Por Reinaldo Soares
Próxima de comemorar seus 500 anos, Ilhéus vivencia uma trágica realidade educacional que comprometerá o seu futuro. Muito se fala na importância da Educação, mas não se ver projetos e ações consistentes para melhorar seus indicadores.
Os indicadores são termômetros das Políticas Públicas. Eles nos indicam onde, quando, como e porque devemos investir. Essas quatro perguntas são fundamentais para o sucesso de todo gestor, seja ele privado ou público. Tendo como fontes o IBGE, INEP/MEC, QEdu, Fundação Lemann e a própria SEDUC, demonstraremos que os indicadores educacionais de Ilhéus são trágicos.
Com uma população estimada para 2016 de 178.216 habitantes, a rede pública municipal de Ilhéus, possui apenas 18 mil alunos matriculados. Em 2010 eram 28.219 alunos matriculados, ou seja, em seis anos, a rede encolheu em 10 mil alunos.
Essa drástica redução ocasiona perdas de receita para o município e exclusão de crianças, adolescentes e jovens do processo formativo. Se há inoperância no aspecto quantitativo, imaginem no qualitativo.
A partir dos resultados do IDEB e SAEB publicados em 2015, que avaliou os conhecimentos obtidos em Matemática e Português dos alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental, revelou uma situação de calamidade pública.
Dos alunos concluintes do 5º ano, 79% não aprenderam adequadamente leitura e produção de texto, ou seja, de cada 10 alunos concluintes dos anos iniciais do fundamental, 08 não conseguem ler e produzir um texto adequadamente. Quando se avalia os alunos do 9º ano, esse percentual se eleva para 86%. De cada 10 alunos que conclui o ensino fundamental e vão para o Ensino Médio, apenas 1,4 conseguem ler e produzir um texto adequadamente.
No que se refere aos conhecimentos em Matemática, apenas 14% dos alunos aprenderam o adequado na competência de resolução de problemas até o 5º ano na Rede Pública de Ensino. Nos anos finais do Ensino Fundamental, o resultado é mais alarmante, 96% dos alunos concluintes dos anos finais do Ensino Fundamental não aprenderam o adequado na competência de resolução de problemas. Significa afirmar, que a Rede Municipal de Ensino está aprovando o aluno para o Ensino Médio, sem este apresentar o mínimo de conhecimento em Matemática referente ao período estudado.
Diante dos dados apresentados, precisa-se urgente de uma força-tarefa para colocar a Educação Pública Municipal nos trilhos. O grande desafio será ampliar o número de matrículas e ao mesmo tempo garantir a aprendizagem dos alunos.
Esse grande desafio está ancorado em elementos importantes, como a implantação da Gestão Plena, para que os recursos da educação sejam exclusivamente utilizados na educação, cumprimento das metas contidas no Plano Municipal de Educação, valorização dos profissionais, construção, reforma e ampliação dos espaços escolares, estabelecimento de metas de desempenho de aprendizagem por unidade escolar, dentre outros.
É preciso compreender que os resultados obtidos pela Escola Pública não são de responsabilidade apenas da comunidade escolar. Toda a sociedade deve ser responsável por esses resultados, por isso, o setor produtivo, Igrejas, Rotari, Lyons, Sindicatos e Associações devem se envolver nessa força-tarefa. Se nada fizermos agora, o futuro de Ilhéus será cada vez mais incerto, pois todas as cidades e países que projetaram o seu futuro investiram na educação de seu povo.
*Reinaldo Soares é Mestre em Cultura e Turismo pela UESC/UFBA, Ex- Presidente do Conselho Municipal de Educação de Ilhéus- Diretor do IBEC , Palestrante, Professor da Pós-Graduação da FACSA/IBEC e do Colégio Estadual Padre Luis Palmeira. E-mail: [email protected]
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