Menos de uma semana depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter agido para esvaziar a possibilidade de uma ruptura no PT, o clima voltou a ficar tenso no partido e os comentários sobre a saída de parlamentares voltaram a circular. O movimento de oposição interna Muda PT e a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) voltaram a se enfrentar em torno da realização ou não do Processo de Eleições Diretas (PED) para escolha da nova direção e agora, também, sobre a escolha do líder da bancada petista na Câmara. Em texto publicado no site da Mensagem, corrente que integra o Muda PT, o deputado Pepe Vargas (PT-RS), que ocupou três ministérios no governo Dilma Rousseff, comparou o PED a “currais eleitorais”. A eleição direta é rejeitada pelo Muda PT e defendida pela CNB. Para evitar uma ruptura, Lula articulou junto ao Diretório Nacional do partido, na semana passada, uma solução intermediária na qual apenas os dirigentes municipais seriam eleitos diretamente. Com isso a cúpula petista imaginou ter contido a rebelião, mas Vargas comparou a manobra à passagem clássica do livro O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. “A corrente majoritária aceitou uma mudança para que tudo fique igual”, disse. Em outra frente, Muda PT e CNB disputam a liderança da bancada. O Muda PT, que hoje ocupa o cargo com o deputado Afonso Florence (BA), quer indicar Paulo Pimenta (RS). A CNB, que apresenta o nome de Carlos Zarattini (SP), acusa os “companheiros” de quebrar um acordo de revezamento na liderança. “O grupo do Afonso está dando sinal de ruptura desse acordo”, criticou o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP). Florence, por sua vez, sustenta que o acordo inicial foi apenas para os dois primeiros anos da legislatura. “Pelo que estou entendendo, a CNB está querendo reeditar o acordo.” As divergências trouxeram de volta especulações sobre debandada de deputados, principal temor de Lula e do PT. (Estadão)
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