A partir do próximo dia 31, todos os medicamentos vendidos no país ficarão 12,5% mais caros, conforme informação da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). O reajuste supera o índice de inflação (de 10,67%) pela primeira vez em 10 anos. A explicação para isso, segundo o vice-presidente do Sincofarba (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia), Luiz Trindade, é que “há 10 anos estávamos sem correção de preços (conforme prevê a CMED – Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e nos últimos seis anos sempre tivemos reajustes abaixo da inflação”.
Trindade explica que no reajuste recém-anunciado, entram o IPCA e outros fatores previstos pela CMED. Ele diz que o consumidor deverá começar a sentir o aumento no bolso a partir de uma semana ou pouco mais em relação ao dia 31. “Ocorre que este é um reajuste linear, e não há para onde correr. Porém, atualmente as farmácias não praticam o preço máximo. Então, podemos ainda pensar nos descontos (que em alguns casos podem chegar a 70%), caso os laboratórios os mantenham”.
Ele revela que o Brasil tem cerca de 28 mil produtos farmacêuticos oficializados e adverte que os genéricos e similares também sofrerão aumento, mas aposta na “grande concorrência” que há no mercado. Trindade destaca ainda que “80% dos insumos da indústria farmarcêutica são importados e, portanto, ficam ao sabor da cotação do dólar”, o que seria mais uma razão para o reajuste.
Finalmente, o vice-presidente do Sincofarba frisa que “o Brasil tem hoje destaque internacional em termos do controle da qualidade dos medicamentos. A Anvisa é um órgão sério e que realmente funciona.”
CONSUMIDORES
Os consumidores, porém, não conseguem ver com naturalidade o aumento. Alegam, como a dona de casa Eveline Matos Oliveira, de 68 anos e há mais de 30 consumindo remédios de uso contínuo contra a hipertensão, que “mesmo os medicamentos genéricos ainda batem forte no nosso bolso. São mais baratos, mas acontece que estamos ganhando cada vez menos, inclusive em termos de aposentadoria. Para não falar na alta generalizada dos alimentos.”
Já Pedro Oliveira Dantas, 57 anos, que também consome remédios de uso contínuo, é mais otimista: “Não posso me queixar do preço dos genéricos. Fui receitado para usar continuamente o Diovan de 320 miligramas, do laboratório Novartis, que custa mais de R$ 120 a caixa. No entanto, com o cartão do Novartis, ainda consigo pagar em torno de R$ 80. Mas o genérico dele não sai por mais de R$ 30.”
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