenhuma morte pela doença, segundo um levantamento feito pela CBN com as secretarias de Saúde. O número representa 0,8% dos 5.570 municípios brasileiros.

Dez estados têm cidades sem mortes, e Minas Gerais é o com o maior número de municípios nessa situação. São 17. Entre eles, está Bonito de Minas, com cerca de 12 mil habitantes. A maior parte da população é rural, o que contribuiu para o distanciamento social. A prefeita Vânia Carneiro conta que, antes mesmo de as pessoas procurarem o serviço de saúde, agentes visitam as casas para verificar sintomas.

Em São Paulo, apenas três municípios integram a lista: Fernão, Lucianópolis e Sagres. A secretária municipal de Saúde de Fernão, Adriana Pettenuci, diz que, na cidade, é feito um acompanhamento na casa das pessoas com Covid-19, e que a proximidade entre as pessoas da cidade, de cerca de 1.700 habitantes, tem ajudado no enfrentamento à pandemia.

No Rio Grande do Sul, cinco cidades permanecem sem mortes por Covid. Uma delas é Benjamin Constant do Sul, que tem pouco mais de 3 mil habitantes, sendo quase metade indígena. O secretário municipal de Saúde, Ari Gasparetto, diz que, para o enfrentamento à pandemia ser efetivo, os caciques também integram as discussões do comitê da cidade.

O professor de Infectologia da Universidade Federal de Uberlândia Marcelo Simão Ferreira explica que, por serem menos populosos, esses municípios tendem a não ter aglomerações, e também é mais fácil conscientizar a população. Mas ele alerta para o fato de que, se os casos começarem a crescer nessas regiões, a situação pode piorar rapidamente.

“Numa cidade pequena, onde toda a população pode ser conscientizada, a letalidade é baixa. Você vai ter muito menos morte do que quando comparado a uma cidade maior, onde há mais aglomeração, mais trânsito e mais comércio”, descreve. “Mas, se a população não colaborar e houver fluxo maior na cidade, muitas mortes podem ocorrer, porque esses locais, em geral, não têm hospital, não têm médico especializado, não têm medicação especializada e não têm UTI.”

Os estados que ainda têm cidades sem mortes por Covid-19 são: Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.

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