Por Thiago Dias
O comunicólogo Emílio Gusmão concluiu o programa de mestrado profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável da Escas – Ipê.
Na última quinta-feira (3), na sede do Ipê em Nazaré Paulista (SP), Gusmão apresentou o trabalho intitulado “Porto Sul e imprensa – desenvolvimento ou mito do progresso no eixo Ilhéus-Itabuna”.
Tendo a cobertura sobre o Porto Sul como pano de fundo, Emílio elaborou um estudo de caso sobre a atuação de seis destacados profissionais de imprensa do eixo Ilhéus-Itabuna. Os comunicadores não foram identificados, porém, seus depoimentos contribuíram de modo essencial para as reflexões do autor a respeito da influência do mito do progresso na cobertura jornalística. O trabalho também analisou como a imprensa trata a economia regional e o meio ambiente.
O comportamento da imprensa em relação a outros projetos de desenvolvimento econômico que foram anunciados para o sul da Bahia também foi alvo da atenção do pesquisador. Gusmão descreveu a trajetória do mito do progresso no sul da Bahia, cujo recorte histórico envolveu o Porto do Malhado nos anos 1960 e 1970, a ZPE (Zona de Processamento de Exportação) e o PRODETUR (Projeto de Desenvolvimento do Turismo) nos anos 1990.
Os professores da banca examinadora aprovaram o trabalho com entusiasmo. Jorge Chiapetti (professor doutor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC), Suzana Pádua (professora doutora do Instituto de Pesquisas Ecológicas) e Claudio Padua, criador, reitor e professor doutor do IPÊ, falaram sobre a importância da pesquisa.
Suzana Padua destacou a análise do comportamento dos meios de comunicação. “Nós descobrimos como a mídia pode contribuir com questões sérias, profundas, de países, de cada estado e de cada região. Se a mídia não assume sua responsabilidade, podemos ser levados para caminhos perigosos, para um futuro insustentável. A sustentabilidade deveria pautar todas as decisões. E a mídia tem um papel fundamental porque é formadora de opinião. O trabalho mostra como a imprensa, em casos específicos como o Porto Sul, interfere na opinião pública defendendo um projeto que pode causar muito mais danos sociais e ambientais do que aquele em que as pessoas passam a acreditar, que é a ilusão de um progresso que na verdade não existe”.
De acordo com Jorge Chiapetti, o estudo “é de fundamental importância, porque esclarece certos comportamentos e atitudes que a mídia constrói diante da sociedade. É um trabalho que deve ser lido, discutido e estudado”.
Claudio Padua apresentou uma visão geral da dissertação. Para o professor, o estudo “vai muito além do mundo acadêmico, como era de se desejar”. Lança um “olhar super interessante sobre o mito do desenvolvimento e faz uma análise crítica (no sentido construtivo da palavra) de como esse mito atrapalha o trabalho da imprensa. Ao mesmo tempo, pelo lado positivo, ele retira ensinamentos para os jovens jornalistas que quererem trabalhar com o tema”. O professor se refere às sessenta e nove dicas que Emílio Gusmão elaborou para ajudar estudantes de comunicação e profissionais de imprensa a não cederem diante das armadilhas do mito do progresso.
Segundo Gusmão, o trabalho será transformado em livro. O objetivo é propiciar que estudantes de jornalismo, comunicação social e profissionais interessados possam ter acesso e discutir o tema.
“Não desejo que esse texto fique engavetado. O mestrado profissional exigiu de mim um trabalho que pudesse interferir no cotidiano da minha profissão. A melhor forma de mantê-lo vivo, e atual, é permitir que as pessoas leiam e acrescentem novas discussões a partir do debate”, ressaltou Emilio Gusmão.
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