Por Gustavo Kruschewsky/ [email protected]
Quando se terá mobilidade urbana com transporte público no sistema BRT ou VLT implantado em Ilhéus? Dolorosa interrogação! A cidade já está grandinha e até hoje – 481 anos de idade – quase nada fora pensado em relação ao sistema de transporte de massa, considerando também que, com a compra facilitada de carros e motos o trânsito da cidade de Ilhéus vem sofrendo um grande impacto. A frota crescente de carros e motos nas ruas de Ilhéus vem se agigantando – até quando entupir todas as ruas da cidade paralisando o ir e vir das pessoas? – é público e notório que eles estão fracassando “como símbolo de mobilidade”. Verifica-se esse fenômeno também em muitas cidades brasileiras.
Ilhéus é uma cidade que tem uma população numerosa e que apresenta a cada dia um fenômeno constante de aumento da população flutuante. Portanto, não cabe mais o “sistema” atual – convencional – de transporte coletivo existente em Ilhéus. Um sistema – que já vem de muitos anos – que não oferece boas condições aos passageiros! Notadamente pelo preço da passagem – que além de ter um custo caro – é unificado, não importa a distância do destino do passageiro, todos pagam o mesmo valor. Não se vê boas condições de conforto na maioria da frota de veículos e se distribui poucas linhas para uma multidão de usuários, muitos destes se deslocam vários quilômetros entre bairros, centro da cidade, vilas e distritos, amargando engarrafamentos e estradas esburacadas, que mexem com o sistema nervoso tanto dos passageiros, quanto dos motoristas e cobradores, tirando a alegria de todos que participam do trajeto. Com isso, muitos passageiros chegam aos seus destinos já estressados e atrasados.
Basicamente, o BRT – Bus Rapid Transit (ônibus de trânsito rápido) e o VLT (Veículo leve sobre trilhos) são sistemas de transportes que se movem em vias exclusivas com capacidade satisfatória de velocidade. Comparando um sistema com o outro, poder-se-ia dizer que o sistema BRT, também conhecido como ônibus gigante, é um investimento mais barato, e que num prazo de dois anos esse tipo de transporte de massa ficará em condições de ser operado, dependendo efetivamente de empresas do ramo e do governo local, principalmente, em acelerar a infraestrutura necessária para esse tipo de transporte transitar nas ruas programadas da cidade sem engarrafamentos, porque apenas esse tipo de veículo transitará de forma exclusiva em toda via destinada para esse tipo de transporte público. Esses ônibus gigantes serão monitorados e existirá uma parceria com órgãos da segurança pública no sentido de oferecer proteção aos passageiros e um sistema de semáforo próprio para esse tipo de transporte de massa. Observe-se que haverá estações próprias para o embarque e desembarque de passageiros, com todo um sistema de tecnologia e conforto protegendo-o do sol e da chuva, onde os viajantes farão também o pagamento da passagem por inexistir a figura do cobrador interno no sistema dos antigos ônibus. Inexistirão também os históricos PONTOS DE ÔNIBUS que serão substituídos por ESTAÇÕES DE TRANBORDO. Vale dizer que, segundo especialistas, o sistema BRT de transportes de massas tem também preocupação com o meio ambiente por ter uma queima de combustível mais eficiente, poluindo bem menos a cidade, podendo os ônibus gigantes serem movidos com óleo diesel ou num sistema elétrico. Ilhéus tem efetivamente um condão natural a fim de implantar esse tipo de transporte de massa, pelos seus aproximadamente 1.600 quilômetros quadrados de área territorial, onde pessoas residem e trabalham no Centro da cidade – que está se ampliando – Bairros, Vilas e Distritos que ficam uns distantes dos outros. É preciso apenas dar conforto às pessoas, oferecendo um transporte de massa de primeiro mundo.
Já o sistema VLT, em linhas gerais, utiliza bondes aperfeiçoados que se deslocam sobre trilhos semelhantes ao modal denominado metrô de superfície. Têm características diferentes do sistema BRT, todavia, assemelha-se a este sistema nos quesitos velocidade e capacidade de transporte de passageiros. Mas, o custo e o tempo de infraestrutura para operação do sistema modal denominado VLT é bem maior do que o sistema BRT. Vale dizer que algumas cidades do Brasil operam há alguns anos os dois sistemas modais de transportes de massa, o sistema BRT e VLT.
Espera-se que empresários do ramo de construção de sistema modal de BRT ou VLT, em conjunto com os próximos chefes de governo em Ilhéus estudem a possibilidade de implantação do sistema mais viável para a cidade, e que se liguem na construção de novas pontes que viabilizem um ou outro sistema modal, do contrário o transporte público de massa em Ilhéus não passará do contexto crítico que se encontra nos dias atuais.
Finalmente, não se pretende que a cidade inteira seja movimentada por algum desses dois tipos de sistema de transporte em massa, sobretudo porque em muitos lugares o aspecto geográfico de Ilhéus tem uma realidade quase que impossível para a realização desses tipos de modais. Mas, deve ser feito um estudo onde será viável o sistema de BRT ou VLT e até mesmo implantar, quem sabe, até a vizinha cidade de Itabuna.
Parece mais um sonho, um devaneio desse articulista, mas não é, trata-se de uma lucubração profunda que ele acredita possível, pois concorda com Confúcio quando dissera: “em todas as coisas, o sucesso depende de preparação prévia”. Se não se tomar providências, a cidade de Ilhéus viverá um caos constante com seguidos engarrafamentos nas vias públicas pelo aumento crescente da frota de carros, motos e continuação desse “sistema” superado de transporte de massa. É preciso um pensar e ações inteligentes para instituir novos modais de transportes públicos que facilitem a mobilidade urbana em Ilhéus. Gostaria tanto de assistir às vias públicas de Ilhéus decoradas com pelo menos um desses sistemas modais – BRT ou VLT – e com ciclo faixas facilitando a mobilidade urbana das pessoas. A vida dos Ilheenses e das pessoas que visitam essa terra poderia ser bem mais feliz.
*Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é Professor e Advogado.
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