Com o objetivo de identificar as principais verminoses que ocorrem em crianças de 0 a 5 anos e em cães no município de Ilhéus, foi realizado um estudo ao longo de 2016 pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), através do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, (PPGCA) junto ao projeto da Dra. Tatiani V. Harvey. Foram coletadas amostras fecais destes indivíduos em 40 comunidades rurais distribuídas pelos 10 distritos do município.
Com título “Distribuição espacial de Enteroparasitas Zoonóticos em populações humanas e caninas do município de Ilhéus, Bahia, Brasil”. Enteroparasitoses são doenças causadas por parasitas do intestino, e dentre elas estão as verminoses. Apresentam alta ocorrência em países em desenvolvimento, como o Brasil, especialmente em áreas com deficiências sanitárias como as áreas periféricas e rurais. São doenças relevantes no âmbito da saúde pública, principalmente por resultarem em prejuízos no desenvolvimento físico e intelectual de crianças e, inclusive, o óbito. Em alguns casos, estas doenças ocorrem também em cães, que podem adoecer e manter o ciclo do parasita no ambiente.
A pesquisadora pode constatar que: 68,4% das crianças e 77,6% dos cães estavam parasitados; Houve presença de Giardia e Cryptosporidium em ambas as populações, sendo estes parasitas os principais causadores de doenças diarréicas em humanos e animais; Giardia e Ascaris lumbricoides (conhecida também como lombriga) foram os principais parasitas encontrados nas crianças; Ancilostomideos e Giardia foram os principais parasitas encontrados em cães; Os distritos de Aritaguá, Olivença e Sede tiveram maior diversidade de parasitas em cães e humanos; detectou-se Giardia e ancilostomídeos em crianças e cães de todos os distritos, respectivamente, como pode ser observado no mapa.
Para a Dra. Tatiani Harvey, “vale considerar que parasitas encontrados em cães também parasitam o homem, assim como os Ancilostomídeos (que causam o conhecido “bicho geográfico”) e a Giardia. Demonstrando que o cuidado com a saúde dos animais também contribui para a saúde humana”.
“Embora o cenário encontrado de enteroparasitoses tenha sido em área rural, a disseminação dos agentes pode ocorrer através da água, ambientes contaminados e ser transmitida de pessoa para pessoa. Assim, medidas de prevenção e controle devem ser adotadas em toda a área do município,” destaca a pesquisadora.
RECOMENDAÇÕES
Médica Veterinária, Doutora em Parasitologia/UESC, Tatiani Harvey, na conclusão da sua pesquisa recomenda ao município criar e/ou reforçar as atividades de Educação Sanitária nas comunidades rurais, priorizando as áreas geopolíticas com maior diversidade parasitária. Salienta-se, ainda, que readesão do município ao Programa Saúde na Escola, que acompanha algumas metas do programa de prevenção de geohelmintíases do Governo Federal, foi muito importante. Espera-se que estas intervenções sejam priorizadas e colocadas em prática, rapidamente.
Como medidas de prevenção a serem estimuladas nessas atividades, ela sugere: lavagem frequentes das mãos com água e sabonete, o uso de calçados dentro e fora de casa, o uso de água fervida para beber e para lavar frutas e verduras e a vermifugação dos cães, pelo menos duas vezes ao ano, e do homem, conforme recomendações médicas.
O trabalho da Dra Tatiani V.Harvey foi desenvolvido sob orientação do Prof. Dr. George R. Albuquerque (UESC), e teve como colaboradores: os professores Sílvia M. S. Carvalho (UESC) e Christiane M. B. M da Rocha (UFLA), a Pós-doutora Anaiá P. Sevá (USP), o Departamento de Atenção da Secretaria de Saúde de Ilhéus, da ex-coordenadora do IBGE, Kátia Dourado, e do Vice-Prefeito de Ilhéus, José Nazal.
*Informações da Ascom/UESC.
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