A blitz contra o bom senso


Editorial

Gigantescos engarrafamentos e muita reclamação, esse é o saldo de várias blitze.

Um dos grandes males que assola o país, é a falta de fiscalização, e o não cumprimento das leis constituídas. Isso é fato.

Por causa disso, a corrupção, em todas as instâncias, se tornou prática corriqueira e chegou a atual situação. A crença na impunidade, e a certeza de que eles, os corruptos, jamais seriam descobertos, causou (e causa) gigantescos prejuízos aos cofres públicos.

Mas, para tudo nessa vida, o bom senso nunca deve sair de campo. Caso contrário, situações que tinham tudo para esbanjarem saldos positivo, acabam gerando transtornos, ofuscando as benesses que supostamente acarretariam.

Um bom exemplo para ilustrar isso, são as blitze que aconteceram em Ilhéus na sexta (10) e neste sábado (11). Ninguém questiona a imprescindibilidade de realiza-las, até porque, milhares de vidas são colocadas diariamente em risco, à mercê de irresponsáveis e criminosos em potencial, cujos veículos se convertem em verdadeiras armas. Para percebermos a dimensão disso, basta consultarmos as estatísticas de mortes no trânsito, devido à combinação: Bebida alcóolica + volante.

Mas, como nos ensinam os mais velhos, para tudo nessa vida deve haver ordem e decência. E são justamente essas duas palavras chaves, que notadamente foram retiradas do vocabulário dos idealizadores e realizadores das referidas blitze. Ou seja, o governo do Estado, através do Detran. Segundo informações, o alvo principal é pegar os automóveis com IPVA atrasado, além de flagrar condutores sob efeito de álcool.

Vejamos alguns absurdos cometidos. Na sexta, a operação começou no início da tarde, e perdurou até as 21h. Na operação, os condutores de veículos foram forçados a passar em frente ao estádio Mário Pessoa, onde a blitz foi realizada. Para isso, todas as vias foram bloqueadas, a exemplo da subida para o viaduto Catalão, e os acessos para as avenidas Soares Lopes e Canavieiras. Tal situação, consequentemente, em uma cidade com gravíssimos problemas de mobilidade urbana, contribuiu para que o trânsito ficasse travado, revoltando cidadãos de bem, que, geralmente apoiam esse tipo de fiscalização, mas que se mostraram totalmente revoltados como a forma irresponsável que tal foi conduzida.

Hoje, uma nova blitz foi realizada, dessa vez na avenida Lomanto Júnior, na altura do Muro do Aeroporto, para quem ia em direção a Olivença, e nas proximidades da curva do aeroporto, para quem vinha da zona sul. Mais uma vez, algumas vias foram obstruídas, colaborando para que o já conturbado fluxo de veículos na localidade, se tornasse um tormento de proporções infernais.

A frase de autoria do ex-governador Octavio Mangabeira, “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente”, volta à tona com as Blitze em Ilhéus.

Uma coisa chamou a atenção nas operações: A presença de um estranho guincho, com placa do Rio de Janeiro, que conseqüentemente não é contribuinte baiano.

Perante essa situação, algumas perguntas pairam no ar: Até que ponto a realização de uma blitz (essenciais, desde que realizadas com sabedoria), pode interferir no nosso direito constitucional de ir e vir?

Onde estão os nossos representantes políticos, eleitos democraticamente para nos representar, e interceder pelo bem estar da população? Será que eles, deputados e o nosso prefeito, concordam com a forma que essas blitze estão sendo tocadas? E se discordam, continuarão de braços cruzados?

A população ilheense exige que nossos políticos se manifestem ante tal descalabro, e, obviamente, façam jus aos seus mandatos, tendo como companheiro o bom senso, e busquem soluções para esse problema.

É o que todos esperam!