Prefeitura de Jequié impede a entrada do MPF para apurar descarte de medicamentos


Por Tiago Henrique 

Toneladas de remédios estavam sendo jogados no lixo pela prefeitura de Jequié.
Toneladas de remédios estavam sendo jogados no lixo pela prefeitura de Jequié.

O Ministério Público Federal de Jequié, sudeste da Bahia, distante 365 km de Salvador, foi impedido por prepostos da prefeitura, de fiscalizar e apurar in loco, as denúncias feitas por vereadores do município, que ao visitarem o departamento de materiais e suprimentos da Prefeitura de Jequié, flagraram, na manha de sexta feira(22/01), milhares de medicamentos vencidos e prontos para serem jogados no lixo.

Na lista dos medicamentos vencidos consta o captropil, destinado aos pacientes portadores de hipertensão, além de medicamentos de combate à diabetes e materiais farmacêuticos que seriam utilizados em postos da rede básica municipal de saúde.

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Outro fato que também chamou a atenção dos vereadores foi às condições de armazenagem dos medicamentos. Foram encontradas centenas de caixas de medicação danificadas pela chuva, telhados com vazamentos, paredes úmidas e piso alagado, contrariando o Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, da ANVISA que regulamenta as condições de armazenagem, e adota medidas que visam assegurar a manutenção da qualidade e segurança dos produtos, recomendando inclusive que o ambiente deve ser mantido limpo, protegido da ação direta da luz solar, umidade e calor, de modo a preservar a identidade e integridade química, física e microbiológica, garantindo a qualidade e segurança dos medicamentos.

O sistema municipal de saúde de Jequié é bastante criticado pela população, sendo apontadas, diariamente, na mídia local, falhas que vão desde a falta de medicamentos e materiais para pequenos curativos, até a ausência de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde, postos fechados e indisponibilidade para realização de cirurgias eletivas. Vários programas de saúde estão comprometidos e não há regulação para atender as demandas de consultas e exames nos eixos de básica, média a alta complexidade em saúde.

Segundo auditoria feita pelos vereadores nas contas da saúde, em 2015, o município não fez sequer uma compra pública de medicamentos para a rede básica do município, mesmo recebendo do Governo Federal, mais de 3 milhões de reais através da Assistência Farmacêutica, recurso direto repassado do Ministério da Saúde para o Município.

A denúncia foi protocolada pelos vereadores no Ministério Público Federal de Jequié e segundo o Procurador Flávio Mathias, todas as providências serão adotadas para instauração da Ação Civil que responsabilizará os envolvidos e poderão sofrer as sanções, conforme o art. 12, III, da Lei nº 8.429/92, culminando no ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública e suspensão dos direitos políticos.

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