Por Gustavo Kruschewsky – [email protected]
Nesse último domingo, sete de junho do andante, no amistoso da seleção brasileira de futebol, na Arena do Palmeiras, contra a modesta equipe do México – resultado simples de dois a zero para o Brasil – não houve muita eficiência na equipe de Dunga e muito longe de se assistir a uma equipe se comportando com brilhantismo, considerando que sob a sua direção técnica a seleção tem nove vitórias seguidas. De qualquer forma é mérito até aqui! E se for “campeão”, mesmo apresentando um futebol simples, nessa Copa América – conforme se comportou taticamente a Alemanha na última Copa do Mundo – ótimo para todos os brasileiros. No decorrer do jogo, apenas duas jogadas casuais com lampejo – que participaram três jogadores da seleção brasileira – redundaram em dois gols sensacionais. Foram apenas esses dois principais momentos que me fez recordar um pouco do belo futebol brasileiro dos velhos tempos eivados de craques.
A equipe do México sofreu um pênalti, que não foi marcado pelo árbitro, o qual poderia mudar o rumo da partida. Estou um pouco receoso nessa Copa América que terá início no próximo domingo, mas, como o futebol é uma caixinha de surpresas, fico na esperança da seleção brasileira surpreender positivamente nos diversos resultados dos jogos. Hoje, no futebol mundial, o que interessa é o resultado vitorioso, não se precisa mais de jogadores brilhantes. Lamentável! Aliado a essa diminuição de brilhantes jogadores no futebol, foi descoberta uma corrupção deslavada na FIFA e na Federação Brasileira de Futebol. Até gol de mão cometido vem sendo permitido por alguns árbitros a fim de favorecer a dirigentes inescrupulosos e a determinados países. Lembre-se do caso do gol de mão, numa determinada copa, que favoreceu ao selecionado francês. Esse achado espirra ainda mais lama no futebol mundial. Virou cultura em quase todos os segmentos da sociedade humana o exercício da corrupção. Por enquanto o mal está dando de goleada no bem no âmbito do futebol. O jogo tem de mudar e o bem se tornar vencedor dessa peleja.
Espero que a seleção brasileira atual formada pelo técnico Dunga demonstre em todos os jogos da Copa América iniciativa dos seus atletas, com velocidade nas saídas de bola da defesa para o meio de campo, que os atacantes demonstrem criatividade e muito controle emocional e que surjam, além de jogadas ensaiadas, outras jogadas individuais que redundem em gols. Os jogadores que são convocados para atuar numa seleção brasileira – a história está aí para contar – Eles não devem ser simples, devem ser ornatos, demonstrem multiplicidade de qualidades que os tornem eficientes e brilhantes em campo. Verifico que – com exceção de Neymar – os jovens jogadores que foram escolhidos por Dunga, os quais compõem a nova seleção brasileira de futebol, têm talento, porém, limitado. Neymar tem sido um dos poucos que realmente desequilibra, tanto na seleção brasileira quanto no Barcelona junto com o argentino Messi. Quero acreditar que jogador talentoso já nasce assim, será? Com o bom treinamento ele torna-se eficiente e o brilhantismo fica por sua conta.
Lembro-me dos idos de 1958 e 1970, por exemplo, quando a seleção brasileira de futebol tinha vários jogadores eficientes e que individualmente eram também brilhantes. Portanto, demonstravam eficiência e brilhantismo, dueto de qualidades imprescindíveis para que se leve o nome de verdadeiro craque de futebol. Não se trata nesse caso de gênero e espécie. Duas qualidades que juntas diferenciam um atleta do outro em termos de classificação. Pode-se dizer que o jogador brilhante é eficiente, porém, nem todo jogador eficiente vislumbra-se nele o brilhantismo desejado. O eficiente atua dando bons resultados para a equipe na sua função em campo, ou seja, na defesa – incluindo o goleiro – no meio de campo e no sistema de ataque no tempo total que estiver no jogo. Já o jogador brilhante, além da sua eficiência em campo, comumente se distingue com as suas jogadas envolvendo os seus adversários com dribles desconcertantes e jogadas que redundam em gols, ou pelos passes sensacionais aos seus companheiros chamados hoje de assistências. Efetivamente que para ser brilhante não precisa necessariamente ser um jogador goleador. Didi e Gérson eram brilhantes! O primeiro se destacava pela famosa folha seca e o outro pelos lançamentos perfeitos que alcançavam longas distâncias, mas, não eram goleadores como foi o eficiente e brilhante Pelé por exemplo. Garrincha era brilhante pelos seus dribles desconcertantes e eficientes que somavam em benefício da equipe. As pessoas nas arquibancadas, assistindo pelo rádio e televisão, vibravam com as jogadas sensacionais do saudoso MANÉ GARRINCHA.
Por que Messi e Neymar se destacam mais no futebol da atualidade? Porque sabem driblar com eficiência e brilhantismo, carregando a bola notadamente bem junta ao pé e protegida por este com leveza e tendo jogo de cintura envolvendo um ou mais adversários. Exatamente o que os citados veteranos do nosso futebol faziam naqueles tempos saudosos. Eles – Messi e Neymar – trazem para a si, em todas as partidas que atuam, a responsabilidade de envolver adversários – com seus dribles – que redundam em belíssimos gols ou entregando com brilhantismo a bola para o companheiro fazer o gol. Tudo isso faz o diferencial em relação a muitos dos seus colegas de equipe. O drible bem feito e desconcertante é um dos elementos importantes num “match” de futebol de campo ou até mesmo de salão! Facilita a feitura de um belo gol e jogadas sensacionais desconcertantes. Efetivamente que para ser eficiente e brilhante é necessário também ter um excelente preparo físico e emocional, ser educado esportivamente e ter o condão de liderar com respeito os seus colegas e dirigentes da equipe que atua.
Guardando as devidas proporções, lembro-me quando jogava futebol de salão – que hoje é denominado futsal – atuando várias vezes na seleção de Ilhéus nos Jogos Abertos e Jogos do Cacau, fiz excelentes gols e dei muitas assistências aos meus colegas de equipe pelo fato de ter facilidade de envolver os meus adversários com dribles desconcertantes (rss).
Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é Professor e Advogado.
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