Na disputa por uma vaga no segundo turno, os candidatos à Presidência Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) travaram, segundo cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, um “embate” no primeiro bloco do debate exibido ontem na TV Globo. Ao longo do programa, no entanto, miraram na presidente Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição e aparece em primeiro nas pesquisas de intenção de voto.
O último debate com os presidenciáveis também foi marcado por Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) terem interpelado Levy Fidelix (PRTB) a pedir desculpas pelo discurso homofóbico feito no debate exibido na TV Record.
— Os três candidatos mais competitivos fogem do tema homofobia e aborto, e Eduardo e Luciana trouxeram isso à tona. Em relação a Aécio e Marina, ele atacou para mostrar que a candidata não seria oposição, que teria alma petista. Estão tecnicamente empatados, é natural que haja embate — diz Marly da Silva Motta, historiadora da FGV-Rio.
— Ao ser questionada por Aécio sobre sua permanência no PT na época do mensalão, Marina conseguiu neutralizar o ataque. Ela também marcou um gol de placa ao abordar a questão do Bolsa Família. O Aécio marcou ponto na resposta ao Everaldo (Pastor Everaldo, PSC), sobre os Correios. E Dilma (Roussef, PT) se saiu bem na questão do Pronatec — analisa o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, lembrando que Dilma virou alvo quando foram lembradas as denúncias envolvendo a Petrobras.
— O maior alvo de ataque para Dilma é a Petrobras. Mas não sei se isso tem impacto, se tem muito peso no voto — diz Marly.
No segundo bloco, com temas pré-determinados, os candidatos tiveram que discutir assuntos como Previdência e Custo Brasil.
— A partir daí, questões centrais foram colocadas, apareceram a Segurança Pública e a guerra às drogas, além da Previdência — diz Oscar Vilhena, professor da FGV-SP: — Fora isso, o Pastor Everaldo fez uma linha a favor do PSDB e do PSB. A Luciana Genro, não. Ela bateu tanto no Aécio quanto na Dilma.
De acordo com Ismael, ao longo do debate, Aécio passou a focar em Dilma e deixou Marina de lado:
— Aécio procurou aparecer bastante crítico em relação a Dilma, polarizando com a petista, mas evitando o ataque a Marina, talvez por uma orientação para que não haja risco de decisão da eleição em primeiro turno. Ele teve, inclusive, a oportunidade de fazer a pergunta para a candidata Marina, mas escolheu questionar o Eduardo Jorge — diz ele, lembrando o embate entre Dilma e Marina, sobre a questão da autonomia do Banco Central.
Para Vilhena, no entanto, todos os candidatos pecaram ao deixar os jovens fora da pauta:
— Vimos um total desprezo pelas questões dos que foram às ruas em junho do ano passado.
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