Por Gustavo Kruschewsky
Tentar-se-á neste comentário fazer uma dicotomia do perfil de eleitores no Brasil. Não é tão difícil como parece. Alguém dissera com muita propriedade que “a massa é uma idiota útil”, referindo-se talvez às pessoas que estão vivendo na extrema pobreza. Esta referência aponta seres “humanos” que, nas eleições, demonstram a sua “utilidade”. Só são úteis para outorgar seus votos aos candidatos sedentos para ocupar o “poder político”. Quem são os culpados pela proliferação da massa no Brasil? A resposta é óbvia: São muitas elites estabelecidas no nosso país. A maioria da própria classe “política” é uma delas. Principalmente pela omissão. Isto é histórico, lamentavelmente!
Há diferença entre a massa e o povo? O octogenário Carlos Heitor Cony assim se posiciona: “Pode parecer um paradoxo, mas há o povo e há a massa. Povo é o conjunto que inclui pobres e ricos, patrões e empregados, banqueiros e bancários, bons e maus cidadãos. Massa é a pasta informe, de gente marginalizada pelo sistema sócio-econômico vigorante em todos os países, com uma outra pontuação diferente, mas com o eixo comum da injustiça social, em muitos casos, como o nosso, levada aos extremos”. Prossegue o nobre romancista e cronista: “A culpa da elite é exatamente essa. Cria e mantém a massa que se distingue do povo, guardando-a para pasto da demagogia, munição que abastece os tiranos, os corruptos ou cúmplices da corrupção”.
O Papa Pio XII no dia de Natal (Nascimento de Cristo) nos idos de 1944 foi mais além ao encaminhar mensagem aos fiéis (com tradução de Evandro Monteiro). Assim se expressou o Papa: “O povo vive e se move com vida própria; a massa é por si mesma inerte e não pode receber movimento sem ser de fora. O povo vive da plenitude da vida dos homens que a compõem, cada um dos quais em seu próprio lugar e a sua maneira – é pessoa consciente de suas próprias responsabilidades e de suas convicções próprias. A massa, pelo contrário, espera o impulso de fora, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira. Da força elementar da massa, habilmente manipulada e joguete fácil nas mãos de qualquer um que explora seus extintos e impressões, nas mãos ambiciosas de um só ou de muitos agrupados artificialmente por tendências egoísticas, pode o mesmo Estado, com o apoio da massa reduzida a não ser mais que uma simples máquina, impor seu arbítrio à melhor parte do verdadeiro povo: assim o interesse comum fica gravemente ferido e por muito tempo e a ferida é por muitas vezes dificilmente curável. Com o dito aparece clara outra conclusão: A massa – como nós acabamos de defini-la – é a inimiga capital da verdadeira democracia e de seu ideal de liberdade e igualdade”.
Portanto, a massa é multidão amorfa. Quem faz parte da massa é pessoa “sem caráter definido ou opinião própria”. A massa não tem energia para tomar partido nas questões públicas. Posto que também não sabe nada destas questões. Às vezes só sabe escrever o nome. E muito mal. Não tem responsabilidade. Portanto, não sabe o que é ética. Não sabe o que é política. Não sabe o que é justiça. Não sabe o que injustiça. Não sabe dos seus direitos. Não sabe dos seus deveres. Não sabe o que é democracia. Muitas pessoas da massa passam fome se alguém não lhe der de comer. A massa é ludibriada pela elite. Pior: não sabe que é ludibriada.
Note-se que entre os pobres, os de classe média, média alta, ricos, os banqueiros, os patrões, os maus ou os bons, surge outra classe que é a ELITE “política”. Esta classe se destaca das demais. Esmaga mormente a massa, porque a usa, promete, mente e corrompe sem piedade. Ano após ano, a massa continua sendo “uma simples máquina” que amarga a imposição do arbítrio de milhares de “políticos” inescrupulosos.
Estas lucubrações fazem raciocinar e questionar: Qual das duas camadas da população é mais numerosa no Nordeste, por exemplo? A massa ou o povo? Quem é mais esquecido pelos candidatos nas eleições? Quem tem mais importância para os “políticos” nas urnas?
Para se ter uma ideia basta dar uma olhada para o Nordeste: O IBGE afirma que 59% da população Nordestina encontram-se na extrema pobreza. O Maranhão é o Estado de maior percentual de pessoas na extrema pobreza, (coincidentemente Sarney é maranhense), depois vem o Piauí. A pobreza na Bahia, por exemplo, é resultado de muitos anos de “políticas equivocadas” manipuladas pela elite “política”. Isto, de certo modo, ocorre até nos nossos dias. Logo, no Nordeste a predominância quantitativa é da existência da massa, ou seja: muitas pessoas com “renda mensal inferior a R$70,00 (setenta reais) e outras milhares de pessoas na extrema pobreza, sem emprego, sem saúde, sem educação, sem segurança, sem habitação, portanto, sem dignidade e cidadania. Esta é ainda, infelizmente, a situação de milhares de nordestinas e nordestinos no Brasil. Vale dizer que as pessoas pobres, comerciários, bancários, empregadas domésticas, determinados profissionais liberais, etc., que fazem parte do povo, não têm a devida liberdade e cidadania que deveriam ter, como têm os banqueiros, os ricos e tantos outros e outras que fazem parte deste mesmo povo.
Poder-se-ia dizer que: a massa, por ser a “maioria”, que numericamente define qualquer eleição, é a mais lembrada pelos candidatos, em busca do voto, com promessas recheadas de aleivosidades. Portanto, a massa, desde o descobrimento do Brasil até os nossos dias, foi e continua sendo a classe mais importante para eleger candidatos. Ela, na verdade, é quem decide as eleições em qualquer rincão do nosso Estado Brasileiro. Exatamente pelo fato de ser a grande maioria e que pode ser manipulada pela lábia de milhares de “políticos”.
Ora, infere-se que: para se alcançar uma verdadeira democratização no Estado Brasileiro, em busca da efetiva igualdade e liberdade entre as pessoas, é necessário que a massa seja erradicada, tornando-se povo com decisão própria, retirando, com isto, munição das elites aproveitadoras nas eleições. É preciso reverter este quadro, criando-se partidos políticos sérios que lancem candidatos que lutem para proporcionar uma boa educação às pessoas que ainda estão na extrema pobreza. Que lutem pela habitação, pela saúde, pelo emprego e segurança destas pessoas, elegendo candidatos responsáveis, honestos e comprometidos com a democracia. Cobrando deles exaustivamente. Do contrário sempre existirá a MASSA inculta e amorfa que sempre redundará na mantença da “elite política” quase totalmente corrupta. Isto meus amigos é contra os princípios Cristãos. É doloroso! È imoral! É uma vergonha nos dias de hoje no Tribunal Humano.
Pode-se então dizer que a massa historicamente não tem liberdade para escolher o candidato de valor moral e competente para o cargo, pelo fato de que ela não sabe reconhecer candidatos desta estirpe. A massa, como todo povo, é obrigada legalmente a votar. Que absurdo! Mas a massa vota sempre esperando a orientação de fora, porque é um joguete. Daí padece de cidadania e a verdadeira democracia participativa não é alcançada no Brasil. A massa é e até quando? Sabe Deus! “habilmente manipulada e usada nas mãos ambiciosas de um só ou de muitos agrupados artificialmente por tendências egoísticas” A massa “espera o impulso de fora, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira”, consoante a situação que se apresenta no cenário politiqueiro.
*Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é Professor Titular aposentado da UESC e Consultor Jurídico – [email protected]
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