Cunha rebate Dilma e recorre ao STF para destravar rito de impeachment


CunhaO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rebateu ontem (19), declarações da presidente Dilma Rousseff e anunciou recurso ao Supremo Tribunal Federal contra as liminares que o paralisaram o rito, definido por ele e pela oposição, de um processo de impeachment contra a petista na Câmara.

Anteontem (18), em Estocolmo (Suécia), ao ser questionada sobre a repercussão internacional da denúncia e das suspeitas contra Cunha, Dilma afirmou: “Lamento que seja um brasileiro”. Ontem, o presidente da Câmara, contra-atacou.

“Eu lamento que seja com um governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo”, em referência às irregularidades na Petrobras, investigadas pela Operação Lava Jato. Acuado após a revelação de que controla quatro contas secretas na Suíça, Cunha rejeitou qualquer acordo político com o governo, afirmou que passará a “cuidar” dos processos de impeachment de Dilma apresentados a partir de hoje, reafirmou seu poder para iniciar o procedimento, além de anunciar o recurso ao STF para garantir o roteiro criado por ele para a tramitação do processo contra a presidente na Câmara.

Na Suécia, Dilma afirmou que lamentava o caso envolvendo Cunha e a suposta existência de contas bancárias atribuídas a ele e não declaradas na Suíça. A presidente também negou constrangimento com o caso: “Seria estranho se causasse. Ele não integra o meu governo.”

Em entrevista na Câmara, Cunha se recusou a comentar os casos de corrupção na Petrobras. Ele é um dos 62 denunciados pelo procurador-geral Rodrigo Janot, acusado pelo lobista Júlio Camargo e o delator Fernando Soares de ter recebido R$ 5 milhões desviados de contratos da estatal.A Procuradoria-Geral da República afirma que o peemedebista recebeu propina de negócios da Petrobras e atribuiu a ele, a partir de documentos do Ministério Público da Suíça, patrimônio oculto no exterior de R$ 61 milhões.