Patrimônio de ‘garçom de Lula’ reforça suspeitas de lavagem de dinheiro


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O patrimônio pessoal de Carlos Roberto Cortegoso, o ‘garçom de Lula’, e seus negócios imobiliários com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, reforçam as suspeitas da força-tarefa da Lava Jato e da Custo Brasil de que o empresário está envolvido em lavagem de dinheiro.

Documento da Receita Federal com base em dados de 2010 a 2014 mostra que a movimentação financeira de Cortegoso foi superior aos rendimentos declarados. “Embora tenha declarado renda de R$ 10 mil por mês, (Cortegoso) movimentou R$ 1.450.199,00 em um ano”, afirmou a Procuradoria.

O ex-vereador do PT Alexandre Romano, que fechou acordo de delação premiada, afirmou que Cortegoso “aparentava ser uma pessoa simples”. “Carlão conversava abertamente que tinha sido garçom, mas que tinha aberto essa empresa para atender o PT e que ele fazia todos os eventos do partido”, afirmou.

Documento da Receita informou também que, entre 2010 e 2012, Cortegoso negociou sete imóveis com Bumlai. Os terrenos foram vendidos sem lucro. Para adquirir os bens, o empresário usou a CRLS Consultoria e Eventos. Um dos imóveis foi vendido por R$ 4 milhões. Bumlai nega irregularidades no negócio.

Motorista como sócio laranja

Após dez anos trabalhando como motorista pessoal de Carlos Roberto Cortegoso, Jonathan Gomes Bastos admite ter atuado como laranja do empresário. Bastos tentou negociar na Justiça um acordo com seu ex-chefe para receber uma indenização mensal de R$ 6 mil por 12 anos e ficar em silêncio.

O acordo foi proposto no fim de 2015, ao mesmo tempo em que ele acionou a Justiça contra seu antigo patrão pedindo indenização de R$ 4 milhões por não ter recebido dinheiro movimentado em uma das empresas de Cortegoso na qual aparecia como sócio até 2011 – a CRLS. O valor é referente ao lucro que a empresa teria obtido ao adquirir e depois revender em 2010 sete terrenos do pecuarista José Carlos Bumlai, em São Bernardo do Campo (SP).

Antes de entrar com o processo, os advogados de Cortegoso e de Bastos negociaram um acordo. Nele, contudo, o valor que seria acertado ficaria em menos de um quarto do que foi pedido pelo ex-motorista inicialmente: R$ 846 mil divididos em 144 parcelas mensais.

Pelo acordo, Cortegoso teria ainda que pagar todas as dívidas que Bastos tivesse herdado por causa da empresa. Uma das cláusulas do documento encaminhado ao juiz da 4.ª Vara Cível de São Bernardo do Campo previa que cada um dos envolvidos devia manter sigilo das informações “quer pessoais ou profissionais”.

Cortegoso nunca chegou a assinar o documento, mas teria realizado os pagamentos para Bastos extrajudicialmente até maio deste ano, segundo informou a própria defesa do ex-motorista à Justiça. No documento do acordo, porém, há apenas as assinaturas de Bastos e de sua advogada.

Outra cláusula do documento prevê que um dos imóveis de Cortegoso ficasse como garantia dos pagamentos e que o ex-motorista iria desistir de ações referentes as outras empresas que estavam em seu nome.

Diante do juiz, a defesa do empresário não comentou o acordo. Ela contesta as alegações de Bastos e diz que a CRLS se tornou alvo de ações trabalhistas somente após a saída do ex-motorista do quadro societário. Alegam também que não há nenhum processo trabalhista nem execução fiscal no nome de Bastos devido a CRLS e pedem a anulação da ação. O processo corre em segredo de justiça. ( Estadão Conteúdo )