Após frequentar o noticiário por quase dois meses como uma ameaça de tsunami político-empresarial, a Operação Lava Jato, paralisada há 14 dias, atravessa sua fase Alkaseltzer —ainda borbulha, mas passou a flertar com o risco de virar tempestade em copa d’água. De mãos atadas, os investigadores assistem, inconformados, à reação dos investigados. A Petrobras exibe na tevê uma campanha publicitária de restauração de imagem (veja uma das peças acima). Solto pelo STF em 19 de maio, após arrostar 59 dias de cadeia, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa faz pose de inocente em entrevista. E seu parceiro de traficâncias, o doleiro Alberto Youssef, acaba de protocolar no STF um pedido de anulação da Lava Jato. Alega que as provas são ilegais. Como se fosse pouco, o Congresso tem duas CPIs sobre o tema e nenhuma investigação. Uma das comissões, composta só de senadores governistas, virou CPI a favor. A outra, com 32 deputados e senadores, oito dos quais de oposição, ainda não virou nada. Só nesta segunda-feira, a dez dias da Copa, seus membros debaterão um plano de trabalho. Há sobre a mesa 551 requerimentos. Presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) cumpriu o que prometera ao governo. Atrasou a instalação das CPIs de modo a empurrá-las para dentro do calendário da Copa do Mundo, que será seguida pelo recesso parlamentar de julho, que será emendado com a campanha eleitoral. Os operadores políticos de Dilma Rousseff alegavam que as CPIs eram desnecessárias porque a Polícia Federal e a Procuradoria da República já varejavam a Petrobras. O congelamento das investigações, determinado pelo ministro Teori Zavascki, do STF, fez ruir a desculpa. Mas continua intacta a disposição do bloco governista de não investigar.
Informações de Josias de Souza, Blog do Josias
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