Uma simulação realizada nesta sexta-feira (22), em Jacobina, envolveu 400 moradores da região da mina Canavieira, além de integrantes da polícia, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e funcionários da mineradora canadense Yamana Gold, em Jacobina, na Chapada Diamantina. Esta foi a primeira simulação de acidentes com barragens do Nordeste.
Durante a simulação, um técnico informou o risco iminente de rompimento da barragem, e imediatamente as sirenes soaram. Um posto de comando foi montado, com um comitê de gestão de crise onde as decisões eram tomadas a partir as informações que chegavam dos oito pontos de encontro preestabelecidos nas comunidades do entorno.
Para o superintendente de Defesa Civil do Estado, Paulo Sérgio Luz, a preparação da população que habita áreas de risco no entorno das barragens é fundamental. “Esse simulado tem uma dupla função porque serve para capacitar tanto os moradores do entorno como também está servindo de escola para órgãos, técnicos e também para outras empresas que possuem barragens, como a própria Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco)”.
O Ministério Público estadual também participou da simulação. Segundo o promotor de Justiça Pablo Almeida, “A experiência foi positiva, porque na denominada zona de autosalvamento, diante de um rompimento da barragem, os moradores e funcionários teriam que realizar rotinas de segurança, já que não haveria tempo hábil suficiente para atuação das equipes de resgate públicas ou da própria empresa”, explicou.
Gerente regional de segurança, saúde e meio ambiente da Yamana Gold, Guilherme Araújo diz que todas as barragens de rejeitos precisam ter um plano de acidentes, com atendimento de emergência para garantir que, caso algo indesejável aconteça, as consequências sejam as menores possíveis. “Hoje o que nós estamos fazendo aqui é operacionalizando esse plano fazendo um simulado para que as pessoas possam sair da zona de autossalvamento de forma segura”.
Guilherme explica o passo a passo. “O operador identifica a anomalia e comunica ao coordenador de barragem que vai definir o nível de emergência e deflagrar o plano de emergência. A primeira ação evidentemente é evacuar as pessoas da zona de autossalvamento logo abaixo da barragem. Hoje nós utilizamos as sirenes móveis. Mas nós vamos ter a sirenes fixas instaladas em vários pontos dessas zonas de autossalvamento para que todos possam ouvir o alerta e se dirigir aos pontos de encontro em segurança”.
Paulo Sérgio informa que equipes a Defesa Civil e o Inema estão visitando todas as barragens do estado. “Já tem dois anos que nós fazemos esse trabalho. Já é a terceira vez que a equipe da Defesa Civil está aqui na barragem da Yamana Gold, o Inema também está fazendo mutirão indo em todas as barragens e este é um trabalho que serve de exemplo para todos os Estados”. Segundo Paulo Sérgio, a maioria das barragens baianas hoje se encontram no nível um de segurança, que é o mais seguro. “As 14 barragens de rejeitos da Bahia estão sendo monitoradas, assim como as de água”.
Para o diretor de barragens da Yamana Gold, Rafael Jabor, o exercício superou as expectativas e mostrou o engajamento muito grande da população. “O primeiro objetivo era fazer com que as pessoas se deslocassem para os pontos de encontro. Os números preliminares mostram que das 400 pessoas que vivem nessa zona 1, onde se corre o maior risco de perdas de vidas, nós conseguimos alcançar 270 pessoas. Este é o número bastante alto para um primeiro simulado de emergência. Então a ideia geral foi alcançada, estamos muito satisfeitos”.
Segundo Jabor, os próximos passos serão incorporar os pontos de melhoria identificados durante o simulado a partir do relatório que está sendo preparado. “Vamos fazer um novo simulado daqui a algum tempo e continuar testando as ferramentas de alerta. A ideia é realizar um simulado por ano”.
O gerente regional de segurança, saúde e meio ambiente da Yamana Gold, Guilherme Araújo, explicou ainda, que os moradores vêm participando de reuniões de capacitação e que o plano de evacuação é estudado de acordo com o potencial de destruição. “Nós fazemos um estudo simulado como se a barragem se rompesse no seu pior cenário possível, totalmente cheia, uma situação muito diferente da qual ela se encontra hoje, que é de apenas 24% ocupada com rejeito e 12% com água”.
O morador Antônio Fernandes, que vive próximo à barragem, comenta que a experiência é importante. “Hoje foi um dia excelente para mim. Sabendo que tem a mineração aqui próximo, a gente fica preocupado com o risco de acidente, mas o medo vai passando com as orientações nas reuniões, com as explicações dos técnicos. Então o simulado hoje foi muito bom, nos tranquiliza, e as pessoas agora já sabem como proceder no caso de um acidente, isso é muito bom”.
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