O mau tempo e a desestabilização da lancha pode ter provocado o naufrágio que deixou, ao menos, 18 mortos, na Baía de Todos-os-Santos, trecho de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador, na quinta-feira (24). Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a velocidade do vento, que normalmente é de 7 km/h, era de cerca de 31km/h no local do acidente, quando a embarcação virou.
De acordo com a Capitania dos Portos, as causas, circunstâncias e responsbilidades do acidente já começaram a ser apuradas. A maré estava alta e o mar estava bem agitado no momento da tragédia. Também chovia e ventava bastante quando a embarcação virou. A lancha Cavalo Marinho I, saiu do Terminal Marítimo de Mar Grande, em Vera Cruz, com 120 pessoas a bordo. Eram 116 passageiros e 4 tripulantes. A capacidade da embarcação era de 160 pessoas.
Conforme relato de sobreviventes, por causa da chuva forte e do vento, os passageiros da lancha passaram para um lado só da embarcação, o que teria provocado a desestabilização da lancha, que virou após ser atingida por uma onda. A Marinha informou que vai ouvir os sobreviventes durante as investigações para apurar se isso provocou o acidente.
“Informação do que efetivamente ocorreu nós só teremos ao final do inquérito que está sendo instaurado pela Marinha para apurar o acidente. Nós ouviremos testemunhas, a embarcação vai passar por uma perícia e, ao final do inquérito, que tem prazo de conclusão de 90 dias, é que nós teremos um quadro efetivo”, afirmou o comandante Flávio Almeida, assessor de relações institucionais da Marinha na Bahia.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os ventos no litoral baiano estão mais fortes nesta semana por causa da passagem de uma frente fria pelo oceano. Ainda segundo o Inmet, nesta quinta, na hora do acidente, a maré estava alta e as ondas passavam dos dois metros. Os ventos estavam com a velocidade quase cinco vezes mais forte do que o normal.
“A gente teve essa manhã, em torno desse horário [do acidente], esses ventos soprando com rajadas entre 30 e 31km/h. Ontem [quarta-feira], nesse mesmo horário, a gente também tinha essa mesma característica, algo em torno de 29, 30 km/. No decorrer do dia de ontem teve até, em alguns momentos, rajadas mais intensas do que essas, chegando a até 46 km/h. A previsão nos próximos dias é de continuidade desse tempo mais instável, esses ventos continuam, em alguns momentos, com essa intensidade um pouco maior, mas não temos previsão de grandes intensidades nem de vento, nem de chuva ao longo do litoral baiano”, explicou Claudia Valéria, meteorologista do Inmet.
Na quarta-feira (23), a saída das escunas de turismo que fazem o passeio por ilhas da Baía de Todos-os-Santos e a travessia para Morro de São Paulo, destino turístico em Cairu, chegaram a ser suspensos, também por causa do mau tempo. A travessia entre Salvador e Mar Grande também teve interrupções, mas por conta da maré baixa, que já ocorre normalmente.
O acidente aconteceu por volta das 6h30 desta quinta. Conforme sobreviventes e autoridades, a lancha virou cerca de 10 minutos após deixar terminal. A embarcação estava na Baía de Todos-os-Santos, a 200 metros da costa, quando virou.
Pelo menos duas crianças morreram no acidente. Um deles é um bebê de 6 meses, ainda não identificado, que viajava com a mãe, a irmã, de 5 anos, e a avó, segundo relato de familiares. A outra é uma criança de 1 ano, que chegou a ser resgatada com sinais vitais, mas morreu em uma ambulância do Samu. Até por volta das 20h30, onze, das 18 vítimas mortas tinham sido identificadas.
Após o acidente, a operação do sistema foi imediatamente supensa, em Salvador e em Mar Grande. De acordo com a Marinha, a embarcação estava regular e um inquérito administrativo será instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.
A embarcação também estava com todos os itens de segurança em dia e tinha sido vistoriada recentemente, segundo a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab).
Em entrevista, o comandante do Corpo de Bombeiros, Francisco Telles, disse que havia coletes na embarcação, mas o órgão apura se a quantidade de equipamentos era suficiente. “Sabemos que coletes foram distribuídos, mas na situação é preciso investigar como isso aconteceu. É difícil saber agora quando as pessoas colocaram os coletes”, afirmou.
Deixe seu comentário