Por Gustavo Kruschewsky/ [email protected]
Ilhéus tem um relevo, em boa parte da sua extensão territorial, com alta declividade, todavia o centro da cidade, bairros da zona sul a exemplos do Pontal, Nelson Costa e Hernani Sá, e as principais avenidas são basicamente planos. Muitas ruas e algumas avenidas deveriam ter recebido um tratamento diferenciado na questão da mobilidade urbana. Não é crível numa rua tão estreita – como é a Av. Princesa Isabel – existir mão dupla. Por esse motivo talvez – por ser estreita – ela não possua nem acostamento e nem ciclo faixa. Os imóveis residenciais e comerciais ficam praticamente encostados ao lado da rua onde passam veículos leves e pesados, por isso é um trecho urbano suscetível a acidentes de veículos que podem até atingir pessoas e/ou alguns imóveis localizados naquela avenida. É preciso, na próxima gestão municipal, que sejam contratados urbanistas criativos que deem a essa histórica Avenida outra roupagem, para que fiquem tranquilos os motoristas, ciclistas e as pessoas que trabalham e residem por ali! Não basta apenas asfaltar toda a sua extensão… Outras ruas de Ilhéus apresentam problemas idênticos aos da Avenida Princesa Isabel, a exemplos da Ladeira da Vitória, Rua do Café e Avenida Esperança, as quais deveriam passar por um estudo inteligente de tráfego de veículos para que essas citadas ruas acomodassem também ciclo faixas, além de passeios dignos para uso do pedestre.
É preciso observar que inexiste em Ilhéus pelo menos uma implantação de ciclo faixa, já que ciclo via é impertinente, sobretudo pela historicidade das atuações administrativas no decorrer desses longos anos, ou seja, deixando correr solto as construções – em algumas Avenidas e ruas da cidade – de muitos imóveis “residenciais” e depois seguidamente “comerciais” localizados quase que colados com as ruas – sem quase nenhum espaço para passeio público – onde transitam veículos automotores, bicicletas, às vezes carroças e até mesmo animais de algumas espécies. Hoje a cidade de Ilhéus colhe o que plantou, fruto da falta de disciplinamento no zoneamento urbano, na aplicação e atualização do Plano Diretor Urbano e no Código de Postura, que são leis já obsoletas e pior ainda, historicamente desprezadas porque nasceram mortas em quase todas as suas previsões. Essas leis visivelmente colidem em muitos aspectos com a realidade da cidade. Em outras palavras, são muitos institutos ignorados pelos poderes públicos de várias gestões. Isso tudo é histórico também em muitas outras cidades baianas.
Observe que a Avenida Getúlio Vargas, conhecida como Lomanto Júnior, tem uma largura confortável, que poderia acomodar também uma ciclo faixa de mão dupla. É preciso – nos dias de hoje – um inteligente planejamento a fim de acomodar uma ciclo faixa de mão dupla na citada Avenida, que seja até próximo da cabeceira da ponte com retorno pela mão contrária, implantando uma moderna tecnologia de sinalização de trânsito. Seria uma área excelente para a prática do ciclismo – que poderia se estender até Olivença, onde a administração pública definiria dias e horários para esse fim considerando também o disciplinamento dos Agentes de trânsito, efetivamente sem atrapalhar o trânsito dos veículos automotores. Claro que para tudo isso deveria haver um estudo de viabilidade para implantação dessa ciclo faixa. O mesmo deveria acontecer com a Avenida Soares Lopes. É uma forma de incentivar o ciclismo em Ilhéus! Seria também uma tentativa, quem sabe, de minimizar o tráfego de veículos automotores nessas avenidas.
Alguém dissera que: “a melhor forma de mudar o mundo é observar como nós estamos nesse mundo”. Portanto, parafraseando eu digo: a melhor maneira de mudar Ilhéus é observar como nós estamos vivendo hoje em Ilhéus. A verdade é que se precisa começar a implantar nessa cidade uma política sustentável. Para isso começar a acontecer é necessário que a dinâmica política tenha o foco “na realização e proteção sustentada dos serviços” e não visando o lucro pessoal e de grupos. A finalidade da sustentabilidade de que se pretende neste artigo é: a melhoria da qualidade de vida da população Ilheense que seja para muitas gerações do futuro, com participação dos visitantes que vêm fazer turismo de várias espécies, a exemplos de turismo de lazer, intelectual, negocial e religioso.
*Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é advogado e professor.
Deixe seu comentário