Por Aldircemiro Duarte (Mirinho)
Se não assumirmos a parte da culpa que nos cabe pelo sistema podre e “escravomocrata” imperante no país, perderemos a oportunidade de fazermos a grande faxina moral, incinerando todo o lixo acumulado, há anos, sob os tapetes dos suntuosos palácios das nossas Instituições e Poderes. Não sejamos hipócritas apontando o nosso dedo para outrem, somente para eximirmo-nos de culpa, porque votou em branco, nulificou o seu voto, ou o seu candidato não foi eleito, como uma forma de justificar que não contribuiu para com a corrupção desenfreada que está nos levando ladeira abaixo, “na banguela”, rumo ao fundo do poço, posto que, em qualquer das hipóteses aventadas de votar ou não votar, de votar certo, ou votar errado, o voto, ainda é um instrumento de medição da nossa capacidade e do nível de consciência de um povo em relação ao seu país. Nós somos a cara dos políticos que nos representa.
Errar não é pecado, mas, se não corrigirmos os nossos erros não teremos espaços para a esperança de mudar. As eleições de 2018 estão batendo às nossas portas e os seus resultados dirão se teremos “um Brasil de cara nova”, ou, se apenas, optamos por fazer alguns retoques na maquiagem, para enganarmos a nós mesmos, porque, político corrupto é como um assassino irrecuperável, só que contra este já se defende até pena de morte, enquanto, para aquele, o voto é o seu julgamento e o mandato é a sua pena, como a aposentadoria compulsória é o castigo que se aplica ao juiz iníquo, improbo, corrupto.
Mas, a nós, o povo, nos resta até as eleições, o direito de espernear, então, por que não espernearmos nas ruas, organizadamente, de logo, contra a Reforma da Previdência?
Quem de nós, brasileiros, sabe qual o déficit real e verdadeiro da Previdência Social? Quem de nós brasileiros sabe o “quantum” do rombo da Previdência tem como causa a corrupção e o “quantum” tem como origem a má gestão? E, em qual das hipóteses indicadas se insere o trabalhador brasileiro como causa desse rombo? Reformar a Previdência Social sem esses esclarecimentos é empurrar “goela abaixo” o pagamento de uma conta de um produto que não compramos.
A situação se agrava quando, parlamentares, escondidos por detrás de codinomes ou apelidos se unem e em conluio, se igualam e se completam sem qualquer divergência partidária e, aí, “Missa” se alia a “Candomblé”, faz pacto com Misericórdia, numa franca demonstração de tolerância; enquanto “Velhinho” de braços dados com “Moleza”, de carona na “Ferrari”, acompanham “Corredor” e “Jovem”, até à casa do “Primo”, onde se encontram com “Bitelo”, para degustarem “Caranguejo”, levado à “Campari”, enchendo de água “Boca Mole”, cardápio estranho, porém válido porque o interesse é maior, mostrando-se solidários; Como se não bastasse “Diplomata” se reúne com “Babel”, para decidir sobre a passividade de “Polo” a bem da “Justiça”; o “Índio” se dirige ao “Cerrado”, onde pretende arrumar uma nova aldeia, porque já não se contenta só com o apito; “Gripado” necessitando de vitamina “C”, convida “Caju”, para com ele assistir o jogo da amizade entre “Botafogo” e o “Gremista”, com os comentários técnicos e táticos de “Goleiro”; “Comuna”, com o seu espírito sócio-capitalista selvagem, vai descansar em “Las Vegas”, por fim, “Feia”, casada nos mesmos interesses com “Todo Feio”, amenizam o impacto visual do ambiente, compensando com um abraço conjunto no seu lindo “Angorá”.
São políticos diversos de diversos partidos que se unem numa conduta mimética, para defender seus interesses particulares. As noticias dão conta que são mais de duzentos os políticos envolvidos com o recebimento de propinas para defender os interesses das empresas “propineiras”. Esses parlamentares não podem e nem devem discutir, nem votar nenhum projeto de lei, porque, se venderam medidas provisórias, se defenderam e garantiram aprovação de leis previamente acordadas com o empresariado, a Reforma da Previdência, principalmente, na urgência que se pretende aprova-la, presumidamente, há interesses escusos e entocados, que não são dos trabalhadores.
A Reforma da Previdência deve ser estancada até a população brasileira tomar conhecimento dos nomes dos mais de duzentos parlamentares envolvidos nesse escândalo, porque, o voto deles representa uma ameaça aos direitos do trabalhador. Aliás, a nosso ver, nem mesmo os parlamentares que se dizem representantes de centrais sindicais devem negociar em nome do trabalhador, porque, enquanto parlamentares, eles têm os seus interesses, relembrando que, enquanto os trabalhadores se posicionavam contra a terceirização dos serviços, um representante de uma Central, ao arrepio da decisão da base, defendeu a terceirização.
Não se trata de uma simples desconfiança. Resta revelada quase uma constatação no discurso do Relator do Projeto de Reforma da Previdência, Deputado Alceu Moreira(PMDB), que apresentou o seu Relatório em apenas 24 horas depois de recebido a Minuta do Projeto e ainda teve o descaramento de ameaçar o aposentado brasileiro, numa assertiva: “Vamos acabar com a “vagabudinização remunerada”. Entende-se que nessa conduta de baixo nível reside implicitamente a antecipação de mais uma ardil contra o trabalhador.
Na cegueira da nossa ignorância jurídica, arriscamos opinar que a manifestação do Deputado Alceu Moreira aliado ao mercado de compra e venda de Medidas Provisórias, negociatas para assegurar aprovação de leis em favorecimento do segmento empresarial, mediante troca de recebimento de propinas, são motivos suficientes para, juridicamente, conseguirmos estancar a tramitação do Projeto de Lei da Reforma da Previdência, porque, há fortes indícios de comprometimento entre alguns parlamentares e o “propinoduto” e, nesse caso, “na dúvida, em favor do povo”.
Além das ruas, busquemos orientação junto à OAB.
Se o nosso Brasil “PAÍS” está inundado de lama pela podridão política generalizada, no entanto, o nosso Brasil NAÇÃO, aquele que nos faz brotar lágrimas dos olhos quando ouvimos o Hino Nacional, aquele que une 200 milhões de brasileiros para numa só voz gritar: “GOOOOOOLLLLLLLL”, aquele que significa pureza de espírito e nobreza da alma, está movido, comovido e destemido, para salvar o nosso Brasil PAÍS, porque, como está não dá prá ser feliz.
Precisamos de coragem. Não faz sentido conjugarmos o verbo “TEMER”, e tementes e temerosos nos render à Reforma Temer, tenebrosa e tétrica, que ARROCHA O JOVEM E MATA O VÉIO e seremos vitoriosos, se dentro de cada um de nós, efervescer o Brasil Nação.
Deixe seu comentário