Papéis apreendidos pela Polícia Federal em 14 de novembro passado no apartamento do dono da empreiteira UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, confirmam pelo menos uma reunião mantida com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o suposto objetivo de amenizar a denúncia contra os corruptores e manter o governo Dilma Rousseff de fora da acusações. A apreensão dos papéis, seis páginas, foi noticiada no jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (8). Nesse papéis, a reunião com Janot foi qualificada de “boa”.
Datado de 28 de outubro de 2014, o papel diz que a reunião com Janot teve a participação de quatro advogados, incluindo “MTB”, iniciais pelas quais era conhecido o criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu no dia 20 de novembro. Ele era uma espécie de coordenador informal das defesas dos envolvidos na Lava Jato.
Ao lado de outros cúmplices, Ricardo Pessoa foi preso na Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal para cumprir determinação do juiz Sergio Moro, titular da Vara Federal Criminal de Curitiba.
As anotações manuscritas nessas seis páginas revelam estratégias jurídicas adotadas pelas empresas investigadas pela Operação Lava Jato para tentar levar a investigação à nulidade e ao arquivamento.
Um dos principais esforços das empresas, segundo as anotações, é “fragilizar” ou “eliminar” as delações premiadas realizadas até aqui ao menos por cinco investigados, incluindo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os papéis também preveem “campanha na imprensa […] para mudar a opinião pública”.
O advogado Pierpaolo Bottini confirmou à Folha que participou da reunião no gabinete de Janot e disse que foi “formal” e “absolutamente legítima”, .
Janot confirmou ao “Jornal Nacional” de sábado (6) três reuniões com advogados de empreiteiras, mas que foram inconclusivas porque eles não aceitaram a premissa de que seus clientes cometeram crimes.
Outro papel indica que as empreiteiras queriam acordo para não serem declaradas inidôneas para novos contratos com o governo. “E sem delação premiada”, diz o texto.
Os papéis indicam plano paralelo –chamado de “Proj. [Projeto] Tojal”, em referência ao escritório Tojal Renault Advogados Associados– com três metas: “Trazer a investigação para o STF”, “estudar o acordo (a melhor forma)” e “fragilizar as delações”.
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*Com informações do site Diário do Poder.
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