Impulsionada por condições climáticas extremamente favoráveis e um salto na produção de vinhos e derivados, a indústria vitivinícola brasileira vê em 2018 um ano de virada para o setor, após um 2015 e 2016 de perdas significativas na quantidade. Além disso, a previsão do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) é que a qualidade da safra deste ano seja a melhor em décadas.
Não é sem razão que a indústria vitivinícola brasileira trace previsões otimistas para o futuro. Após amargar perdas na produção de quase 60% em 2016, o setor registrou um salto de produção de 169% no ano passado, enquanto a atividade do setor em nível global despencou – até mesmo em países líderes em termos de produção de vinhos e espumantes, como a França (-19%) e a Espanha (-20%) – segundo dados da Organização Internacional do Vinho (OIV).
“2015 e 2016 foram anos difíceis e, 2018, com uma boa safra e qualidade das uvas, com perspectiva de aumento do dólar, será sem dúvida um ano de recuperação”, afirmou o diretor de Relações Institucionais da Ibravin, Carlos Paviani, em entrevista ao portal Brasil. “Quanto mais tranquila a maturação da uva, mais equilíbrio do vinho, maior o grau alcoólico e menor acidez”, explicou.
“A safra de 2018 está sendo, pelo aspecto qualitativo, a melhor do século 21 – uma safra com chuvas equilibradas, sem estresse de condições climáticas”, afirmou Pavani. Ele acrescenta que essas características devem gerar um bom equilíbrio nas uvas, o que vai resultar em vinhos bem avaliados.
Para o enólogo Lucas Simões, embaixador da vinícola Casa Valduga, uma das mais respeitadas do País, a safra de 2018 de fato será uma das melhores em anos no Brasil. “Nossa projeção é que alguns vinhos da icônica safra 2018 demorem a ser liberados, chegando ao mercado somente em 2024, como nos casos dos vinhos tintos de guarda. Contudo, os delicados vinhos jovens logo estarão disponíveis para o deleite dos amantes do vinho”, estimou.
Na avaliação de Paviani, a alta nas exportações de vinhos, espumantes e derivados no Brasil é uma prova de que a indústria brasileira vem aumentando sua competitividade nos últimos anos. Até março, por exemplo, já foram exportados, em valor, mais de US$ 1 milhão ao exterior (553,1 mil litros), uma alta de 44,3% em valor e de R$ 48,7 em volume na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Temos 40 bons vinhos oferecidos no mercado internacional, então a exportação tem crescido. Tivemos um aumento em 2014 com a Copa do Mundo, depois caiu, e agora vamos retomar as vendas”, estima o executivo. Ele acrescentou que as estimativas podem melhorar a depender do comportamento do câmbio ao longo do ano, isto é, caso o dólar mantenha a atual trajetória de alta.
Já o enólogo Lucas Simões também enxerga um salto do vinho nacional em termos de qualidade. Segundo ele, os vinhos produzidos no Brasil vem caindo no gosto tanto do consumidor nacional, quanto do estrangeiro. ” Se olharmos para os números dos últimos 10 anos, veremos que o vinho nacional ganhou o coração de vários consumidores. Até pouco tempo atrás, os vinhos brasileiros ainda eram vistos como exóticos”, apontou.
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