Por: José Rezende Mendonça (*)
O que estamos ouvindo, vendo e lendo em todos meios de comunicações, são as inundações em diversas regiões do Brasil, neste verão de 2019/2020. Quando anunciadas vem sempre com uma informação a mais, que muitas delas são as maiores dos últimos: 20, 30, 50, 60 anos, pois obedecem a cíclicos climáticos, que nunca foi e nem será uma novidade, com relação a estes períodos. Outras inclusive, com repetições em menos de dois, três, quatro… anos com maior ou menor intensidade.
Isto nos fez lembrar, o período de 1972/1974, quando foi construída a FESPI, hoje UESC, pela divisão de engenharia da CEPLAC (DIVEN), com projeto e arquitetura dos seus competentes engenheiros.
Quando a construção foi concluída, nos chamou a atenção, as colunas de sustentações bastantes altas, para em cima delas vir o primeiro pavimento. Lembramos muito bem, que o espaço térreo, era usado como estacionamento coberto e nada mais.
Diante desta nossa inquietação e curiosidade, fomos naquela época até a DIVEN e questionamos a um dos engenheiros, sobre esta situação. A resposta foi simples e rápida, mais ou menos assim: “em 1967, tivemos a maior enchente, que tínhamos conhecimento do Rio Cachoeira, e dentre outras áreas, estava a área da FESPI, que fora inundada.
Foi o bastante, para que nós voltássemos no tempo e lembrar daquela tão assombrosa enchente. Em 1983, para quem se recorda, outra enchente aconteceu, mas desta vez em proporções bem menores, o suficiente para interditar alguns locais da BR-415, nos trechos da Fazenda de Amélia Amado, Rio Alegrias em frente a CEPLAC, e sem muito estrago na baixada da UESC (Salobrinho), e na baixada onde hoje se localiza o Hospital Regional Costa do Cacau até o antigo lixão, na fazenda de Waldeck Die Maia.
Para melhor entendimento, sobre as enchentes do Rio Cachoeira, anteriores a 1967, encontramos por pesquisa, que a primeira que se tinha conhecimento data de 1914, com bastante estragos. Seis (6) anos depois, em 1920, outra nova enchente, considerada até aquela época como a pior de todas. Em 1947, portanto, vinte e sete (27) anos depois, mais uma enchente com prejuízos em vários bairros da cidade. Depois da enchente de 1967, em 1983 uma nova enchente no Rio Cachoeira portanto, dezesseis (16) anos depois. Esta ficou marcada, não pela quantidade de água, acima do leito normal, mas devido várias quedas de barrancos na BR-101, com vários mortos. E por fim em 2007, o Cachoeira volta a subir acima do seu leito normal, causando mais um vexame, com retiradas dos moradores situados a beira do rio.
Depois de todos estes períodos relatados, estamos há praticamente dezessete (17) anos, sem nenhum registro de enchentes. Mas, o que nos leva a questionar é o seguinte: o que levou a UESC, aproveitar aquele espaço térreo do estacionamento, cuidadosamente bem pensada tecnicamente pela CEPLAC/DIVEN, contra enchentes do Rio Cachoeira, para usá-lo com novas construções de salas de aulas, laboratórios, etc.?
Estaria a direção da UESC, nesta época, sem o devido conhecimento e a decisão foi tomada simplesmente, pela falta de mais espaço?
Bom, o certo é que o perigo ainda existe, de uma nova inundação igual ou pior a de 1967, pois como visto acima, os períodos cíclicos continuam acontecendo em todo mundo. E com isso, tudo aquilo ali construído na área do antigo estacionamento, poderá e tomara DEUS que não, ser destruído em poucos minutos, perdendo anos a fio de pesquisas e materiais históricos que ali se encontram, dentre tantas outras coisas.
Nota: Esta situação, já havíamos comentado com alguns amigos, há muitos anos, mas, agora resolvemos colocar por escrito, porque a partir deste momento fico com a minha consciência tranquila, pois tenho certeza que relato, irá chegar a quem de direito.
(*) Técnico Agrícola, aposentado da CEPLAC, especialista em cartografia e aerofotogrametria, em imagens de fotos aéreas convencionais, radar e satélite.
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